Projeto ‘Filhos são eternos’ auxilia mães que perderam seus filhos para as drogas

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BARRA MANSA

“Preciso convier diariamente com os julgamentos da sociedade, a minha autoculpa, meus questionamentos. Tudo isso é sufocante e tem uma hora que precisamos desabafar. O grupo nasceu para isso, um espaço onde as mães e pais, trocam experiências, encontram palavras de conforto, um espaço sem julgamentos, onde encontramos palavras boas é um encontro muito valoroso”. Com essas palavras Marinilda da Silva, explica como é o projeto ‘Filhos são eternos’.

De acordo com o colaborador do projeto, Cesar Thomé, a iniciativa nasceu através de um grupo de mães no WhatsApp e agora torna forma física. “Como coordeno a Coordenadoria Municipal de Políticas Sobre Drogas (Compod), e desenvolvo projetos sociais na igreja, muitas mães me procuram para ajudar seus filhos que estão com dependência química, outras, como é o caso dessas, ou já perderam seus filhos, ou estão com eles no sistema prisional. Para atender esta demanda, estamos nos reunindo quinzenalmente para dar conforto a essas mães; elas precisam de carinho, orientações e de desabafar”, destaca o colaborador. Para participar das reuniões basta entrar em contato com ele através do telefone (24) 99843-0176. As reuniões acontecem sempre às 16 horas, aos sábados, no Parque da Cidade.

A intenção, de acordo com Thomé, é que as reuniões recebam convidados como psicólogos para contribuir com a saúde emocional destes familiares. “É um espaço democrático, sem ligações políticas ou religiosas. Todos podem participar, lembrando que tomamos todos os cuidados de higienização e distanciamento social por conta da pandemia de coronavírus”, ressalta.

Outra mãe, Sandra Sales, destaca a fragilização dos pais. “Vejo-me a cada dia em pedaços. Nas reuniões, estamos todos na mesma situação e um dá suporte ao outro para fortalecer. No dia a dia, as pessoas não tem paciência para nos ouvir, enfrentamos julgamentos. Nas reuniões sentimos segurança, acolhimento para nos expor e contar nossas histórias”, cita, o filho dela faleceu há 17 anos.

Ângela Cariso, perdeu o filho a cinco meses, de acordo com ela, o jovem achava que era forte em relação às drogas. “Estou aprendendo a lutar com a dor e a falta, a me expressar sem ser julgada. A cada amanhecer busco uma forma de sobreviver e a me manter. A gente se culpa, se questiona onde errou, mas lutei muito pelo meu filho, faria tudo de novo e de formas diferentes. Encontrei no grupo um espaço onde posso falar sem culpa, as histórias são diferentes mas sempre se interligam, mas de uma coisa temos certeza, pra quem está de fora é muito fácil julgar”, destaca Ângela.

Priscila Celeste também é uma das mães que participam dos encontros. “As mães sempre são taxadas, julgadas, nas reuniões sabemos que não teremos julgamentos e sim o ombro amigo, além da ética e do sigilo. Tem mais que não sabem mais o que fazer, a nossa dor e a nossa experiência podem ajudar umas as outras”, conclui.

 

 

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