RESENDE
Os coletivos do transporte urbano e distrital de Resende vão voltar a circular a partir do meio-dia desta terça-feira, dia 1º, segundo comunicado emitido pela comissão de greve dos rodoviários. Após reunião no fim da manhã com a direção da Viação São Miguel, motoristas, mecânicos e outros funcionários anunciaram o fim da greve iniciada no início da noite de segunda-feira, dia 30 de novembro. A categoria reivindicava o pagamento imediato da primeira parcela do décimo terceiro salário, repudiando a decisão da empresa em parcelar o benefício. Com o consenso entre diretoria e trabalhadores, o montante foi creditado aos funcionários, que acataram a retomada das atividades oficialmente a partir das 12 horas.
Segundo João Carlos Cardoso, funcionário e representante da comissão de grevistas, a decisão de retomar as atividades ocorreu pelo pagamento da parcela do décimo terceiro, mas a categoria fez ponderações para que outros benefícios em atraso sejam quitados até dezembro, sob ameaça de nova greve por tempo indeterminado. “Eles depositaram a parcela do décimo terceiro e há a promessa que no dia 20 de dezembro será depositada a outra. Nossa causa não implica apenas no décimo terceiro e sim em vários benefícios em atraso, o décimo terceiro apenas foi o causador maior da revolta dos funcionários. Exigimos da empresa o retorno das atividades desde que recebamos o décimo terceiro, portanto ela ta pagando e voltaremos. A empresa alega que pegou empréstimo para nos pagar. Agora, deixamos todos comunicados que se até o dia 30 de dezembro a Viação São Miguel não depositar o que nos deve de FGTS, dois ano de PLR, um terço de férias, hora-extra e as férias de quem tirou e não recebeu, retomaremos a greve geral”, afirma.
Com a decisão, desde o fim da manhã os coletivos da empresa saíram da garagem na sede localizada no bairro Cidade Alegria visando cumprir o cronograma de horários e itinerário normalmente, a partir do meio-dia. “Pedimos desculpas à população pela greve, mas se não fizéssemos esse movimento nossos direitos seriam ainda mais afetados enquanto trabalhadores. A partir das 12 horas os carros já estarão circulando”, informou João Carlos.
MANHÃ DE TRANSTORNO PARA OS USUÁRIOS
A terça-feira teve uma manhã de muito transtorno para os usuários do transporte coletivo, em virtude da greve dos rodoviários no município. A comerciária Ana Maria Ribeiro, 48, ficou irritada ao saber que nenhum coletivo passaria no terminal do Rodoshopping Graal, no bairro Paraíso. “Preciso chegar ao serviço às 8 horas para limpar a loja e iniciarmos o expediente às 9 horas. Vim para o ponto às 7h30min e vi tudo lotado. Achei que o papo de greve fosse coisa da internet, mas to vendo e vivendo esse momento com muita revolta. Vou dividir uma corrida de aplicativo com minha colega, será o jeito”, comenta a moradora do Castelo Branco que esperava condução para o Manejo.
No terminal da Graal muitos usuários que esperavam linhas distritais também foram surpreendidos pela greve. “Não tem ônibus para Mauá? Como eu faço agora? Ninguém avisou nada, como é isso?”, questionava o produtor rural Sebastião Dias, 56. “Acho um absurdo ficar sem ônibus para um local tão longe como Mauá”, disse.
Em Campos Elíseos os terminais habitualmente lotados toda manhã de dia útil, ficaram vazios. “É estranho essa calma toda nesse horário. To aguardando ônibus para a Vicentina, mas soube da greve e decidi esperar uma carona ficando aqui no ponto. Vi outras pessoas indo embora frustradas, sem saber como ter uma condução para suas atividades”, comentou a auxiliar de escritório Gabriela Nascimento, 24. A alguns quilômetros dali, na Rodoviária Augusto de Carvalho, no Centro, principal terminal das linhas distritais e urbanas, o fluxo de usuários foi reduzido pela greve. “Vim na verdade conferir se essa greve é verdade, porque não acreditei no que ouvi na rua. Preciso ir para a Fazenda da Barra e vou adiar meus compromissos”, conta o aposentado Paulo Carvalho, 61.
Durante a greve, por se tratar de uma concessão municipal e serviço essencial, a Prefeitura de Resende informou ao A VOZ DA CIDADE que enviou vários veículos, entre ônibus, vans e carros de passeio da administração municipal para garantir o retorno para casa da população.
Já na manhã desta terça-feira, colocou veículos à disposição dos funcionários municipais das unidades de saúde para que não deixem de trabalhar atendendo a população. “É importante ressaltar que em nenhum momento a prefeitura foi notificada ou avisada sobre uma possível paralisação. Empresas que prestam serviços essenciais, como transporte público, devem avisar paralisações com pelo menos 72 horas de antecedência, conforme determina a lei. A prefeitura vai tomar as medidas administrativas e judiciais cabíveis contra a empresa São Miguel”, informou o governo municipal.
EMPRESA RESSALTA QUE SALÁRIOS ESTÃO EM DIA
Por sua vez, a direção da Viação São Miguel atendeu o A VOZ DA CIDADE e comunicou que a greve foi uma ação isolada. “Comunicamos que a paralisação foi uma atitude isolada de alguns dos nossos colaboradores, não sendo um ato do Sindicato dos empregados, desrespeitando a princípio as condições básicas para um movimento grevista legal de: 1. Obrigação de dar aviso prévio (comunicação) sobre o início da greve com 72 horas de antecedência; 2. Obrigação de recorrer a procedimentos de conciliação, mediação e arbitragem voluntária, como condição prévia à declaração da greve; 3. Celebração de escrutínio secreto para decidir a greve; 4. Adoção de medidas para a observância das normas de segurança e prevenção de acidentes; 5. Manutenção de uma frota operante mínima a ser determinada pelo poder concedente e confirmada pelo poder judiciário; 6. Garantia da liberdade de trabalho dos não grevistas”, ressalta.
Segundo o diretor Rodrigo Camargos, a empresa está com seus salários mensais em dia e atrasou momentaneamente o adiantamento do décimo terceiro salário em razão de uma negociação que estava sendo realizada na base do sindicato funcional.