Ossos humanos são encontrados em Angra dos Reis quando Cedae fazia obra em rua; material pode ter importância histórica

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ANGRA DOS REIS
Durante uma escavação para reparos de uma tubulação, na Rua General Silvestre Travassos, nas proximidades da Igreja da Matriz, no Centro da cidade, na manhã desta segunda-feira, dia 15, funcionários da Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae-RJ) fizeram uma possível descoberta histórica. Eles localizaram alguns fragmentos de ossos humanos, dentes, além de pedaços de louças antigas.
A diretora de Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria de Cultura de Angra dos Reis, Luciana Praça, informou ao A VOZ DA CIDADE que, por volta das 10 horas, foi informada sobre a localização do material e para averiguar uma possível descoberta de artefatos e vestígios históricos. “Em uma profundidade de 83 cm, foram encontrados fragmentos de ossos, dentes, azulejos, louças pintadas e brancas, potes de argila e carvão. A descoberta aconteceu durante uma obra de contenção de vazamento de um cano subterrâneo na rua”, informou a diretora.
IPHAN PROCURADO
Luciana explicou ainda que, o Iphan já foi procurado pela equipe da Secretaria de Cultura e Patrimônio e enviará especialistas a Angra dos Reis para dar início às pesquisas sobre os achados. Lembrou que a rua vai precisar ficar fechada enquanto as escavações continuarem. “Precisamos continuar com a escavação para, possivelmente, encontrarmos mais partes do esqueleto. Antigamente, muitas pessoas pobres ou escravizadas eram sepultadas ao lado ou em frente às igrejas, locais chamados de adros”, falou.
Luciana lembrou também que, somente depois de muito tempo, foram criadas leis que proibissem essas práticas, a partir de estudos de saúde pública. “Era algo comum até o século XIX. A falta de vagas em cemitérios é um problema antigo no país”, ressaltou Luciana Praça, lembrando que pelo fato de Angra ser uma cidade antiga, é possível localizar corpos enterrados em algumas partes da cidade. “As pessoas ficaram assustadas, mas isso faz parte da história da cidade”, completou Luciana, lembrando que agora vai aguardar vistas do Iphan.para ver quais são os próximos passos.
AREIA PENEIRADA
Informou ainda a diretora que a areia recolhida durante a escavação será peneirada para que os profissionais possam procurar mais resquícios de artefatos e ossos. Ainda de acordo com ela, também era comum enterrar junto aos corpos peças de cerâmica e louças. Para Luciana, os azulejos encontrados podem ser de alguma obra antiga. Frisou ainda que, será feito o recolhimento completo do achado arqueológico que ficará em Angra dos Reis, para ser exposto futuramente no Museu de Arte Sacra. Mas, primeiramente, um arqueólogo e um bioarqueólogo do Iphan irão analisar a ossada e, possivelmente, conseguirem a definição do sexo, idade, etnia e outras informações. “Por enquanto, o material ficará guardado para estudo. A gente vai tentar dar voz a quem não pode falar. Esse é o objetivo”, relatou a diretora.
O secretário de Cultura e Patrimônio de Angra, Andrei Lara,também falou sobre o caso. Agradeceu os profissionais da Cedae, que tiveram a sensibilidade de contatarem de imediato a Secretaria de Cultura e Patrimônio. “Nossa Diretora de Patrimônio Histórico e Cultural, Luciana Praça, veio até o local e reuniu, com todo o cuidado e protocolo necessário, os materiais e os colocou em caixas apropriadas. É uma grande descoberta para a terceira cidade mais antiga do país, com 502 anos de fundação”, finalizou Andrei.

 

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