SUL FLUMINENSE
A Quaresma, período de penitência e caridade praticado pelos católicos até a Sexta-Feira da Paixão, dia 19 de abril, está movimentando as peixarias da região. A data iniciada nesta Quarta-feira de Cinzas, dia 6, representa a celebração do renascimento de Jesus Cristo após a crucificação, os fiéis realizam a fase de preparação para o rito pascoal. Revigorando a fé, muitos fiéis da igreja católica e simpatizantes costumam realizar a abstinência de comida, principalmente a carne. Os teólogos afirmam que tais ações, os sacrifícios físico ou mental, demonstram o amor a Deus.
Nestes 40 dias que simbolizam não uma sequência cronológica até a Páscoa, mas sim a representação sociocultural de um período com duração significativa para a comunidade cristã devido às inúmeras passagens do número 40 pela Bíblia, os católicos reforçam sua crença e trocam a carne vermelha tão habitual do cardápio diário, pelo peixe. Os tipos mais acessíveis e com maior saída nos estabelecimentos comerciais são a cavalinha, corvina e sardinha, com o quilo variando a partir de R$ 10,90.
Nesta quarta-feira o fluxo de clientes pelas peixarias da região foi intenso, afinal, ainda que muitos fiéis não pratiquem a promessa com caráter de penitência ao não consumir a carne vermelha durante a Quaresma toda, muitos adotam o rito de abstinência às segundas, quartas e sextas-feiras. “Hoje começa nossa prática antiga de evitar a carne vermelha. Lá em casa não comemos nas quartas e sextas-feiras, ao menos. Conheço amigos e familiares que fazem o jejum de carne durante 40 dias. O peixe é a saída substituindo a carne, na minha opinião. Saudável, barato e rende para a família toda”, comenta a dona de casa Sandra Renata, de Resende, que alfinetou os preços. “Não gostei foi dos preços, esperava mais variedade e preços menores, sem dúvida. O jeito é comprar o mais barato. To levando um quilo de sardinha e dois quilos de file de merluza. No fim de semana espero novas promoções”, ressalta a moradora do Surubi que gastou R$ 49,90 em peixes.
Para o gerente Valdomiro Mendonça, de um estabelecimento em Volta Redonda, as vendas devem aumentar a partir desta sexta-feira, quando a maioria dos católicos assume o rito da Quaresma. “Começa na Quarta-feira de Cinzas, mas o povo tem o hábito de iniciar mesmo nas sextas-feiras. Nesse dia 8 espero o maior movimento no mercado, temos os tipos mais vendidos como a sardinha e até a tilápia. Os preços variam e os mais caro são o salmão, a R$ 45,90/kg e o bacalhau, R$ 65,90/kg. É o nosso momento de vender um pouco mais”, frisa o comerciante.
Com a procura aumentando o consumidor deve ficar atento aos preços, mas também à qualidade dos produtos oferecidos. Peixes em boa condição devem ter olhos brilhantes, guelras avermelhadas, não ter o corpo flácido ao toque dos dedos e estar conservado em ambiente refrigerado ou com bastante gelo. O odor desagradável pode indicar o tempo do pescado à venda. “Eu olho todos os detalhes e depois confiro o preço. A higiene das peixarias também influencia, não dá pra comprar peixe exposto em local que tenha mosca ou sangue na bancada”, afirma a aposentada Solange dos Santos, 70, de Itatiaia. Por lá, muitos tipos de peixe agradam os consumidores, sobretudo a tilápia e a truta. “Meu marido gosta do file de truta, encontrei por R$ 68, o quilo. O camarão grande, vermelho, achei por R$ 90. Hoje vou levar apenas a truta, os preços estão altos e preciso pesquisar mais”, comenta.
Para agradar a todos os gostos a variedade de peixes da água doce ganha reforço do pescado do mar, como a lula, polvo e xerelete. “Compro com antecedência para tentar sobretaxar os produtos durante a Quaresma. Em média, a procura nessa época praticamente dobra e espero ter boas vendas tanto do pescado de água doce quanto do mar. O xerelete é uma boa pedida, pois é de fácil limpeza e possui carne saborosa”, comenta o vendedor ambulante, José Ricardo, que circula pelas cidades das Agulhas Negras. Na região, o preço médio do xerelete está na faixa de R$ 13,90, o quilo.