ONU diz que 4,8 milhões de pessoas no Sahel Central estão sob ameaça de fome

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NOVA IORQUE

O aumento da insegurança e de eventos climáticos severos estão levando ao risco de insegurança alimentar na região do Sahel Central. É o que disseram em comunicado, divulgado nesta segunda-feira, dia 3, três agências das Nações Unidas que alertaram sobre a piora da situação na região. Os organismos humanitários pediram ação imediata para reverter à ameaça de fome a milhões de pessoas.

Meninos brincam em Kaya, no Burkina Fasso. Acesso a água potável também está caindo na região. Foto: Ocha/Giles Clarke

Estação da Seca

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA), informaram que apesar de uma produção agrícola global satisfatória, o risco de fome existe para 4,8 milhões de pessoas. A maior preocupação ocorre com a chegada da estação de seca, de junho a agosto.

As agências revelam que existe uma escalada, sem precedentes, das necessidades humanitárias no Sahel Central. E este é um fator importante na situação alarmante observada de forma geral na África Ocidental em 2020.

Em toda a região, o número de pessoas sob risco de insegurança alimentar pode subir para 14,4 milhões, um nível que não era atingido desde 2012.

Conflito

A maior preocupação é em Burkina Fasso, no Mali e no Níger, onde o conflito e seus impactos nas comunidades se tornaram a principal causa de insegurança alimentar. Os três países enfrentam ainda um aumento no número de incidentes de segurança, que incluem ataques de grupos armados e conflitos comunitários.

De acordo com as agências, a situação é particularmente preocupante em Burkina Fasso.  Ali, o número de pessoas deslocadas internamente é seis vezes maior do que em janeiro de 2019, passando de 90 mil para mais de 560 mil em dezembro de 2019.

Fome

O diretor regional do PMA na África Ocidental e Central, Chris Nikoi, disse que está sendo observado “um aumento impressionante da fome no Sahel Central.” Ele alertou que “o número de pessoas com insegurança alimentar dobrou após o período da colheita, quando deveria ter baixado.”

A FAO, o Unicef e o PMA enfatizam que as mudanças climáticas estão prejudicando os meios de vida na região, que já são frágeis. Essa situação é exacerbada por conflitos armados e comunitários, roubo e banditismo, que prejudicam a mobilidade dos rebanhos animais, o acesso a forragens e recursos hídricos.

Isso também leva a uma concentração de animais em áreas mais seguras, com o risco de agravar conflitos entre agricultores e pecuaristas.

Família no Burkina Fasso, afetada por insegurança alimentar. Foto: Ocha/Otto Bakano

Coesão Social

A ONU alerta que no geral, a crescente vulnerabilidade das populações rurais, a insegurança e o conflito de recursos estão interrompendo a coesão social entre as comunidades, levando a uma piora da crise no Sahel a longo prazo.

Por isso, a assistência imediata para responder as necessidades urgentes deve ser associada a investimentos substanciais em meios de subsistência e serviços sociais rurais, a fim de reforçar a coesão social e fornecer as bases para a paz na região.

Crianças

Ainda, de acordo com as agências, graças aos esforços coletivos na prestação de serviços preventivos, os resultados das pesquisas nacionais de nutrição de 2019 no Sahel não mostram um declínio imediato no estado nutricional das crianças.

No entanto, a situação permanece frágil, com taxas de desnutrição global aguda que estão acima ou perto do “limite grave” da OMS no Níger, com 10,9%, e no Mali, com 9,4%. A situação também é preocupante no norte de Burkina Fasso, onde a insegurança generalizada está dificultando significativamente a prevenção e o tratamento da desnutrição aguda entre mães e crianças pequenas. (*Com informações da Agência ONU News).

* Luciano R. Pançardes – Editor Chefe

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