Pacientes que tiveram Covid-19 podem não estar imunes a nova infecção

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BARRA MANSA

Com o aumento no número de casos de pacientes contaminados com Covid-19 e a falta de uma vacina, pesquisadores de todo o mundo estudam possibilidade de reinfecção. De acordo com a Prefeitura de Barra Mansa, as unidades de saúde seguem sem nenhuma procura de pacientes que teriam sidos curados e apresentado novamente sintomas da doença, diferente de São Paulo que já registrou no Hospital das Clínicas quatro pessoas que já tinham sido contaminadas e procuraram o local.  Segundo o médico pneumologista Gilmar Alves Zonzin, ainda não há comprovação científica de que quem já contraiu a doença está definitivamente imune a uma nova infecção. Além disso, o risco de transmissão da doença por pacientes curados, também não foi descartado, pelo menos durante a fase de 14 dias após o surgimento dos sintomas.

“Não existe uma comprovação científica em relação a uma possível reinfecção por Covid-19. Alguns relatos dessa natureza não foram claramente ratificados. Além dos sintomas do novo coronavírus serem facilmente confundidos com o de um resfriado e uma gripe, doenças comuns no período do inverno. Exames laboratoriais representam variação nos seus resultados e análises que podem confundir inclusive nós, médicos”, pontuou Zonzin.

Neste mês, um estudo realizado pela Universidade King’s College, de Londres, mostrou que os níveis de anticorpos contra o coronavírus chegam ao pico três semanas após o início dos sintomas. No entanto, a contagem de anticorpos diminui rapidamente nas semanas seguintes. O estudo revela ainda que, a imunidade ao novo coronavírus pode durar apenas alguns meses, com um risco de recontaminação.

IMUNIDADE DE REBANHO

Com a pandemia da Covid-19, o termo “imunidade de rebanho” ganhou destaque e trata-se de uma imunidade coletiva, realizada quando muitas pessoas já estão imunes contra uma infecção e, com isso, ocorre a diminuição da transmissão do vírus.  Para o pneumologista de Barra Mansa, o tempo de duração da imunidade contra o novo coronavírus também é incerto. “A partir do momento que a produção de uma barreira de transmissão do vírus se estabelece, ocorre à criação de uma defesa, a chamada imunidade de rebanho. A questão é, em aspectos individuais, se ela se estabelece para todos de forma absoluta ou se existem pessoas que continuam suscetíveis e qual o tempo de duração da resposta protetora imunológica”, relatou Gilmar Zonzin

Segundo ele, se não tivéssemos a geração de algum grau de imunidade, essa barreira não se estabeleceria. “A partir do momento em que você observa o desenvolvimento de uma imunidade de rebanho e que, em um determinado momento, o vírus tem a sua circulação gradualmente reduzida, significa que as pessoas desenvolvem sim imunidade”, argumenta.

O médico comentou ainda sobre o processo de transmissão da doença e diagnóstico. “Existem pessoas que apresentaram baixa magnitude da doença e curta duração de sintomas, mas os pacientes assintomáticos ou que possuem uma melhora no seu quadro clínico antes de 14 dias após o início da manifestação, ainda podem estar transmitindo a doença e devem manter as medidas de isolamento social. Os exames laboratoriais não se prestam para definir se a pessoa está ou não transmitindo o vírus, pois até mesmo depois de meses a mesma pode continuar com partículas do vírus circulando pelo seu corpo”, avisou.

AMBULATÓRIO PARA CASOS

Em São Paulo, o Hospital das Clínicas (HCFMUSP), localizado no Centro, destinou um ambulatório para acompanhar possíveis casos de reinfecção. Ontem, por exemplo, quatro pessoas que já tinham se infectadas procuraram o local.   Questionadas sobre o protocolo de atendimento para possíveis pacientes curados que sentiram novamente sintomas semelhantes à Covid, a Prefeitura de Barra Mansa não se pronunciou até o fechamento desta edição.

No hospital de São Paulo, segundo a infectologista Anna Sara Levin, há três hipóteses que estão sendo estudadas com relação à reinfecção. Uma delas é de que realmente pacientes não desenvolveram a imunidade e podem se infectar novamente, o que não é muito provável em virtude de poucos casos, mas é um alerta.

Outra possibilidade é que algumas pessoas podem apresentar no corpo como acontece com o vírus da herpes, que é reativado quando a imunidade cai. A terceira suspeita é que possa ter uma nova doença, semelhante à Covid-19, causada por outro vírus.

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