PORTO REAL
O delegado titular da 100ª Delegacia de Polícia (DP), Marcelo Nunes Ribeiro, disse nesta segunda-feira, dia 26, que vai remeter nos próximos dias ao Ministério Público da Comarca de Porto Real, o inquérito policial sobre a morte da criança, de seis anos, ocorrida no sábado, dia 24. A criança, foi espancada durante três dias no bairro Jardim das Acácias, em Porto Real, estava internada, em estado grave, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Infantil de um hospital particular de Resende, mas não resistiu. As suspeitas da violenta agressão descoberta na segunda-feira, 19, são Brena Luane Barbosa Nunes, 25 anos e sua companheira, Gilmara Oliveira de Farias, 28 anos, mãe da menina. Elas já confessaram o crime para a Polícia Civil e tiveram a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva durante audiência de custódia na semana passada. A dupla foi encaminhada na sexta-feira, dia 23, para o Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu, na zona Oeste do Rio de Janeiro.
Segundo o delegado Marcelo Nunes Ribeiro, as mulheres vão ser indiciadas pelo crime de tortura qualificada. “Elas vão responder tortura qualificada que resultou na morte da vítima. A pena, para cada uma das suspeitas, varia de oito a 16 anos. A penalidade pode também ser ampliada de um sexto e até um terço se a violência for cometida contra criança, adolescentes, gestantes, idosos ou pessoas com deficiência”, disse Ribeiro, informando que o crime está comprovado com o laudo cadavérico. “Entendo que o crime está comprovado devido as graves lesões sofrida pela menina e, agora com o laudo cadavérico informando que ela teve traumatismo craniano e ainda sofreu diversas lesões pelo corpo, ocorridas em datas diferentes”, explicou.
PERÍCIA EM RESIDÊNCIA
O delegado ainda contou que o inquérito policial está na fase final, aguardando apenas o resultado do exame de local que foi realizado na semana passada na casa de Brena, no bairro Jardim das Acácias, onde as agressões a criança aconteceram. “Estou aguardando o resultado de perícia local. Este exame para constatar as condições que a criança vivia e o local que ela ficava na residência”, afirmou Marcelo. Após o resultado do exame de local, Marcelo comentou que em seguida vai remeter o inquérito policial ao Ministério Público.
“SENTIMENTO DE ÓDIO E REVOLTA”, DIZ PAI DA CRIANÇA
“Meu sentimento é de muito ódio e de revolta. Ela poderia ter deixado a minha filha comigo, assim como chegou a ficar. Não acreditei quando fui informado que a minha filha estava internada correndo risco de morte após ter sido covardemente agredida”, relator ao A VOZ DA CIDADE, o vendedor Roger Fabrizíus da Rocha, 32 anos, pai da criança.
Roger, explicou que foi casado por seis anos com a mulher e que há nove meses estavam separados. Ele mora em Japeri, no Rio de Janeiro, onde a suspeita do crime também morava com a criança. Logo que se separaram, a menina chegou a morar com a avó paterna, mas a mãe, que possui deficiência física em um lado do corpo (tendo inclusive uma perna menor do que a outra), saiu da cidade e pediu para levar a filha dizendo que iria em Porto Real resolver questões de sua aposentadoria. “Mas ela sumiu por um tempo. Cancelou as redes sociais e não tinha celular”, disse o pai.
Questionado se não desconfiou do desaparecimento, ele explicou que a ex-mulher era uma boa mãe, que sempre foi atenciosa e que nunca lhe passou pela cabeça que isso pudesse acontecer. “Não acreditei quando me ligaram. Vim correndo para Resende e vi a minha filha. Continuei a acompanhando até receber uma ligação hoje sendo comunicado sobre o seu óbito”, comentou Rocha, desejando que a Lei seja Justiça. “O meu desejo é que pegue os oito anos que tem que pegar e cumpra até o final porque ela merece isso”, disparou.
RELEMBRE O CASO
Na tarde de segunda-feira, 19, o delegado titular da 100ª DP, Marcelo Nunes Ribeiro, autuou em flagrante Brena e Gilmara, que teriam confessado ter agredido a criança com um pedaço de fio de antena de TV a cabo, socos, pontapés, pisadas, pedaço de pau, além de ser arremessada contra a parede e lançada de um barranco de sete metros de altura. As mulheres estariam agredindo a criança desde sexta-feira, dia 16.
Em decisão do juiz que converteu a prisão de temporária para preventiva das duas mulheres, ele citou que a lesão no cérebro da criança era inoperável e que ela, se sobrevivesse, viveria em estado vegetativo.