Agentes da 89ª Delegacia de Polícia (DP), sob a coordenação do delegado titular Michel Floroschk, efetuaram a apreensão de um adolescente, de 15 anos, na tarde de quinta-feira, dia 15, suspeito de ser um dos autores do estupro, da filmagem e da divulgação das imagens de uma estudante, que havia acabado de completar 18 anos. A Justiça decretou a prisão de outros dois estudantes, de 18 e 19 anos, que teriam participado do crime, e, segundo a Polícia Civil, estão foragidos. A defesa do menor nega que ele participou do estupro.
Conforme informações da Polícia Civil, o crime ocorreu no dia 2 deste mês, após um churrasco em uma residência no bairro Boa Vista. A vítima, acompanhada de sua família, formalizou a denúncia na delegacia, relatando ter sido violentada pelos dois rapazes e pelo adolescente. O abuso teria acontecido em um apartamento pertencente a um dos envolvidos. “Nos dias dos fatos, eles estiveram em um churrasco no Boa Vista, onde consumiram álcool e drogas. Após o churrasco, o adolescente levou a vítima para um apartamento, onde ele e os outros dois jovens mantiveram relações sexuais com a vítima, gravaram imagens e as divulgaram nas redes sociais. A vítima relatou estar sob efeito de drogas e sem condições de entender os atos praticados”, detalhou a Polícia Civil, que aguarda os resultados dos exames toxicológicos para confirmar as substâncias utilizadas. “No entanto, já foi relatado o consumo de maconha e bebida alcoólica no churrasco”, acrescentou um policial.
A Justiça emitiu mandados de prisão contra os outros dois estudantes, que estão foragidos. “Eles fugiram da Justiça que decretou a prisão e saíram de Resende. O próximo passo será localizá-los”, afirmou o delegado Michel Floroschk, ressaltando que os suspeitos responderão por estupro de vulnerável e divulgação de fotos íntimas e cenas de estupro. Os estudantes maiores de idade ainda vão responder por corrupção de menores, associação criminosa e tráfico de drogas. “Estamos dando uma resposta àqueles que pensavam que nada aconteceria com os envolvidos por serem pessoas com condição econômica. Isso não é verdade”, enfatizou o delegado.
Nova fase da investigação
O delegado Michel Floroschk informou que a primeira etapa da investigação do caso de estupro está concluída com a apreensão de um dos envolvidos e os mandados de prisão decretados para os outros dois. “Agora, estamos investigando outros adolescentes que teriam divulgado esse vídeo. É uma nova investigação. Pelo menos seis adolescentes já foram identificados”, declarou Floroschk, mencionando que cinco adolescentes que teriam compartilhado as imagens já prestaram depoimento.
Nos depoimentos dos citados que o A VOZ DA CIDADE teve acesso eles informam que houve consentimento da jovem.
Nota da defesa
A defesa do menor, em nota divulgada, disse que o caso segue em segredo de justiça e os fatos não correspondem ao divulgado. A defesa diz que “em todos os depoimentos a jovem de 18 anos disse que consentiu o ato com o menor” e que a participação do mesmo se “atem em gravar o vídeo”. “Se o menor concorreu ou não para o ato, o juízo decidirá”, diz a nota. Continua dizendo que o vídeo não teria sido realizado sem o consentimento da “suposta vítima” e que o “menor vem colaborando para identificar quem são as pessoas responsáveis pela divulgação”. Além disso aponta que não tem laudo positivo para entorpecentes. Completa que “o menor reconheceu sua participação, se arrependeu devotamente e está colaborando”.
Vítima de violência interrompe estudos e deixa a cidade
O impacto da violência sofrida e da exposição brutal nas redes sociais forçou, a estudante, de 18 anos, a interromper seus estudos e buscar refúgio fora de Resende. A família da vítima descreveu o profundo trauma causado pela divulgação do vídeo, que circulou amplamente nas escolas da cidade. “Ela foi exposta de forma brutal. O vídeo mostra a menina nua, muito mole, empurrando dois dos meninos. Não estava desmaiada, mas estava desorientada. Viralizou em todas as escolas da cidade. Ela está emocionalmente destruída. Não conseguimos mais vê-la continuar a vida em Resende”, lamentou a família.
Atualmente, a jovem está recebendo acompanhamento psicológico e médico, necessitando de medicação por 30 dias. “Toda vez que toma (o remédio), lembra do que aconteceu”, compartilhou a família, evidenciando a intensidade do trauma.
Apesar da dor e da difícil situação, a família expressou gratidão pelo trabalho das autoridades. “A Polícia junto ao Ministério Público vem fazendo um excelente e rápido trabalho e as medidas necessárias já estão sendo tomadas. Nossa gratidão pela a Justiça estar sendo feita”, destacou a família em comunicado.
