SUL FLUMINENSE
Em setembro o governo federal disponibilizou modalidade de empréstimo via maquininha de cartão para microempreendedores individuais (MEI) e empresas de pequeno porte por meio do Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac-Maquininhas). Os recursos serão liberados a partir da contratação de operação de crédito interna (contratos ou emissão de títulos da dívida pública) e repassados ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), instituição que coordena o programa.
Segundo o BNDES, o Tesouro Nacional liberou R$ 5 bilhões para a nova modalidade de crédito. Para ter direito ao crédito, o empreendedor deve ter realizado vendas de bens ou prestações de serviços por meio de cartões de crédito, débito ou pré-pago, e não ter operações de crédito ativas garantidas por recebíveis futuros.
O Peac-Maquininhas usa como garantia os valores a receber de vendas feitas por meios das máquinas de cartões. A instituição financeira vai considerar o valor de vendas que passou pela maquininha um ano antes do período da pandemia, calcular o valor médio e fixar um valor de empréstimo para a empresa solicitante. Os juros são de até 6% ao ano.
SISTEMA DESCONHECIDO
Sobre a nova modalidade de empréstimo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) ouviu 676 empreendedores do estado do Rio de Janeiro e constatou que 45,9% deles não conhece essa opção de crédito. Outros 36,5% conhecem a opção, mas não solicitaram esse tipo de empréstimo; 15,4% estão sabendo, mas não possui a maquininha de cartão e apenas 2,2% solicitou esse empréstimo. A pesquisa ocorreu entre os dias 27 e 31 de agosto.

O uso das máquinas de cartão é fundamental na obtenção do empréstimo – Arquivo
A microempreendedora Elisabete Carvalho, 46 anos, não conseguiu valores para seu salão de beleza. “Eu não sabia desta opção de crédito pela maquininha de cartão de crédito. Confesso que busquei informações e ainda não obtive valores definidos. Acho que qualquer ajuda nessa crise é importante e com juros de 6% ao ano posso adequar no orçamento. Quero obter margem para utilizar na compra de material para o salão”, conta a moradora de Resende.
Segundo o Sebrae, desde o início da pandemia do novo coronavírus, os pequenos negócios encontram dificuldades em conseguir empréstimos com as instituições financeiras. No levantamento, 70% dos empreendedores fluminenses tiveram o crédito recusado, 17% conseguiu empréstimo e 12% aguardam resposta.
IMPACTO NA PANDEMIA
Durante as incertezas dos últimos meses, os pequenos negócios foram impactados de diferentes formas. Segundo 84% dos empreendedores entrevistados, o orçamento da empresa diminuiu no período de crise em relação a um mês normal. Apenas 6% conseguiu aumentar o faturamento da empresa. A aposta dessas empresas foi investir nas vendas online e no delivery. Em comparativo com as pesquisas anteriores, os índices de queda no volume de vendas apontam uma melhora pelo terceiro mês consecutivo.
Para permanecer com o negócio em funcionamento, 64% dos empresários entrevistados precisaram mudar a forma de operar, 19% continuam com o funcionamento interrompido, 12% não precisaram alterar o modelo da atividade e 5% decidiram fechar a empresa de vez.
COMO SOLICITAR O PEAC MAQUININHAS
Para solicitar será preciso requerer junto a uma instituição financeira com adesão junto ao BNDES. O contratante terá que ceder ao banco fornecedor do recurso de empréstimo 8% dos direitos creditórios sobre vendas futuras com a maquininha de cartão. A taxa de juros será de 6% ao ano, com prazo de 36 meses para o pagamento, o que inclui o prazo de carência de seis meses para o início do pagamento.