BARRA MANSA
O Palácio Barão de Guapy, que estava fechado temporariamente após prejuízos causados pelas fortes chuvas em Barra Mansa, poderá ser reaberto para visitantes na primeira semana de abril. A informação foi divulgada pelo presidente da Fundação Cultura (FCBM), Marcelo Bravo, ao A VOZ DA CIDADE. O prédio que fica na Rua Cristóvão Leal, no Centro, abriga no pavimento térreo a sede da FCBM, a Biblioteca Municipal Professora Adelaide da Cunha Franco, a Galeria de Arte Clécio Penedo e a rádio LabFonia.
A decisão do fechamento foi tomada no dia 28 de fevereiro, após o local ficar parcialmente alagado. “Em função de danos nas calhas do prédio, a água escorreu pelas paredes e infiltrou sobre o teto do piso térreo e fez com que algumas prateleiras repletas de livros ficassem molhadas. Foi um volume de água tão grande, que encharcou o segundo pavimento minando para o andar de baixo”, disse o presidente, acrescentando que as equipes da prefeitura e da FCBM estão deste então atuando para minimizar os prejuízos e recuperar parte do acervo que foi danificado.
“A ação da equipe foi rápida e apesar de afetar quase 300 livros, apenas alguns foram impossíveis de recuperar. As principais medidas que adotamos para evitar perdas maiores foi reposicionar esses livros da área afetada na Galeria Clécio Penedo e no mezanino onde funciona a administração da unidade”, comentou.
Bravo relata ainda que os livros que foram danificados são muito procurados pelos leitores e que alguns deles eram exemplares únicos no acervo da biblioteca municipal. “O principal prejuízo foi a perda de alguns exemplares de romances e literatura internacional. O impacto material pode ser até mesmo inferior a algo que para nós é muito importante, as portas fechadas”, disse.
Para Bravo, com quase um mês com as portas fechadas, milhares de jovens que frequentam diariamente a biblioteca perderam temporariamente um rico espaço de arte, cultura, criação, lazer e conhecimento. “Vejo que uma unidade como essa de portas fechadas deixa um impacto no campo simbólico muito grande. Fidelizar o leitor e incentivar hábitos de leitura requer disciplina e frequência. Por outro lado, os danos à estrutura física do prédio já são notados por dentro e por fora, e isso precisa ser ajustado”, falou.
Para conseguir recuperar o acervo e fazer com que o palácio volte a receber visitantes, foram tomadas algumas medidas paliativas. “Os maiores danos que observamos são em decorrência da falta de manutenção da calha, que requer uma ação regular de reparos em emendas e conexões da tubulação. Fizemos reparos emergenciais como a solda de uma tubulação de PVC que encontramos solta e que fazia com que água escorresse diretamente pelas paredes. Essas intervenções imediatas reduziram significativamente os impactos das chuvas”, explicou.
OBRAS INTERNAS
O segundo piso do palácio, que permanece com as portas fechadas desde as obras do entorno do prédio, estão a Plenária Histórica da Câmara Municipal e as salas do Museu de História de Barra Mansa, que pelas condições estruturais do imóvel não recebem mais atividades.
Marcelo Bravo explica que para realização de uma obra em toda estrutura, seja para recuperação das calhas, telhas, paredes, portais, madeiramento, esquadrias e pisos, uma grande intervenção precisa ser realizada e para isso, será necessário um esforço conjunto entre a Prefeitura e a Câmara Municipal de Vereadores. “A plenária histórica é de responsabilidade da Câmara. Desde que começamos a fazer a obra no entorno e no piso térreo ainda não houve a execução de uma obra lá. A equipe da Secretaria de Planejamento Urbano, por meio da condução direta do secretário da pasta, Eros dos Santos, elaborou um projeto completo, prevendo recuperação até das sancas, das obras de arte, projeto luminotécnico, sistemas de som sem fio, e reforma de banheiros para adequações às acessibilidades”, falou.
Bravo acrescenta que todo planejamento da obra foi pensado para que não gerassem impactos estéticos na arquitetura. “Com essa obra executada será a maior intervenção no interior do prédio desde a década de 1980. Evoluímos muito e a tecnologia de hoje permite até mesmo que a climatização seja realizada de forma discreta e que valorize o edifício do século XIX”, contou.
Com o planejamento pronto, agora a Fundação Cultura buscará recursos financeiros para que as reformas sejam realizadas. “Buscaremos recursos tanto por meio de fontes vinculadas à recuperação de patrimônios tombados como é o caso do Palácio Guapy, quanto de recursos destinados à manutenção de unidades previstas em orçamentos da administração municipal e do poder legislativo”, concluiu.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL
O palácio Barão de Guapy é um dos poucos edifícios no Brasil que ainda ostentam o brasão imperial, que teve sua coroa substituída por uma estrela por causa da Proclamação da República.
Com uma arquitetura neoclássica, o prédio teve sua construção iniciada no ano de 1857 e concluída em 1865. Foi tombado em 1979 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Em 1914, a Câmara Municipal cedeu a parte térrea para que nela fosse instalada a Prefeitura de Barra Mansa, que durante 70 anos funcionou no local.