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Professora avalia menor índice de nota máxima do Enem registrado em dez anos

De acordo com Juliana Lima, um dos fatores que refletiram nesse resultado foi a postura mais rígida do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) com a correção das redações

Por Roze Martins
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SUL FLUMINENSE

Uma porta de entrada para os alunos do Ensino Médio nas universidades públicas do Brasil, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)  divulgou na segunda-feira, dia 13, o resultado das provas, feitas em novembro do ano passado, e revelou um dado que pegou de surpresa alunos e profissionais de educação de todo o país: apenas 12 alunos, dos quase 3,2 milhões de participantes chegaram à nota máxima, fazendo com que esse tenha sido o exame com menor número de estudantes com nota mil nos últimos dez anos.

Há mais de uma década preparando alunos para o Enem, somente no ano passado foram 40, a professora de redação, Juliana Lima, em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, avaliou esse resultado e explicou que, neste último Enem, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) foi mais rígido com a correção, uma vez que quis combater o que ele próprio classificou de “repertório de bolso”, chamados de modelos prontos de redação. Tal medida, segundo Juliana, somada a falta de autonomia dos corretores, que foram orientados a encaminhar toda nota 1.000 para os supervisores, fizeram as mesmas caírem. “Antes um corretor corrigia a redação, dava mil, e outro corretor também corrigia e dava mil. Era mil. Esse ano e ano passado não. Eles orientaram os corretores a enviar as redações para os supervisores, e aí uma junta ia analisar se esse texto era mil mesmo. Além disso, existem professores que estão fazendo o processo pela primeira e eles ficam com medo de discrepar as notas e elas ficarem muito diferentes umas das outras. E uma maneira de você não discrepar, não ser chamada a atenção pelo seu supervisor, é você dar uma nota um pouco mais baixa. Então você vai perceber que não tem 980, tem 960, 920, 940, 900, mas 980 não tem, porque um corretor deveria dar mil e outro corretor 960, somando as duas dividido por dois, dá 980. Então são diversos fatores”, pontua a professora, sem se esquecer do fato de que muitos adolescentes não priorizaram a leitura, mas sim as telas e a redes sociais e que, ainda a pandemia, também impactam nesse resultado.

Tranquilizando os alunos

Assim que o resultado do Enem foi divulgado, e Juliana começou a receber as notas dos alunos que preparou para a redação fez questão de gravar um vídeo, em suas redes sociais, para tranquiliza-los e ressaltar que apenas 12 pessoas, em todo o país, alcançaram a nota máxima. O tema desse ano foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.


“No ano passado eu senti a necessidade de falar com vocês em relação aos que tiraram 800 mais, 860, 840, 820, que eram notas muito boas, né? Neste ano, eu estou sentindo que as pessoas estão achando ruim de terem tirado 900 mais, mas isso é motivo para comemorar. Gente, foram só 12 notas mil no Enem 2024 do Brasil inteiro. Atribuímos isso a uma série de fatores e,  como professor de redação, a gente ensina vocês a levantarem hipóteses para fundamentar os seus argumentos. A gente pode pensar que o Enem foi mais rigoroso este ano por conta do repertório de bolso e aqueles que não entenderam como que fazia a redação, acabaram sendo prejudicados, porque você tem que entender a estrutura, não é só você gravar o repertório”, alertou.

Além disso, Juliana também destacou o fato de grande parcela da sociedade ainda ser muito racista, o que dificultou e se se tornou um desafio, para muitos, precisar escrever justamente sobre a herança africana. “Quem tirou 900 mais, tirou muito, tirou uma nota excelente. É para comemorar muito, 880, 860, 840, 900 mais, 920, 940, 960, 980, porque foram muito além da média nacional, que ficou em 660”, ressaltou a professora.

Os estados que tiveram redações com nota 1.000 são: Minas Gerais (com a única redação feita por aluno de escola pública), Rio de Janeiro, Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo – cada um deles com apenas uma nota 1.000, exceto Minas Gerais e Rio de Janeiro, que tiveram dois candidatos gabaritando a redação.

Aluno que tirou 960 comemora

Gustavo Barcellos Galvão, de 18 anos, foi aluno da professora Juliana e tirou 960 na redação. Ele, que pretende cursar psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que o tema da redação quebrou suas expectativas, no entanto, considera fácil de escrever porque fala de um assunto muito recorrente na sociedade e que ele mesmo considera relevante. Isso, segundo ele, fez com que o processo de pensar em como estruturar seu texto acabou não sendo tão desafiador quanto pensava. “Fiquei bem tranquilo depois que comecei a escrever, porque pra mim a parte mais difícil é começar, mas eu acho que pra quem se prepara, o esquema todo da sua redação já vem na cabeça depois de uns minutos pensando sobre. Eu gostei muito do meu desempenho, considerando que me preparei durante o ano todo”, enfatizou.

 

 

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