Polícia Civil prende o traficante Rogério 157

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RIO DE JANEIRO

O traficante mais procurado no Rio de Janeiro, Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, estava desarmado quando foi preso na manhã de ontem, na zona norte do Rio de Janeiro, e ofereceu “resolver a vida” dos policiais civis que efetuaram sua prisão. As informações foram contadas pelo delegado Gabriel Ferrando, da 12ª DP, que comandou a equipe que prendeu o criminoso. “Ele não chegou a oferecer [suborno], mas notem a ousadia; foi tanta que ele chegou a insinuar que a nossa vida estaria resolvida”, disse o delegado, que participou da operação integrada entre as forças estaduais e federais de segurança pública e defesa. Outras seis pessoas foram presas nas comunidades, e dois menores foram apreendidos.

Segundo Ferrando, uma conjugação de informações reunidas pela Inteligência da Polícia Civil permitiu identificar pontos em que havia “grandes chances” de encontrar Rogério 157 nas favelas do Mandela, Mangueira, Tuiuti e Arará, onde ele foi efetivamente localizado.

Os policiais encontraram o criminoso em uma casa na comunidade, e ele tentou se passar por outra pessoa. A Polícia Civil, no entanto, havia destacado policiais que trabalharam na Rocinha e conheciam a fisionomia de Rogério 157 que, segundo as investigações, havia coberto tatuagens e cicatrizes para dificultar o reconhecimento.

“Rogério 157 não ofereceu resistência. Ele tentou se passar por outra pessoa, mas havia policiais capacitados que prontamente o reconheceram”, disse o delegado. “Policiais que já o haviam investigado e com um conhecimento mais detalhado dos seus traços fisionômicos foram fundamentais para essa prisão”.

O delegado destacou o trabalho de inteligência e a integração com as forças federais permitiu prender o criminoso no interior de uma comunidade, sem que houvesse troca de tiros. “Se não é um cenário como o que foi montado no dia de hoje (ontem), dificilmente ele seria encontrado tão vulnerável”.

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Roberto Sá, disse que vai pedir a transferência do criminoso para um presídio federal, com o objetivo de dificultar a comunicação dele com a quadrilha que comanda. O secretário disse considerar a prisão emblemática e parabenizou o trabalho das forças de segurança.

“Foi uma prisão emblemática muito embora eu não goste de enaltecer nem glamourizar criminoso”, disse.

O secretário de segurança pública destacou ainda o esforço de manter mais de 500 policiais militares na Rocinha diariamente, para impedir a atuação das quadrilhas de Rogério 157 e Nem, que disputam o controle do crime organizado. Durante a manhã de hoje, tiros foram ouvidos na comunidade e, segundo o secretário, os disparos foram feitos por criminosos rivais que comemoravam a prisão de Rogério 157.

MONITORANDO A ROCINHA

Segundo Sá, as forças de segurança continuarão monitorando a Rocinha, “em razão dos desdobramentos que a prisão do traficante pode ocasionar”. “Temos diversos mandados de prisão que continuarão sendo cumpridos dia a dia”.

O porta-voz do Comando Militar do Leste, coronel Roberto Itamar, disse acreditar que as operações integradas têm obtido resultados além de prisões e apreensões. “Um exemplo é a pressão que vem sendo feita pelas forças de segurança nas organizações criminosas, de maneira que tenham que se movimentar e, com isso, se mostrar melhor para os órgãos de inteligência”, disse o coronel, que acrescentou: “Não há mais ponto na área metropolitana do Rio em que as forças de segurança e o Estado não possam chegar. As forças armadas vêm propiciando essa possibilidade aos órgãos de segurança pública”.

CORREGEDORIA INTERNA DA PC APURA SELFIES

A corregedoria interna da Polícia Civil abriu um processo para apurar a divulgação de selfies e fotos de policiais civis com o traficante Rogério 157. As fotos tiradas pelos policiais com o traficante detido circularam nas redes sociais e, na visão do secretário de segurança pública, Roberto Sá, são fruto de “euforia”.

O chefe da Polícia Civil, Carlos Leba, informou que os policiais envolvidos prestarão esclarecimentos em oitivas.O secretário defendeu que é preciso “compreender a euforia”, mas enfatizou que qualquer tipo de ato que “glamourize” criminosos deve ser reprovado.

“O evento já é objeto de apuração pela corregedoria interna, inclusive motivando a oitiva das pessoas envolvidas, porque entendemos que o que sai do protocolo tem que ser objeto de esclarecimento e aperfeiçoamento”, disse Leba.

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