Sassaricando – Oscar Nora – 13 de janeiro de 2021

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Foto: Divulgação/Instagram

Como era hábito em outras ocasiões, naquela noite de 19 de novembro de 1969 ele se sentou na poltrona favorita para assistir uma competição esportiva. Dessa vez seria uma partida de futebol especial. Um duelo que poderia consagrar definitivamente o talento exponencial do maior craque do mundo, tempos depois considerado o atleta do século pela Fifa.
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A noite estava chuvosa, mas ainda assim 65.157 pagantes estavam no icônico Maracanã para ver Vasco da Gama x Santos. Os dois se enfrentariam pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, nosso campeonato nacional de 51 anos atrás. A ansiedade era geral uma vez que Pelé poderia marcar seu milésimo gol, façanha até então jamais alcançada por outro jogador de futebol.
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Faltando 11 minutos para a partida acabar, partida equilibrada, um a um no marcador, o árbitro marcou um pênalti contra o Vasco. Diante do silêncio ensurdecedor da pressão no estádio, Pelé, tremendo, cobrou e assinalou seu milésimo gol. Em sua poltrona nosso herói vibrou de emoção e depois foi dormir feliz pela felicidade do amigo Pelé.
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Na manhã seguinte a alegria foi ainda maior quando Pelé apareceu em sua casa e lhe presenteou com as chuteiras que usou na noite anterior. Antônio Carlos de Almeida Braga, então com 43 anos, ficou emocionado com a gratidão de Pelé e manteve a relíquia guardada até ontem, quando morreu.
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O Braguinha – para os íntimos – faleceu aos 94 anos deixando uma história de vida marcada pelo êxito empresarial na área de seguros e pela generosidade com atletas dos mais diferentes esportes. Foi o um importante incentivador do esporte brasileiro
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Ajudou Emerson Fittipaldi, especialmente quando o primeiro brasileiro a se tornar campeão mundial na Formula 1 investiu na criação de uma escuderia exclusivamente brasileira. No mesmo esporte, mais tarde ajudou Ayrton Senna, no tênis de quadra Gustavo Kuerten e no vôlei Bernard, Bernardinho, Renan e Xandó. Nos anos 60 já havia apoiado Pelé.
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Ajudava atletas, clubes e federações. De todos se tornou amigo e todos o veneravam como um mecenas generoso. Fanático por Copa do Mundo e pelos Jogos Olímpicos, Braguinha era apaixonado pelo Fluminense que o considerava um benemérito.
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Quanto ao pênalti, em seu aprazível sítio na cidade de Maricá, o ex-zagueiro vascaíno Fernando Silva, autor do pênalti que originou o gol 1.000 de Pelé, diz que o pênalti não existiu. – O Pelé, com a habilidade que ele tinha, com a inteligência que sempre teve como jogador de futebol, bateu na minha perna, caiu, e o árbitro marcou o pênalti. Mas não foi pênalti, eu afirmo que não foi.
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Recebido no andar de cima pelos deuses do futebol, Braguinha que não gostava de contrariar ninguém deve ter repetido seu mantra” – Puxa, mas foi uma noite inesquecível, heim!?”
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