PNAD destaca situação do emprego e informalidade nos estados

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RIO DE JANEIRO

A taxa média de desocupação em 2019 teve queda em 16 estados do país, acompanhando a média nacional, que caiu de 12,3% em 2018 para 11,9% no ano passado. As maiores taxas ficaram no Amapá (17,4%) e na Bahia (17,2%), enquanto as menores foram registradas em Santa Catarina (6,1%) e nos estados de Rondônia, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, com 8% na média anual. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira, dia 14 pelo IBGE.

Segundo a PNAD Contínua, o Rio de Janeiro integra a lista dos estados com redução da taxa de desocupação, baixando de 14.5% no terceiro trimestre de 2018 para 13,7%, uma diferença de -0,8%. No comparativo entre o quatro trimestre de 2018 com o mesmo período de 2019 a redução foi maior, atingiu -1,1%, baixando de 14,8% para 13,7%.  Abaixo, o quadro mostra as taxas de desocupação por federação.

Taxas de desocupação por UF, no 4° trimestre de 2019, 
em relação ao 3° trimestre de 2019 e ao 4° trimestre de 2018

A população ocupada aumentou no Brasil (2%) e em 23 estados, totalizando 93,4 milhões de trabalhadores em 2019. Apesar da queda no desemprego, em 2019, a taxa de informalidade – soma dos trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem CNPJ e trabalhador familiar auxiliar – atingiu seu maior nível desde 2016 no Brasil (41,1%) e também em 20 estados.

O Rio de Janeiro fechou o último trimestre de 2019 com taxa de ocupação de 51,9%, alta de 0,3% perante o mesmo período em 2018. “Mesmo com a queda no desemprego, em vários estados a gente observa que a taxa de informalidade é superior ao crescimento da população ocupada. No Brasil, do acréscimo de 1,819 milhão de pessoas ocupadas, um milhão é de pessoas na condição de trabalhador informal”, explica Adriana. “Em praticamente todo o país, quem tem sustentado o crescimento da ocupação é a informalidade”, observa a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explicando que há uma relação entre o aumento da população empregada no país e o aumento da informalidade.

Taxa Composta de Subutilização da Força de Trabalho – 4° trimestre 2019

O percentual de trabalhadores com carteira de trabalho assinada era de 74% do total de empregados no setor privado do país. Os maiores percentuais estavam em Santa Catarina (87,7%), Paraná (81,2%) e Rio Grande do Sul (80,7%). Em seguida, surgem São Paulo (80,5%) e o Rio de Janeiro (79,7%). Entre os menores, percentuais aparecem Maranhão (47,6%), Piauí (52,5%) e Pará (52,6%).

PESSOAS EM BUSCA DE TRABALHO HÁ DOIS ANOS OU MAIS

Em relação ao tempo de procura, no Brasil, 44,8% dos desocupados estavam de um mês a menos de um ano em busca de trabalho; 25% há dois anos ou mais; 14,2%, de um ano a menos de dois anos e 16,0% há menos de um mês. No Brasil, 2,9 milhões de pessoas procuram trabalho há 2 anos ou mais.

Na região Sul Fluminense são milhares de desempregados, alguns deles com busca por uma oportunidade. “A esperança se renova com o início deste ano, porque em 2019 fiz várias entrevistas e nunca me chamam. Sou metalúrgico e estou fora do mercado há 20 meses, mas tenho conhecidos que estão há mais de dois anos também aguardando emprego com carteira assinada. O pessoal tem se virado sendo motorista por aplicativo, fazendo bicos na comunidade”, comenta Sebastião Pereira, 49 anos, de Porto Real.

Segundo dados da PNAD, aguardando emprego no prazo de um mês a um ano, são 5,10 milhões de pessoas em 2019. A comerciária Cláudia Manuela Silva, 38, espera uma chance no setor de cosméticos e perfumaria após o carnaval. “O Brasil não funciona antes do carnaval, já distribui currículos e fiz muitos contatos. Desde dezembro estou parada, precisando pagar contas, ajudar a família. Busco uma chance no comércio, tenho experiência com venda de perfumes, maquiagem”, comenta a moradora de Barra Mansa.

Tempo de procura de trabalho 4º Trimestre
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Menos de 1 mês  832  806  763  955 1 283 1 513 1 811 1 861
De 1 mês a menos de 1 ano 3 563 3 104 3 475 4 726 6 251 5 740 5 351 5 210
De 1 ano a menos de 2 anos  968  976 1 033 1 692 2 305 2 238 1 876 1 650
2 anos ou mais 1 247 1 127 1 138 1 646 2 439 2 776 3 113 2 910
Tempo de procura de trabalho Variação percentual
2013/
2012
2014/
2013
2015/
2014
2016/
2015
2017/
2016
2018/
2017
2018/
2019
2019/
2012
Menos de 1 mês -3,1 -5,3 25,2 34,3 17,9 19,7 2,8 123,7
De 1 mês a menos de 1 ano -12,9 12,0 36,0 32,3 -8,2 -6,8 -2,6 46,2
De 1 ano a menos de 2 anos 0,8 5,8 63,8 36,2 -2,9 -16,2 -12,0 70,5
2 anos ou mais -9,6 1,0 44,6 48,2 13,8 12,1 -6,5 133,4

TAXAS DE DESOCUPAÇÃO DE PRETOS E PARDOS

A PNAD mostrou que no 4° trimestre de 2019, a taxa de desocupação dos que se declararam brancos (8,7%) ficou abaixo da média nacional, enquanto a dos pretos (13,5%) e a dos pardos (12,6%) ficou acima. No 1º trimestre de 2012, quando a taxa média foi estimada em 7,9%, a dos pretos correspondia a 9,6%; a dos pardos a 9,1% e a dos brancos era 6,6%.

O contingente dos desocupados no Brasil no 1º trimestre de 2012 foi estimado em 7,6 milhões de pessoas; quando os pardos representavam 48,9% dessa população, seguido dos brancos (40,2%) e dos pretos (10,2%). No 4º trimestre de 2019, esse contingente subiu para 11,6 milhões de pessoas e a participação dos pardos passou a ser de 51,8%; a dos brancos reduziu para 34,2% e dos pretos subiu para 13,0%.

CONTRIBUINTES PARA A PREVIDÊNCIA 

A pesquisa mostra também que, desde 2016, o país vem apresentando queda na proporção da população ocupada que contribui para instituto de previdência. A maior proporção encontra-se na região Sul (75%) e a menor, no Norte (44%). Entre os estados, a contribuição chega a 81,2% em Santa Catarina, sendo que no Pará esse percentual é de 38,4%. O Rio de Janeiro, a proporção é de 66,9%, a quinta posição atras de Santa Catarina. “A gente percebe que o crescimento da população contribuinte não está acompanhando o crescimento da população ocupada como um todo. Enquanto a população ocupada aumentou 2%, o contingente de contribuintes para a previdência só cresceu 1,7%”, aponta Adriana. “Como já vimos, o crescimento da população ocupada está calcado na informalidade. E, com o trabalho informal, diminui a contribuição previdenciária”, complementa.

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