Relatório de agência sobre HIV/Aids descarta alcançar metas até 2020

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NOVA IORQUE

O mundo deve falhar em alcançar as metas de combate ao HIV até 2020. O alerta é do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids.

Em relatório, divulgado na segunda-feira, a diretora-executiva da agência falou sobre as desigualdades no acesso ao tratamento com antirretrovirais.

Trilhos

Winnie Byanyima explica que os países têm obtido conquistas de forma variada, e que novas ações devem ser tomadas, todos os dias, para trazer o mundo de volta aos trilhos no combate eficiente à pandemia.

No relatório ‘Aproveitando o Momento’, o Unaids revela que a falha em alcançar as metas, até 2020, deverão levar a mais 820 mil mortes por Aids e a 3,5 milhões de novas infecções com o HIV.

A diretora-executiva do Unaids, Winnie Byanyima. Foto: ONU/Amanda Voisard


Outra agravante é a Covid-19 que interrompe o acesso ao tratamento em muitas partes. Se esse quadro não mudar, os progressos podem sofrer um revés de até 10 anos.

Atualmente, 38 milhões de pessoas vivem com o vírus da Aids. Desse total, 12,6 milhões não têm acesso a tratamento.

Conselheiros conversam com a mãe de um menino de nove anos de idade em um Centro de Terapia Antirretroviral Pediátrica (ART) em um hospital em Mumbai, na Índia – Foto: © Unicef/Hiraj Singh


Mulheres e meninas

Byanyima lembra que o compromisso da comunidade internacional ajudou a salvar a milhões de vidas, especialmente de mulheres africanas. No ano passado, 59% dos novos casos na África Subsaariana eram de meninas e mulheres.

A chefe do Unaids contou que o mundo ainda enfrenta barreiras com estigmas e discriminação, além de desigualdades em várias partes.  Muitos soropositivos não buscam tratamento com medo do preconceito e até de serem detidos em países que criminalizam relações homossexuais.

A agência da ONU informou que 14 países alcançaram as metas de tratamento 90-90-90 (onde 90% das pessoas com o vírus sabem de seu status, 90% dos soropositivos recebem antirretrovirais e 90% registram supressão da capacidade viral. Um dos casos de sucesso é Eswatini, a ex-Suazilândia, que têm uma das mais altas taxas de prevalência do mundo, com 27%, e que já ultrapassou a meta de 95-95-95.

No ano passado, 690 mil pessoas perderam a vida para a Aids. O número de novos infectados pelo HIV é de 1,7 milhão, o equivalente a mais de três vezes da meta global. Enquanto o leste e sul da África registram avanços com redução de 38% na quantidade de novos casos desde 2010, o leste da Europa e centro da Ásia avançam em taxas de contágio com aumento de 72%, no mesmo período.

América Latina

A Agência da ONU pede a todos os governos que evitem mais prejuízos no combate à doença por causa da pandemia. Uma interrupção absoluta no tratamento da doença poderia levar a mais de 500 mortes na África Subsaariana, no próximo ano.

A presidente da Rede Boliviana de Pessoas Vivendo com HIV, Gracia Violeta Ross, contou que muitos profissionais de saúde e recursos do setor estão sendo redirecionados à pandemia da Covid-19. Para ela, os soropositivos não podem viver com essas perdas.

A Agência da ONU está pedindo a todos os países que aumentem os investimentos para combater o HIV e o novo coronavírus. No ano passado, houve uma queda de 7% do investimento contra a Aids, se comparado aos níveis de 2017.

A chefe do Unaids afirmou que os países pobres não podem ser colocados no final da fila do tratamento da pandemia, e que o combate à doença não pode depender do tamanho do bolso ou da cor do paciente.

Para ela, o financiamento de uma pandemia não pode ser desvirtuado para pagar pela outra.

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