LISBOA
Portugal já recebeu 37 mil pessoas que fugiram da guerra na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, quando a Rússia atacou o país vizinho.
Desde então mais de quatro mil crianças ucranianas passaram a estudar nas escolas portuguesas e dois mil adultos firmaram um contrato de trabalho em Portugal.
“As pessoas chegaram sem nada”
A informação é da ministra adjunta de Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, que contou que o país está disposto a receber mais ucranianos até o fim do ano.
Ela falou à ONU News durante sua participação no Fórum de Revisão do Pacto Global para Migração, nas Nações Unidas, em Nova Iorque.
“Dos 37 mil, temos 2 mil contratos de trabalho já celebrados com estas pessoas deslocadas da Ucrânia. Estamos a encontrar respostas para a habitação que é um desafio que todos temos como país. Mas para quem cá chega e para quem cá vive, estamos a tentar encontrar estas respostas. Temos conseguido dar as respostas nas prestações sociais. As pessoas fugiram sem nada e chegaram sem nada, muitas delas, e por isso já estamos a falar de cerca de 4 mil pessoas com prestações sociais, o que também é uma resposta significativa naquilo que é o acolhimento.”
Atualmente, Portugal tem mais de 680 mil migrantes vivendo num país com mais de 10,5 milhões de habitantes. Uma das ações recentes do governo foi a vacinação em massa contra a Covid-19, que segundo a ministra alcançou 600 mil migrantes.
Brasil, Cabo Verde e Reino Unido
Dados oficiais indicam que entre 2019 e 2020, mais de quatro em cada 10 migrantes que chegavam a Portugal eram do Brasil, seguidos por Cabo Verde e Reino Unido com cerca de 6%, cada. No grupo das 10 nacionalidades com o maior número de pessoas que escolhem Portugal para viver estão: Romênia, Ucrânia, China, Itália, França, Angola e Guiné-Bissau com uma média de 3% a 5% de entradas no país europeu.
Para Ana Catarina Mendes, melhorar os serviços de apoio aos migrantes e diminuir a burocracia para que eles possam se adaptar, rapidamente, é uma tarefa de Portugal que acaba beneficiando o próprio país.
Segurança social
“Se queremos um Estado social forte, este Estado social tem que estar ao serviço de todas as pessoas, e também das comunidades migrantes e ver hoje o retorno. Se nós olharmos cinco anos antes, 5% dos migrantes eram contribuintes líquidos para a segurança social, hoje temos 9%. São pessoas que num ano particularmente exigente como foi o ano de 2021, da pandemia, contribuíram significativamente para a sustentabilidade da segurança social também, por isso mesmo porque estão integrados.”
Na União Europeia, Portugal é o país que mais recebe migrantes em relação ao tamanho de sua população, mas é também um dos maiores emissores de migrantes para outros países.
De 2010 a 2013, o número de portugueses que decidiram tentar a vida em outra nação cresceu 50%. Os portugueses hoje preferem o Reino Unido para viver. Em 2014, 31 mil fizeram esse caminho. Depois do Reino Unido vêm Suíça, França e Alemanha. E fora da Europa, os portugueses buscam Angola, Moçambique e Brasil.
França tem maior comunidade de portugueses do mundo
Mas a maior colônia portuguesa no mundo continua sendo a França com mais de 592 mil pessoas em 2011.
De volta à migração em Portugal, a ministra Ana Catarina Mendes lembra que a língua é uma barreira para quem chega. E principalmente para crianças que vão diretamente à escola. Mas as diásporas que já vivem em Portugal se tornaram multiplicadoras dos esforços de integração.
Ela citou o caso de alunos que fugiram da guerra na Ucrânia e recebem o apoio de compatriotas que já viviam em Portugal antes do conflito.
29 mil postos de trabalho
“Já havia uma comunidade significativa de pessoas da Ucrânia em Portugal que fazem, neste momento, a ponte com a educação.
Há miúdos, por exemplo, numa escola em Portimão, no Algarve, no sul do país, que são hoje tutores dos meninos que chegam para a escola, para os ensinar e para lhes ajudar com a ponte linguística que eles precisam.”
Ana Catarina Mendes informou que o Centro de Emprego e Formação colocou à disposição 29 mil vagas a serem preenchidas.
* Silas Avila Junior – Editor internacional