Pesquisa aponta que mulheres têm mais diabetes

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De acordo com uma pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) a prevalência do diabetes entre mulheres teve queda de 18,1% no último ano. O estudo foi divulgado pelo Ministério da Saúde.

Segundo o documento, na última década o número de pessoas com diabetes no país cresceu assustadores 61,8%. Em 2006, a porcentagem de diabéticos não ultrapassava 5,5% da população. Dez anos depois, em 2016, eles já representavam 8,9% dos brasileiros. Esse avanço preocupa os gestores de saúde, que vêm buscando soluções para reduzir o crescente custo do diabetes para as operadoras.

Na divisão por sexo, a pesquisa mostra que as mulheres tradicionalmente apresentam mais diagnósticos da doença. O número de casos registrados de diabetes na população feminina passou de 6,3% em 2006 para 9,9% em 2016. Entre os homens, o avanço foi semelhante, mas o percentual de indivíduos afetados pela doença é menor na comparação: em uma década, os casos passaram de 4,6% para 7,8%.

De acordo com o clínico geral Walter Luiz Fonseca, professor do curso de Medicina do UniFOA, o diabetes é caracterizado pelo acúmulo de glicose no sangue que predispõe a graves doenças nos olhos, hipertensão arterial, insuficiência renal e doenças cardíacas. “Um dos fatores que deixa a mulher a frente da lista é a diabetes gestacional, a mulher que tem a doença nessa fase, tem cinco vezes mais de chances a ter a doença novamente quando estiver na meia idade. Uma forma de se prevenir a patologia é fazer exames frequentes na gestação como a hemoglobina glicosilada e cuidar da saúde, evitando o fumo, sobrepeso e o sedentarismo”, destaca, explicando que esse é um exame de sangue que ajuda a identificar e acompanhar o desenvolvimento da diabetes. Outros riscos elencados pelo médico são: casos na família, colesterol alto, stress e sedentarismo.

A doença é resultado da maior produção de Hormônio Lactogênio Placentário (HPL) durante a gestação que inibe a produção de insulina e aumenta os níveis de glicose no sangue.

A condição, ressalta, é temporária, mas predispõe à catarata precoce, hemorragia vítrea caracterizada pelo súbito bloqueio da visão, glaucoma neovascular em que a se formam neovasos na íris (parte colorida do olho) e retinopatia diabética, formação de neovasos na retina.

Tanto o glaucoma neovascular como a retinopatia diabética são doenças oculares que podem ocorrer em mulheres diabéticas fora do período gestacional e levar à perda da visão. Por isso ao primeiro sintoma recomenda consultar um oftalmologista para aplicação de laser que na maioria dos casos evita a cegueira definitiva.

O estudo explica que quando este aumento da glicemia está relacionado à queda ou ausência de produção da insulina caracteriza o diabetes tipo 1 que responde por 10% dos casos. No tipo 2 acontece resistência do organismo à insulina que resulta em menor penetração da glicose nas células, pontua. Para ele, o resultado da pesquisa pode estar relacionado à diminuição do consumo de refrigerantes no país, mas está longe de ser tranquilizador. Prova disso, é o alto índice no Brasil de dois fatores de risco que contribuem com a doença – o sobrepeso e a obesidade.

Catarata

Outro ponto destacado no estudo é que no início o diabetes não apresenta sintomas. Por isso, pode passar despercebido. A evolução da doença faz o cristalino reter mais água, leva à maior formação de radicais livres e dobra o risco de desenvolver catarata. Por isso, o diabetes pode antecipar o aparecimento dessa doença que geralmente surge a partir dos 60 anos e torna opaco nosso cristalino, lente interna do olho.

A falta de sintomas faz muitas pessoas só descobrirem o diabetes em um diagnóstico de catarata. Nestes casos quanto antes for realizada a cirurgia, maior a segurança para a saúde ocular. Isso porque a substituição do cristalino por uma lente intraocular totalmente transparente que não degenera, permite ao especialista enxergar o fundo do olho onde podem acontecer importantes alterações que necessitam de diagnóstico precoce para evitar a perda definitiva da visão.

Prevenção

Principais recomendações para evitar complicações na visão é incluir na alimentação:

– Cereais integrais, amêndoas, amendoim e avelã que funcionam como um bloqueador dos efeitos da luz solar por conterem vitamina E um potente antioxidante que evita a formação precoce de catarata e a degeneração macular.

– Cenoura, abóbora, mamão e goiaba por serem ricos em vitamina A nutriente essencial para a saúde ocular. O primeiro sinal de deficiência de vitamina A, segundo Queiroz Neto, é a cegueira noturna e o ressecamento dos olhos que causa turvamento da visão. A deficiência também pode causar danos na retina com comprometimento permanente da visão e conjuntivite recorrente devido à queda da imunidade. Para melhorar a absorção é recomendável incluir na alimentação, fontes de zinco como: frutos do mar, carne, ovos, tofu e gérmen de trigo.

– Semente de linhaça, sardinha e salmão que combatem o olho seco por conterem ômega 3, além de estarem associados a um risco reduzido de surgimento e progressão da catarata.

– Tomate, vinho tinto, frutas cítricas, mirtilo, amora por protegerem os olhos da catarata e degeneração macular pela ação antioxidante da vitamina C, além de serem ricos em flavonoides que garantem a boa circulação e saúde dos vasos oculares.

– Frutos do mar e castanha do Pará que contém selênio e podem reduzir o risco de degeneração macular quando combinados a alimentos ricos em vitamina E, A e C.

Dieta perigosa

O consumo desses alimentos pode não resultar em boa saúde ocular se for acompanhado de excesso de açúcar, alimentos ricos em gordura saturada como as carnes bovinas e os derivados de leite. Também deve ser evitado o excesso de sal porque em grande quantidade o sódio pode depositar no cristalino e predispõe à catarata. Por isso, antes de consumir um alimento industrializado a recomendação é checar a quantidade de sódio no rótulo, para tornar a alimentação uma aliada de seus olhos.

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