Pedreira da Voldac em Volta Redonda pode se tornar unidade de conservação

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VOLTA REDONDA

Atendendo a um convite do Movimento Pela Ética na Política (MEP), o secretário Municipal do Meio Ambiente de Volta Redonda, Marcelo Ruiz, participou na sexta-feira, 18, de mais uma visita à Pedreira da Voldac, localizada na Estrada Nossa Senhora do Amparo, no bairro de mesmo nome. Estiveram presentes também membros do Movimento da ‘Trilha de Reconhecimento. Recentemente, profissionais da área de engenheira florestal, advogados, paisagista, assessor legislativo, além de um químico e montanhistas fizeram a primeira visita ao local sob orientação da geóloga Sílvia Real, mestranda na Universidade Estadual Paulista (UNESP).

A visita conjunta ao local teve como principal objetivo dar seguimento às discussões e avaliar as propostas iniciadas pelos Movimentos, relacionadas ao cuidado, preservação e multiuso (lazer, turismo e pesquisas) à pedreira abandonada. Durante a vista de sexta-feira, o secretário ficou surpreso e  encantado com o maciço rochoso. Ele falou do potencial do espaço de mais de 13 mil metros quadrados. “A primeira medida que devemos tomar é iniciar um estudo para tornar o território uma Unidade de Conservação”, declarou o secretário após avaliar o entorno. “Fico feliz com a iniciativa, pois o fato de ver a ideia surgindo por parte da sociedade civil é fantástico. O trabalho será conjunto e vamos iniciar logo”, completou Ruiz.

Os visitantes lembraram que é necessário dialogar com José das Vacas, que tem sido o grande cuidador da área. Jovens acadêmicos e profissionais das áreas de geologia, engenharias, ambiental e florestal, biologia e história, atentos, participaram da trilha. Gabriella Teixeira, acadêmica de geologia (UFES), ao deixar o local, fez seu comentário. “O lugar é maravilhoso. A abertura do secretário nos animou para novos passos”, disse.

PRÓXIMOS PASSOS

Por consenso, no término da visita, foi decidida que deve se realizada a retirada de resíduos nocivos da área, colocar placas de alertas para evitar depósito de lixos diversos pelas Secretarias do Meio Ambiente e Serviços Públicos. Além disso, o senhor José das Vacas deve ser informado sobre a sua importância e cuidado com o local público pela Associação de Moradores e MEP. Terá que ser realizada também a liberação de acesso oficial, via secretaria das equipes de estudos MEP para acesso ao local com a finalidade de iniciar os estudos relacionados à Unidade de Conservação, trilhas pedreira-Ingá e pontos para escaladas pela Secretaria do Meio Ambiente.

Foi definido ainda que, após a ‘limpeza bruta’ do território, um mutirão conjunto deve acontecer com representantes da Secretária de Meio Ambiente, Movimentos e comunidade. A agenda deve ser feita pelo secretário Marcelo Ruiz. E para abril foi marcada apresentação pública sobre os relatórios dos trabalhos realizados no local, entre reuniões com outros secretários e universidades. Por fim, o MEP, associações e apoios técnicos estarão promovendo reunião de trabalho. Será no dia 16 de fevereiro, às 9 horas, na sede da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Volta Redonda, ou outro local a confirmar.

NA PRIMEIRA VISITA

Na primeira visita à pedreira, inicialmente, com mapas e dados da área, a geóloga Sílvia apresentou os elementos científicos da área. “Foi uma trilha diferenciada. Com cuidado, atentem seus olhares às possibilidades que possam transformar o espaço magnífico em um local com viés de lazer, pesquisa e turismo”, ressaltou a geóloga ao orientar o ‘trabalho de campo’.

Durante duas horas, o grupo atento e se mostrando encantado, com anotações e debates, sinalizou novos passos no sentido de sensibilizarem a comunidade local e as autoridades para que voltem seus olhares para o local que guarda. “Trata-se de um potencial empreendedor fantástico”, definiu o engenheiro florestal, Gabriel Pereira, formado pela Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRRJ).

Ao deixar o local, o grupo deparou com dois agentes públicos da Secretaria Municipal de Infraestrutura (SMI) de Volta Redonda que estavam observando a quantidade de lixo no entorno da mina d’água, a mil metros da pedreira, para operarem limpezas. “Após o nosso pedido, ficaram de ver, mais acima, outros resíduos de lixo fotografados pelos especialistas”, destacou um integrante do grupo, José Maria da Silva, o Zezinho, representante do MEP.

