OPO faz conscientização sobre a importância da doação de órgãos

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Viver. Esse é o sonho de mais de 20 mil brasileiros que hoje se encontram em filas de espera por um órgão em todo o Brasil. Hoje, quando é comemorado o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, o A VOZ DA CIDADE divulga uma matéria exclusiva com o coordenador da Organização de Procura de Órgãos de Barra Mansa (OPO), vinculado à Santa Casa, Gilvando Dias de Souza Filho, para explicar o que melhorou e o que ainda precisa ser feito para conscientizar o desapego pelo corpo, não pelo amor ao ente que se foi.

Segundo Gilvando Dias, a organização tem como objetivo exercer atividades de identificação, manutenção e captação de potenciais doadores para fins de transplantes de órgãos e tecidos no âmbito de sua atuação. “Também divulga a política de transplantes de modo a conscientizar progressivamente a comunidade sobre sua importância, e tem interação permanente com as áreas potenciais de doação e equipes de transplantes, trabalhando sempre em parcerias, o que fez com que o número dobrasse”, informou Gilvando, que também é professor da Faculdade de Medicina de Valença. “Queremos esclarecer e lembrar sobre a seriedade da doação de órgãos, que é uma via de mão dupla. Um dia você está doando e em outro, quem sabe, você pode está precisando. A chance de precisar é muito maior do que a de se tornar um doador. Por isso que a fila não acaba. Ela está sempre crescendo”, disse o coordenador.

Segundo o cirurgião, hoje no Brasil existem mais de 20 mil pessoas na fila de espera por um órgão e um tecido. “No estado do Rio, temos cerca de 60 pessoas esperando um fígado, mais de mil esperando por um rim e mil esperando córnea”, contou Gilvando, lembrando que a taxa de negativa familiar é de 44%, “por isso a escassez e pessoas morrendo em filas”.

O coordenador explica que infelizmente hoje a doação se torna mais difícil pela dificuldade da família de entender o que é a morte encefálica. “A falta de entendimento de que a pessoa já está morta, mas que o coração ainda bate”, explicou.

Questionado sobre a dificuldade na autorização da doação, o coordenador explica que cabe o hospital orientar e, também, a pessoa em se conscientizar.  “Uma das funções da OPO é essa, fazer essa descentralização. Hoje temos uma área de abrangência de mais de três milhões de habitantes e trabalhamos em uma área que vai de Três Rios, a Baixada Fluminense, Angra dos Reis, até Itatiaia. Visitamos esses hospitais, onde fazemos cursos sobre o que é a morte encefálica, sobre como abordar a família, como conscientizar sobre a importância em falar em vida”, contou.

Segundo Gilvando, são cinco OPOs no estado, cada uma abrangendo uma região. “Existe a OPO de Barra Mansa, que funciona há dois anos, a de Itaperuna, de Petropolis e duas na região Metropolitana”, frisou.

Ele explica que a doação para crianças é ainda mais complicada e disse também que não existe um período especifico de aumento na ação. “É relevante. Tem mês que não tem nenhum doar. Outro que tem oito doadores. Depende muito. Mas costuma aumentar no período das férias, feriados, devido aos acidentes”, falou.

Ele concluiu lembrando que a doação é uma decisão familiar, por isso é importante que a pessoa explique a mesma a vontade e o desejo de ser um doador em vida. “Se a pessoa não tiver essa consciência e desapegar do corpo, que não quer dizer que você está desapegando do amor, você poderá estar ajudando e salvando outras pessoas”, finalizou Gilvando, enumerando os órgãos que podem ser doados: rins, fígado, pulmões, medula óssea, coração e pâncreas.

Há ainda partes do corpo que podem ser parcialmente doadas quando a pessoa está viva. Um paciente em bom estado de saúde pode doar um dos rins, uma parte do fígado, dos pulmões ou da medula óssea.

EVENTO HOJE

Hoje a OPO Barra Mansa, que funciona no térreo da Santa Casa, vai realizar uma ação em frente a unidade médica, que fica na Rua Pinto Ribeiro, no Centro. “Queremos mostrar para a população o quanto é demorada a espera por um órgão e com as pessoas mais conscientes e esclarecidas, essa demora pode diminuir. Através do aumento da doação, podemos ter uma fila andando mais rápido”, disse a coordenadora de Enfermagem da OPO, Daniela da Silva, acrescentando que no mesmo dia, uma missa será realizada na Capela da Santa Casa, em homenagem aos familiares de doadores de órgãos.

Desde quando iniciou as atividades, em 2015, a OPO Barra Mansa já realizou 296 captações de órgãos e tecidos, entre eles: 31 fígados, 60 rins, 50 córneas, 50 escleras, 85 ossos, 12 tendões e 8 peças de pele. Cada pessoa doadora pode salvar até oito vidas.

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