ONU renova seus votos em evento que celebra seus 75 anos

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NOVA IORQUE

Silas Avila Jr.

Editor Internacional do Jornal Voz da Cidade

Jornalista correspondente na Organização das Nações Unidas em Nova Iorque

 

As Nações Unidas marcaram esta segunda-feira, 21, o seu 75º aniversário em um evento com o tema: “O futuro que queremos, as Nações Unidas que precisamos”.  O evento aconteceu no salão principal da Assembleia Geral, em Nova Iorque, obedecendo medidas de distanciamento social para prevenir a contaminação com a Covid-19.

A partir desta terça-feira, 22 de setembro, chefes de Estado e Governo enviarão discursos gravados com duração de 15 minutos; o Brasil tradicionalmente é o primeiro a falar seguido dos Estados Unidos que é o país de sede da ONU, Turquia, China e Chile; Angola será o nono orador da tarde da abertura.

A pandemia da Covid-19 levou as Nações Unidas a organizarem o primeiro debate geral virtual de sua história com líderes internacionais. Cada país poderá ter um representante no hall da Assembleia Geral, que em muitos casos será o embaixador dos Estados-membros. O objetivo é limitar a ocupação da Assembleia para 200 pessoas, no máximo, evitando assim riscos de contaminação com o novo coronavírus.

Na primeira Sessão Especial da Assembleia Geral das Nações Unidas em 28 de abril de 1947 o Dr. Oswaldo Aranha, foi eleito Presidente da Assembleia. A Sessão Especial foi convocada a pedido do Reino Unido para considerar a questão da Palestina.

O Coronel William Roy Hodgson, (a esquerda), Austrália, falando com o Dr. Oswaldo Aranha, Brasil – Divulgação

Pesquisa
Para marcar a data, a ONU organizou uma pesquisa global sobre o papel da organização no mundo. Líderes jovens pediram mais ação internacional e uma nova declaração sobre multilateralismo e cooperação.  A ONU divulgou o resultado da pesquisa onde mais de 1 milhão de pessoas de todo o mundo participaram.

Em todas as regiões, faixas etárias e sociais, os entrevistados concordaram com as  prioridades para o futuro. A pesquisa revela um forte apelo à ação sobre desigualdades e mudanças climáticas, bem como mais solidariedade.

As principais preocupações são a crise climática e a destruição de meio ambiente. Outras prioridades incluem maior respeito pelos direitos humanos, resolução de conflitos, combate à pobreza e corrupção.

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A pesquisa também avaliou como os cidadãos veem as Nações Unidas e enxergam a sua missão. Mais de 87% dos entrevistados acreditam que a cooperação global é vital para lidar com os desafios atuais, e que a pandemia tornou a cooperação internacional mais urgente.

Seis em cada 10 entrevistados acreditam que a ONU tornou o mundo um lugar melhor. Olhando para o futuro, 74% veem a organização como “essencial” para enfrentar os desafios.

Apesar dessa visão positiva, os entrevistados desejam que a ONU mude e inove. Pedem uma organização mais inclusiva, transparente, responsável e eficaz.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, considerou estes resultados surpreendentes. Ele disse que “as pessoas estão pensando grande” e “agora é a hora de responder a essas aspirações e realizar esses objetivos.”

Conquistas 

Na abertura do encontro, o Secretario-Geral da ONU contou que a organização “só surgiu depois de um imenso sofrimento.”  Segundo ele, “foram necessárias duas guerras mundiais, milhões de mortes e os horrores do Holocausto para que os líderes mundiais se comprometessem com a cooperação internacional e o Estado de direito.” Esse compromisso produziu resultados. Uma Terceira Guerra Mundial foi evitada e nunca, na história moderna, houve maior espaço de tempo sem um confronto militar entre as grandes potências.

Secretário-geral da ONU, Guterres, na abertura do evento – UN FOTO/Divulgação

Sobre os desafios que persistem, ele lembrou que, dos 850 delegados na Conferência de São Francisco, onde foi fundada a ONU, apenas oito eram mulheres. Segundo ele, “a desigualdade de gênero continua sendo o maior desafio para os direitos humanos em todo o mundo”.

Guterres realçou ainda a mudança climática, o colapso da biodiversidade, o aumento da pobreza, o espalhar do ódio, o crescimento das tensões geopolíticas, a ameaça nuclear, desafios criados por novas tecnologias e a pandemia de Covid-19. Existe “um superávit de desafios multilaterais e um déficit de soluções multilaterais”.

António Guterres disse que irá trabalhar em um relatório com propostas para estes desafios, mas que já conhece uma das soluções: mais multilateralismo e um multilateralismo mais eficaz.   Ele disse ainda que “ninguém quer um governo mundial, mas deve-se cooperar em conjunto para melhorar a governança mundial”.

Discursaram ainda no encontro, o presidente do Conselho de Segurança, Abdou Abarry, o presidente do Conselho de Segurança e o Conselho Económico e Social, Ecosoc, Munir Akram, o presidente da Corte Internacional de Justiça, Abdulqawi Ahmed Yusuf, e dezenas de representantes de Estados-membros.

Apelo 

Quatro representantes da juventude, das Bahamas, Gana, Malásia e França, apresentaram um apelo à ação.  No final do encontro, os países aprovaram, por consenso, uma nova declaração de apoio à missão da ONU. Segundo o texto, “não há nenhuma outra organização global com a legitimidade, poder de convocação e impacto normativo das Nações Unidas”.

Os Estados-membros concluem dizendo que “nenhuma outra organização global dá esperança a tantas pessoas”.

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