VOLTA REDONDA
Uma pesquisa inédita feita pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) no segundo trimestre de 2019 avaliou o padrão das atividades inovadoras realizadas pelas indústrias entre 2016 e 2018. Foram ouvidas 333 indústrias de mais de 20 segmentos, sendo 61,3% de pequeno porte, 29,4% de médio e 9,3% de grande porte. O objetivo do estudo é compreender os tipos de inovação praticados pela indústria fluminense, os meios utilizados para inovar e os principais resultados alcançados.
De acordo com os números, 59,5% das empresas pesquisadas adotam práticas inovadoras. As principais inovações estão ligadas à melhoria do produto final (42,5%) ou do processo produtivo (28,2%). A inovação também já assume novas formas e atinge a gestão das empresas: nos últimos 3 anos, 21,1% das indústrias adotaram prática de gestão nova ou aprimorada e 11,4% investiram na mudança de seu modelo de negócios. “A inovação vem se consolidando cada vez mais como fator de competitividade entre as empresas”, explica Joana Siqueira, coordenadora de Pesquisas Institucionais da Firjan.
De acordo com os números seis em cada dez indústrias fluminenses desenvolveram ou começaram a desenvolver alguma atividade inovadora nos últimos três anos. “Esse número, por si só, já é bastante relevante E quando a gente pensa na conjuntura econômica que o país estava vivendo no período que perpassa a pesquisa, esse número chama ainda mais atenção”, completa.
RESULTADOS DA INOVAÇÃO
Os benefícios da inovação são notórios e mensuráveis: 66% das que investiram em inovação perceberam impactos positivos em questões mercadológicas. Para essas empresas, o desenvolvimento de inovações permitiu manter ou ampliar sua participação no mercado (market share), além de abrir novos mercados. Há, ainda, benefícios que vão desde a melhora na qualidade do produto ou serviço, até a redução dos custos de produção e ampliação da cesta de bens ou serviços ofertados.
A redução de impacto no meio ambiente é outro item importante que aparece entre os resultados positivos para 10,7% das empresas. A pesquisa foi realizada junto com a Sondagem Industrial, feita mensalmente pela Firjan em parceria com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) para monitorar o sentimento dos empresários sobre a evolução da indústria e suas perspectivas em relação ao futuro.
Para o presidente da Firjan Sul Fluminense, Antônio Vilela, a inovação está sendo demandada pelas modificações frequentes que a sociedade passa. “As empresas estão sendo pressionadas de alguma forma por um mercado cheio de mudanças de comportamento, de mentalidade, e solicitando produtos diferenciados. A inovação acaba sendo puxada desta forma”, observa. O executivo ainda chama a atenção que a questão deve estar em foco no ano que vem: “Todos sabemos que precisamos inovar, a grande discussão no mercado é como fazer, essa é a pergunta que paira, que precisa ser debatida na sociedade, dentro das organizações, das empresas, um assunto que vai consumir todo o nosso ano”.
PERFIL DE INOVAÇÃO
Dentre as formas para desenvolver essas inovações, a aquisição de máquinas e equipamentos é a principal para 47,7% das empresas. Complementar ao desenvolvimento tecnológico, 52,9% das indústrias estão adotando treinamento ou aquisição de software, o que se alinha a tendências apontadas pela Indústria 4.0. As atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) também são foco de 23,9% das indústrias. “A pesquisa revela uma continuidade das políticas de inovação na indústria fluminense: 6 em cada 10 pretendem investir em inovação nos próximos 12 meses. E, mais do que isso, 81,3% das empresas que investiram em inovação pretendem continuar investindo. É um número muito importante, que revela um mindset inovador”, avalia Joana.
ACESSO ÀS LEIS DE INCENTIVO À INOVAÇÃO
A pesquisa também revelou que muitas empresas ainda desconhecem alguns incentivos fiscais para a inovação. BNDES e FusINEP são as instituições avaliadas mais conhecidas e utilizadas para esse fim. Dentre os menos conhecidos estão o Rota 2030 (específico para o setor automotivo) e Lei do Bem. Os incentivos fiscais da Lei do Bem, por exemplo, podem ser concedidos a empresas de todos os setores da economia que realizam atividades de PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) e apenas 9,3% das indústrias que a conhecem fizeram uso dos seus benefícios.