Após a primeira visita, foi definido que seria realizado o relatório de campo pelo grupo, pontuando aspectos relacionados à fauna, flora, afloramento, resíduos nocivos e a argumentação de possibilidade de criação de um parque urbano com múltiplas atividades e a criação de uma Área de Preservação Ambiental (APA), na linha de médio e longo prazo. O segundo passo foi a estruturação de Equipes de Sondagem junto à comunidade sobre o local e Equipe de Articulação para contatos com o Poder Público, organismos (conselhos) e universidades, além da visibilidade para a criação do grupo específico ‘Pedreira da Voldac: lazer, pesquisa e turismo’ via whatsapp, e um encontro ampliado da equipe e apoios no MEP, que aconteceu na quarta-feira, 16.

SONDAGEM SOBRE A PEDREIRA

O Movimento Pela Ética na Política (MEP), com apoio de acadêmicos das áreas de geologia e engenharia florestal, orientados pela geóloga Silvia Real, realizou a sondagem popular sobre a Pedreira da Voldac no último dia 10. O objetivo foi para avaliar a percepção dos moradores dos bairros no entorno da Pedreira, os aspectos ligados ao conhecimento e possibilidades relacionadas ao lazer, turismo e ciência para o singular local. Os resultados serão utilizados para estudos e conversas com autoridades. Silvia Real destacou que sondar a percepção e colher sugestões dos moradores do bairro Voldac e entorno sobre o uso da pedreira desativada, foi o foco do grupo.

Pranchetas nas mãos, os acadêmicos João Paulo, graduando em engenharia Florestal (UFV), Pedro José, músico e voluntário em reflorestamento e Gabriella Teixeira foram a campo e ouviram mais 50 moradores do bairro Voldac e adjacentes, como Jardim Caroline, São João Batista e Pinto da Serra. Gabriella Teixeira, subcoordenadora dos trabalhos e responsável pela tabulação dos dados, adiantou. “Há uma percepção positiva para o cuidado e uso múltiplo do local, atualmente totalmente abandonado. Ela acrescentou ainda que durante a sondagem percebeu que os mais jovens desconhecem a área, já no bairro Pinto da Serra quase todos conhecem e já estiveram na pedreira”, revelou a futura geóloga.

GEÓOLOGAS COMENTAM PESQUISA

Os envolvidos na sondagem utilizaram a metodologia de amostragem, com oito perguntas relacionadas ao histórico, situação atual e possibilidades de uso da pedreira desativada na década de 1970. Sessenta moradores foram ouvidos. Para Silvia Real, coordenadora do projeto de pesquisa, os dados confirmam os olhares do grupo. “O magnífico espaço conforme mostra que o resultado da pesquisa na evidenciam a percepção das vizinhanças da pedreira, e sinalizam possibilidades do Poder Público estruturar áreas de lazer, eventos, turismo e esportes radicais”, disse a mestranda ao analisar os resultados. “Os aspectos ligados aos estudos e pesquisa também ganharam bons indicativos, acrescentou Silvia.

Gabriela, responsável pela tabulação dos resultados, também comentou. “A receptividade das pessoas ao nosso trabalho foi impressionante”, afirmou animada.

ENCONTRO COM SECRETÁRIOS

De posse de pesquisas e trabalho de campo, os especialistas dialogaram com dois secretários municipais. No dia em que a sondagem foi iniciada, o grupo se reuniu com o presidente do IPPU, Márcio Lins. O engenheiro anotou as considerações do Movimento em relação às demandas para cuidado com a área, que se encontra abandonada.

No dia 11, o encontro do grupo foi com o secretário de Municipal de Meio Ambiente, Márcio Ruiz,com participação da presidente da Associação de Moradores da Voldac e especialistas da área ambiental. Na sequência do evento, Márcio apresentou os projetos do governo sobre a criação de reserva silvestre, eco ponto (reciclagem), Jardim Botânico na Ilha São João e arborização da cidade. Sobre a Pedreira da Voldac, Ruiz considerou interessantes as sugestões apresentadas no relatório da pesquisa, realizada no bairro, que apontou que mais 90% dos pesquisados desejam uma destinação social ao local.

 

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