O caso denunciado recentemente pelo influenciador Felca trouxe à tona um problema cada vez mais evidente: a adultização infantil. Esse fenômeno ocorre quando crianças são expostas, de forma constante, a estímulos e comportamentos típicos da vida adulta — e isso acontece, hoje, principalmente pelo acesso sem controle a conteúdos online.
Com um celular na mão e conexão à internet, meninos e meninas se veem diante de vídeos com piadas sexualizadas, desafios perigosos, influenciadores que ostentam padrões inalcançáveis de beleza e consumo, e até discursos que incentivam violência ou desprezo pelo outro. Esses estímulos, quando não filtrados, passam a ser imitados como se fossem comportamentos adequados, alterando a forma como a criança se enxerga e interage com o mundo.
O grande risco é que, ao receber esses modelos equivocados antes de estar pronta para compreendê-los criticamente, a criança internaliza ideias e hábitos que prejudicam seu desenvolvimento emocional e social. Em vez de vivenciar experiências adequadas à sua idade, passa a reproduzir atitudes para as quais ainda não tem estrutura psicológica, acumulando ansiedade, insegurança e até traumas.
O papel da família, nesse cenário, é indispensável. Não se trata apenas de “ficar de olho” — é preciso acompanhar de perto, configurar controles parentais, estabelecer limites de uso, participar ativamente do que a criança consome e, acima de tudo, conversar sobre o que vê, sente e aprende. Supervisão digital não é falta de confiança: é cuidado e proteção.
E quando os efeitos desses estímulos errados já estão visíveis, o acompanhamento psicológico se torna essencial. O psicólogo ajuda a identificar o impacto dessa exposição precoce, reconstrói referências saudáveis e oferece estratégias para que a família e a criança retomem um desenvolvimento equilibrado.
A infância não pode ser moldada por algoritmos que não distinguem o que é saudável do que é nocivo. Proteger essa fase é garantir que meninos e meninas cresçam com referências corretas, em um ambiente que fortaleça suas emoções e preserve seu tempo de ser criança.