População fecha Rio-Santos para protestar contra ameaças do tráfico no Bracuí, em Angra dos Reis

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Hoje, por vota das 5h30min, moradores do Bracuí fecharam a principal pista do bairro em protesto às ameaças de traficantes na comunidade escolar, na madrugada de ontem, conforme divulgado pelo jornal A VOZ DA CIDADE. O local segue em sistema siga e pare. Uma fonte do A VOZ DA CIDADE disse que a Secretaria de Educação ordenou que as aulas fossem retomadas hoje normalmente, porém, os professores se negaram passar pelo constrangimento e medo de voltar ao local junto com estudantes, já que, segundo eles, nada foi feito. A assessoria da prefeitura negou o pedido e comunicou que o local está sendo periciado hoje.

Um professor, que prefere não se identificar, explicou que a manifestação foi organizada pelos próprios moradores e que, até a publicação desta nota, não tinha a participação de funcionários da instituição. “Nós vamos participar hoje de um evento na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como havíamos informado anteriormente. No local, também iremos fazer um protesto”, disse, informando que eles se negaram a trabalhar hoje, já que a escola continuou depedrada. “Não vamos nos expor e muito menos o aluno, já que nada foi feito”, completou.

O A VOZ DA CIDADE fez contato com a prefeitura, que negou que a Secretaria de Educação pedisse que as aulas fossem retomadas hoje e que, inclusive, neste momento, o local está sendo periciado. Ainda segundo informações, haverá uma reunião ainda hoje com autoridades policiais, diretoria da escola e da superintendência de segurança pública para tratar do assunto.

O CASO

Professores da Escola Municipal Áurea Pires da Gama, localizada no bairro Bracuí, procuraram a equipe de reportagem do A VOZ DA CIDADE na manhã de ontem para denunciar que estão sendo vítimas de ameaças na instituição e que a escola, na mesma madrugada, foi alvo de vandalismo. “A partir das invasões, nossa integridade física e emocional está ameaçada e chegou ao nível do insustentável, com o sequestro de uma colega ano passado e hoje (ontem) com essas ameaças escritas”, relatou um professor, que já tinha procurado o jornal outras vezes para denunciar a falta de segurança na instituição e também de abandono por meio do Poder Público. A prefeitura informou por, em nota, que já notificou os órgãos de segurança e que os responsáveis já estão cientes da ocorrência.

Funcionários descobriram a ação por volta das 7 horas, e as aulas nesta quarta-feira foram suspensas. “Paredes pichadas, ameaças de morte aos funcionários espalhadas pelas paredes, sala dos professores revirada”, contou um professor, explicando: “As invasões têm acontecido há três anos. Já as ameaças são inéditas!”, completou, contando que o caso foi registrado na 166ª Delegacia de Polícia.

Ainda segundo o professor, em meio à violência, o tipo de conversa que os alunos têm foi alterado. “Disputamos atenção com o baile do tráfico. A partir das invasões, nossa integridade física e emocional está ameaçada”, disse.

O A VOZ DA CIDADE fez contato com a prefeitura, que informou que logo que teve conhecimento do vandalismo, fez contato, por meio da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia, e da direção da unidade escolar, com os órgãos de segurança competentes (Superintendência de Segurança Pública, Polícias Militar e Civil), que já estão cientes da ocorrência. “Lamentamos o vandalismo com o prédio público e, mais ainda, a tentativa de intimidação aos profissionais”, destacou a secretária de Educação, Stella Salomão.

Procurada também pelo A VOZ DA CIDADE, a equipe do 33° Batalhão da Polícia Militar informou que tem feito um reforço constante no policiamento, mas que devido ao fato na escola citada, observará com mais atenção este ponto.

REUNIÃO

Hoje, os professores da instituição estarão presentes na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) durante um evento que tem como objetivo discutir a reparação da escravidão do Quilombo de Santa Rita do Bracuí e debater a formação da comissão da verdade da escravidão negra de Angra dos Reis. “Estaremos aproveitando a ocasião para realizar um protesto pela insegurança vivida dentro e fora da sala de aula na Escola Municipal Áurea Pires da Gama”, disse o professor, explicando que o evento da OAB discutirá a questão do território quilombola, no qual a escola também está inserida.

MEDO ANTIGO

Professores do colégio já haviam procurado o A VOZ DA CIDADE outras vezes para relatar o medo da classe que trabalha na instituição. Em fevereiro deste ano, eles chegaram a ser intimidados por traficantes armados na porta da escola. Na ocasião, houve uma reunião com a Secretaria de Educação para falar sobre a falta segurança e, também, sobre reivindicações sobre problemas na rede elétrica, limpeza da instituição, melhores condições de trabalho, entre outros. “Eles aceitaram nos ouvir, mas já chegaram com uma decisão tomada independente do que seria dito no evento”, expôs outra professora, que também preferiu não se identificar. “Foi decretado o fechamento da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na unidade, com transferência dos alunos para o Frade, pois o poder público admite que não pode garantir a integridade física dos servidores e dos alunos”, disse.

Novamente, ontem, os professores se queixaram à reportagem sobre as mesmas questões levantadas em conteúdos anteriores. A prefeitura, em nota, disse que “as reclamações não procedem e que escola passou recentemente por pequenas reformas, foi revitalizada e está sendo atendida com todas as suas demandas tais como limpeza, materiais, entre outros. A parte elétrica está toda correta e está na dependência da Enel trocar o transformador para aumentar a sua capacidade de carga”, argumentou a Prefeitura de Angra dos Reis.

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