SÃO PAULO/BOA VISTA
O Brasil tem sido destino de muitos refugiados, principalmente venezuelanos. Até setembro de 2019, mais de 224 mil refugiados e migrantes da Venezuela entraram no país para solicitar o reconhecimento da condição de refugiado ou para pedir visto de residência.
Ser inserido no mercado de trabalho é fundamental para se estabelecer, no entanto, esse tem sido um grande desafio para os abrigados aqui.
Essa é a constatação da consultora de carreira do ManpowerGroup, Priscila Minelli Moraes, e do líder de Recursos Humanos, Leandro Fernandes, que, nos últimos meses, participaram de ações com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) – parceria que já ajudou mais de 600 pessoas que buscam uma oportunidade profissional.
“Ao contrário do que se costuma ouvir, em muitos casos, a dificuldade de arrumar um trabalho nem sempre é a qualificação, mas sim, a falta de oportunidades e a necessidade de recuperação da autoestima e confiança em suas capacidades”, avaliou Moraes.
“Boa parte das pessoas que chegam tinham uma carreira constituída em seu país, no entanto, ao procurarem um emprego são avaliados pela situação de fragilidade em que se encontram e não pelas suas habilidades”, completou.
Perfil socioeconômico dos refugiados no Brasil
Dados da pesquisa “Perfil socioeconômico dos Refugiados no Brasil”, divulgados em maio deste ano pelo ACNUR, comprovam essas afirmações.
De acordo com o levantamento, dos que vivem atualmente no país, 34% concluíram ensino superior; 19,5% estão em busca de emprego, e metade dos entrevistados apontou o acesso ao mercado de trabalho como o principal obstáculo em conseguir uma vaga.
Parcerias para empoderar refugiados
O apoio do ManpowerGroup às ações do ACNUR começou em julho deste ano no Brasil com o projeto “Carreira – Impulsionando talentos”, que tem como objetivo apoiar as organizações da sociedade civil na recolocação de pessoas refugiadas no mercado de trabalho brasileiro.
A iniciativa já realizou ações em São Paulo e em Boa Vista, capital de Roraima, oferecendo suporte na preparação de currículo, orientação sobre como participar de entrevistas de emprego, além de apresentar um panorama do mercado de trabalho.
“Empoderar essas pessoas com conhecimento é dar a elas a oportunidade de reconstruir suas vidas mesmo em meio à situação adversa em que elas se encontram”, destacou o líder do RH, Leandro Fernandes.
Os especialistas do ManpowerGroup apontaram as principais características dos refugiados que podem ser grandes diferenciais para as empresas.
“São experientes e engajados (normalmente não faltam ao trabalho, se esforçam e são gratos pela oportunidade de reescrever sua história). Essas qualidades impactam positivamente o ambiente profissional”, avaliam.
Ainda segundo os especialistas, pessoas em situação de refugio no país demonstram alto grau de motivação e esforço para entrar no mercado de trabalho brasileiro.
“Muitos têm formação especializada, pós-graduação e falam vários idiomas”, apontam.
Trabalho decente para pessoas em situação de vulnerabilidade
Além de promover a capacitação, o ManpowerGroup também organiza ações para aproximar empresas locais dos profissionais.
Segundo os especialistas da empresa, “A contratação dessas pessoas é uma atitude inclusiva, evidenciando boas práticas de responsabilidade social e gera valor para a empresa contratante, impulsionando a inovação por serem pessoas com culturas diferentes e que trazem um outro olhar”.
Comentando sobre a parceria, o oficial de Meios de Vida do ACNUR, Paulo Sérgio de Almeida, avaliou que, para a organização, “se aliar a uma empresa global com larga experiência em preparar pessoas para o mercado de trabalho é um grande passo para que refugiados e refugiadas trilhem seus caminhos nessa nova fase de suas vidas”.
Ele ressalta que o foco da agência tem sido parcerias que promovam cursos rápidos e de alto impacto, proporcionando o conhecimento necessário para as pessoas que estão atualmente procurando trabalho recomeçarem suas vidas.
Conheça três atitudes simples que podem ajudar a quebrar os estigmas relacionados a refugiados e migrantes nas empresas
- Preparar o ambiente – conscientizar as pessoas que os refugiados são profissionais capacitados, motivados e dispostos a contribuir com a produtividade da empresa;
- Estar disposta a recebê-los e entender a particularidade de cada um – como eles vêm de uma cultura diferente, a comunicação precisa ser mais efetiva e o cuidado frequente;
- Empatia – se colocar no lugar deles, afinal muitos de nós somos fruto de refúgio/ imigração na origem de nossas famílias.
Clique aqui para acessar o relatório “Perfil socioeconômico dos refugiados no Brasil” em português.
Sobre o ManpowerGroup Brasil
Presente no Brasil desde 2000, o ManpowerGroup Brasil é referência no setor de recursos humanos, encontrando soluções inovadoras que ajudam candidatos e empresas de todos os portes e segmentos a vencer na Era do Potencial Humano.
A empresa possui no país as marcas especializadas Manpower®, Experis®, ManpowerGroup® Solutions e Right Management®.
Sobre o ACNUR
Criado em 1950 por resolução da Assembleia Geral da ONU, a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) protege e ajuda refugiados e populações apátridas em todo o mundo. Por seu trabalho humanitário, recebeu duas vezes o Prêmio Nobel da Paz (1954 e 1981). Atualmente, a agência conta com quase 12 mil funcionários e está presente em cerca de 130 países.
No Brasil, o ACNUR atua em cooperação com o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) e em coordenação com os governos federal, estaduais e municipais, a sociedade civil e o setor privado.
(*Com informações da Agência ONU)