Pandemia afetou 39,4% das empresas com atividades encerradas em junho; setores do Comércio e Indústria integram análise do IBGE

0

SUL FLUMINENSE

Entre 1,3 milhão de empresas que na primeira quinzena de junho estavam com atividades encerradas temporária ou definitivamente, 39,4% apontaram como causa as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus. Esse impacto foi de 40,9% entre as empresas do Comércio, 39,4% dos Serviços, 37% da Construção e 35,1% da Indústria. As informações são da nova Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, divulgada nesta quinta-feira, dia 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Para sete em cada dez empresas em atividade, a pandemia implicou diminuição sobre as vendas ou serviços comercializados na primeira quinzena de junho, em relação ao período anterior ao início da pandemia. O impacto foi maior entre as companhias de pequeno porte, com até 49 funcionários, em que 70,9% reportaram redução nas vendas.

Entre os setores, a redução nas vendas foi maior na Construção (73,1%) e nos Serviços (71,9%), especialmente os serviços prestados a famílias (84,5%) e no Comércio (70,8%) com destaque para a comercialização de veículos, peças e motocicletas (75,5%). “Os dados sinalizam que a Covid-19 impactou mais fortemente segmentos que, para a realização de suas atividades, não podem prescindir do contato pessoal, têm baixa produtividade e são intensivos em trabalho, como os serviços prestados às famílias, onde se incluem atividades como as de bares e restaurantes, e hospedagem; além do setor de construção”, frisa Alessandro Pinheiro, coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas do IBGE.

O comércio adotou medidas de flexibilização retomando atividades no dia 12 – Fábio Guimas

No contexto de queda de vendas e até encerramento de atividades, o principal centro econômico do Sul Fluminense, o município de Volta Redonda, pode ter contabilizado mais de 200 empresas fechadas segundo dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-VR) e da Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Volta Redonda (Aciap-VR). O comércio local retomou atividades no dia 12, ficou mais de 79 dias fechado durante 110 dias de quarentena. Durante esse período, pelo menos 200 empresas teriam encerrado as atividades e cerca de 7 mil trabalhadores sido demitidos. A flexibilização no comércio local depende da análise constante de queda dos casos da Covid e a redução de pacientes internados em UTIs. “Fizemos esse levantamento com dados do Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados e da Junta Comercial, mas pode ser ainda maior, porque muitas empresas ainda não cancelaram seus CNPJs e, além disso, muitos trabalhadores ainda estão em suspensão de contrato”, afirmou Luis Fernando Cardoso, presidente da Aciap-VR.

O presidente da CDL-VR também critica o cenário da economia regional durante a pandemia. Gilson de Castro observa que as pequenas e microempresas representam mais de 80% dos segmentos de varejo e serviço. “Muitas estão à beira da falência. A realidade está muito difícil para uma grande parcela de comerciantes. O único isolamento que existe é o do varejo. Nas periferias, o ir e vir continua. As ruas continuam movimentadas, com festas em muitos lugares. E quem paga essa conta é só o comércio”, reclama.

INDÚSTRIA

A pesquisa do IBGE abrange ainda o setor da Indústria, indicando que 65,3% das empresas reportaram redução nas vendas. Cerca de 60% das empresas relataram maior dificuldade na capacidade de fabricar produtos e de atendimento aos clientes durante a primeira quinzena de junho, em relação ao período anterior ao início da pandemia – reportado por 67,2% das empresas do Comércio, 65,5% da Construção e 59,5% dos Serviços. Outras 60,8% revelaram ter tido dificuldade no acesso aos fornecedores, com impacto maior no comércio (74,0%) especialmente na comercialização de veículos, peças e motocicletas (87,4%). Na indústria, esse impacto foi reportado por 62,7% das empresas em funcionamento.

A pesquisa também revela que a crise causada pela pandemia obrigou as empresas a tomar uma série de decisões sobre seus empregados. Cerca 60% das empresas em funcionamento no país mantiveram o número de funcionários na primeira quinzena de junho em relação ao início da pandemia. Dentre as que reduziram o número de pessoal ocupado, 37,6% reportaram uma redução inferior a 25% do pessoal e 32,4% uma redução entre 26% e 50% do número de pessoal ocupado.

A Nissan mantém a linha de produção no Complexo Industrial de Resende – Cris Oliveira

No Sul Fluminense, a crise provocada pela pandemia gerou corte no quadro de funcionários da Nissan do Brasil. A fabricante de veículos japonesa promoveu a paralisação no Complexo Industrial de Resende e na retomada das atividades, em junho, confirmou o desligamento de 398 colaboradores. A empresa afirmou ser necessário diante da manutenção do cenário atual de forte retração, adotar novas medidas para garantir a sustentabilidade da sua operação no País. “Uma delas é o ajuste da cadência de produção no Complexo Industrial de Resende e, com isso, a interrupção de um turno. Uma parte da equipe será alocada em outro turno, mas, infelizmente, não será possível integrar todos os postos de trabalho. A Nissan reforça que continua comprometida com a sociedade brasileira e espera que seja possível uma rápida recuperação no futuro próximo”, informa. A Nissan do Brasil produz em Resende os veículos Nissan March, Nissan Kicks e o Nissan Versa. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes do Setor Automotivo (Anfavea) é tendência que o setor automotivo sofra as consequências pela pandemia, pois as vendas de veículos devem recuar 40% no país este ano.

LINHA DE CRÉDITO PARA A FOLHA SALARIAL

No país, das 12,7% empresas que relataram ter conseguido uma linha de crédito emergencial para realizar o pagamento da folha salarial dos funcionários, 67,7% indicaram que esta ação foi possível com o apoio do governo. Outras 44,5% empresas afirmaram ter adiado o pagamento de impostos, desde o início da pandemia, em que mais da metade (51,9%) sinalizaram ter tido apoio da autoridade governamental para adoção dessa medida.

Cerca de 90% das empresas em funcionamento consultadas realizaram campanhas de informação e prevenção e adotaram medidas extras de higiene nas suas atividades, sendo que 38,4% adotaram trabalho domiciliar para os funcionários e 35,6% anteciparam férias.

Deixe um Comentário