Outubro é lilás. Um mês para lembrar que a violência contra a mulher ainda é uma realidade presente, cruel e, muitas vezes, silenciosa. Mas o que poucos falam e muitos não percebem é que essa violência não termina na mulher. Ela atravessa a casa inteira. E atinge, em cheio, as crianças e adolescentes que ali vivem.
Quando uma mulher é agredida, os filhos não saem ilesos. Mesmo que não sofram agressões diretas, presenciar a dor, o medo, a humilhação marca profundamente. Crianças crescem em alerta constante, com o corpo tenso e o coração acelerado. Adolescentes carregam sentimentos confusos, sem saber em quem confiar, como amar ou o que esperar do futuro.
Essa exposição, especialmente na infância, afeta o desenvolvimento emocional, social e até cognitivo. A escola sente. Os vínculos se rompem. Os sonhos se apagam. Em vez de aprenderem que o lar é um lugar seguro, aprendem que o amor machuca e que silêncio é sobrevivência.
Meninas crescem achando que precisam suportar. Meninos aprendem, muitas vezes, que impor é mais forte do que cuidar. E assim, o ciclo da violência se perpetua.
Outubro Lilás nos chama à responsabilidade coletiva. Não basta proteger a mulher. É preciso olhar para os filhos, ouvir suas dores, acolher suas angústias e romper, de vez, com violência como parte do cotidiano.
Proteger mulheres é salvar infâncias. É interromper o ciclo antes que ele vire destino. É garantir que nossas crianças e adolescentes cresçam sabendo que respeito, afeto e segurança são direitos e não exceções.
Que neste Outubro Lilás, a gente não feche os olhos. Porque quando uma mulher é protegida, uma geração inteira respira aliviada.
Vamos juntos!
Marcele Campos
Psicóloga Especialista em Neuropsicologia (Avaliação e Reabilitação) e Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, Atrasos de Desenvolvimento Intelectual e Linguagem. Trabalha há mais de 28 anos com crianças e adolescentes. Proprietária da Clínica Neurodesenvolver.