Barra Mansa
A posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, traz consigo uma série de medidas que o republicano vai adotar em seu segundo mandato. A política comercial que será adotada por ele segue em destaque no radar de preocupações da economia mundial.
E no Brasil, como isso afeta? De maneira geral, as medidas econômicas previstas para o mandato do republicano têm caráter inflacionário e devem causar uma série de efeitos por aqui, principalmente em termos de preços e juros.
De acordo com a economista Sonia Vilela, entre aquelas de maior impacto estão o aumento de tarifas para produtos importados, a redução de impostos domésticos, o apoio à indústria norte-americana e a oposição a incentivos para a transição energética. “Os impactos da política do presidente americano não são muito favoráveis para o Brasil neste momento. O cenário lá é de políticas de incentivo às exportações, de forma que farão uma desvalorização do dólar para isso. Para isso, o que deve aumentar a inflação por lá. Assim, provavelmente haverá aumento das taxas de juros, naquela que vai pressionar mais a taxa de câmbio nos países como o Brasil. O que provocará mais aumento da taxa Selic na tentativa de impedir a saída de dólares. O câmbio pressionado comprime a inflação medida, principalmente, pelo IPCA e muito mais pelo IGP-M. Provocando ainda mais aumento dos preços dos alimentos importados e os preços administrados como gás, gasolina, energia, medicamentos e aluguéis”, avalia. “No comércio exterior deverá ter mais pressão para a compra de produtos americanos, assim como a imposição de taxas sobre alguns produtos brasileiros de exportação, como o aço. Claro que isso dependerá muito da diplomacia brasileira, que é uma das melhores do mundo, hoje. Mas, precisamos aguardar, pois os EUA é o segundo maior parceiro comercial do Brasil, já que o primeiro é a China. Vamos aguardar, uma coisa é discurso, outra coisa é a prática, estamos num momento de incertezas”, cita.
REAL ENFRAQUECIDO
Para o Brasil, um real mais fraco significa inflação mais alta. Com juros elevados no exterior, o Banco Central (BC) pode precisar subir a taxa básica de juros brasileira (ou mantê-la alta) para evitar a saída de investidores do país.
No dia a dia, o significado disso é que a inflação brasileira pode sofrer nova pressão, tanto pela menor entrada de dólares no país quanto pelo possível repasse de preços pelos produtores devido ao aumento dos custos com um câmbio desfavorável. “O país não deve escapar de receber restrições na exportação de produtos metalúrgicos e siderúrgicos. Ou seja, vários desses itens que usamos no nosso dia a dia terão alteração nos preços”, cita.