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Profissionais de saúde falam sobre impacto da Covid-19 em suas vidas

Por Franciele Aleixo
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VOLTA REDONDA

Um pouco mais de um ano atuando na linha de frente contra a Covid-19, os profissionais da área da saúde já se mostram esgotados. Essa exaustão, segundo eles, não é somente pelo grande número de casos de mortes dos pacientes, parentes e até colegas de profissão, mas também das alterações significativas que a pandemia vem provocando no bem-estar pessoal e vida profissional da área médica. Ao A VOZ DA CIDADE, alguns desses profissionais falaram como vem sendo essa experiência e como as consequências do atual processo de trabalho envolve aspectos físicos, emocionais e psíquicos.

Segundo o médico e especialista em Clínica Médica, Rogério Luís de Almeida, de 49 anos, durante esse tempo, a pandemia está sendo o período mais difícil. Ele relatou que começou a trabalhar na UTI especializada para atender pacientes acometidos com a forma grave da doença e que sua maior preocupação foi em transmitir o vírus para sua família. De acordo com ele, mesmo adotando todas as medidas de precação, o medo estava presente.

Rogério Luís disse ainda que, durante esse período, teve a triste experiência de assistir pacientes chegarem lúcidos, porém com sinais e sintomas de gravidade que, apesar de todo arsenal terapêutico utilizado, evoluíram para necessidade de intubação orotraqueal e depois vieram a óbito. “Uma situação de ‘guerra’ contra um inimigo invisível e desconhecido. Um fator que gera medo e estresse numa equipe que cuida desses pacientes, mas graças a resposta terapêutica de boa parte dos pacientes, encontramos força para continuarmos”, contou.

EQUIPE TODA INFECTADA

Em setembro de 2020, segundo Rogério, durante a reanimação de uma parada cardiorrespiratória, ele e toda a equipe presente no momento foram infectados. Ele chegou a ficar na UTI com 80% dos pulmões acometidos. Após se curar, optou ir para a assistência no CTI, destinado a pacientes não invectados pelo coronavírus. Já em janeiro deste ano, Rogério voltou a trabalhar com os paciêncites de Covid, ao ser convidado a trabalhar no Hospital do Retiro. “Tarefa difícil e um grande desafio”, disse, lembrando que com as altas taxas de ocupação hospitalar, tanto nas enfermarias, quanto nas UTIs, e o processo de vacinação que ainda levará um tempo, o fim desta pandemia está longe.


CONTATO COM O PACIENTE

Um dos pontos ressaltados pelo médico é o contato que se tem com o paciênte que acaba indo a óbito. “Ficamos sem chão. Uma sensação de impotência muito grande. Passamos dias pensando no paciente. Até hoje me lembro de vários”, disse, ressasltando que já conversou várias vezes com psicóloga da UTI para buscar forças para continuar. “Já vi profissionais da UTI indo chorar num canto e os colegas o ajudando a se reerguer. Muitos não aguentaram e pediram demissão”, lamentou.

Atualmente, Rogério Luís de Almeida, segue trabalhando no Hospital de Emergência de Resende, como médico do CTI, no Cais Conforto de Vlta Redonda como médico da rotina, onde passa visita nos pacientes internados, no HMMR como coordenador do Setor responsável pelas transferências de pacientes, internações, agendamentos de exames (NIR) e como assessor da direção da unidade hospitalar na tomada de decisões estratégicas para o funcionamento do hospital.

Na ENFERMAGEM

Os profissionais da enfermagem garantem que suas vidas também têm sofrido grande impacto com a pandemia. Formado em técnico de enfermagem e graduado em enfermeiro há 13 anos, Maximiliano Pomarico de Souza, de 40 anos, presta serviço a Prefeitura de Volta Redonda no HMMR, onde no momento responde pela coordenação de enfermagem do CTI Covid.  Ele conta que todos os dias ao sair para trabalhar, sua família fica emocionalmente abalada, pois está na linha de frente desde o início da pandemia. Sendo pai de três filhos, o enfermeiro afirma que sente medo de se contaminar todos os dias, mas que, graças a deus, ainda não teve o vírus.

O profissional disse ainda que considera a situação da pandemia muito mais complicada atualmente do que quando começou. “Além da faixa etária, que já vínhamos nós deparando, vimos agora mais pacientes jovens sendo contaminados da forma grave e com evolução muito rápida para óbito”, disse, finalizando não ver um fim tão próximo para isso.

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