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Obra em altar da Igreja Matriz causa revolta de fiéis de Barra Mansa

Por Carol Macedo
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BARRA MANSA
No final da manhã desta quarta-feira , 28, por volta de 11h45min, populares informaram ao A VOZ DA CIDADE que estariam ouvindo barulhos de obras, vindos do interior da Igreja Matriz de São Sebastião, no Centro, e que gostariam de informações sobre o que estava acontecendo. As portas da igreja amanheceram fechadas com uma informação colada de que as missas seriam realizadas no Asilo das Órfãs, próximo a Matriz, até sábado, 1º, para preparação de um casamento comunitário. Pela janela era possível ver uma obra sendo realizada, com pessoas trabalhando. E quem disse que em igreja não existe polêmica está enganado. Há algum tempo está sendo discutida a reforma do altar do templo, onde muitos fiéis são contrários, por se tratar de um patrimônio histórico, sendo necessária apresentação do projeto no Conselho Municipal de Cultura para sua aprovação. Isso antes da obra acontecer.
Uma reunião está marcada para esta sexta-feira, às 9 horas, no Palácio Barão de Guapy, para que o projeto da obra seja apresentado ao conselho. Porém, como ilustra a foto divulgada as obras já estão em andamento.  Uma das lideranças da Igreja São Pedro, do bairro Cotiara, Anderson Nunes, disse que na sexta-feira, 30, e sábado, 1º, estará às 10 horas, na Praça da Matriz para coletar assinaturas para um abaixo-assinado. “Convocamos todos para um ato simbólico de abraço a Igreja Matriz em protesto contra essa agressão ao nosso patrimônio”, afirma.
Anderson ainda conta que existe outro abaixo-assinado online pelo link https://goo.gl/z49f4w. Ele também expressou sua indignação com a obra da Igreja Matriz. “É surreal isso que está acontecendo. É um patrimônio da nossa cidade e ninguém pode dizer que acha que está feio e que quer mudar, sem mais e nem menos. E não sou apenas eu que não concorda com essa obra. Está acontecendo um apelo popular muito grande contra isso, já até existe uma petição online e manual, para colher assinaturas”, contou.

FORA DA LEI

A Fundação Cultura Barra Mansa emitiu uma nota informando que o Padre Milan e a equipe de Patrimônio da Mitra Diocesana de Volta Redonda/ Barra do Piraí, foram orientados sobre a legislação que afeta o projeto. De acordo com a nota enviada, “conforme o Programa de Patrimônio Histórico-Cultural e do Tombamento Municipal previsto entre os artigos 22 e 55, projetos dessa natureza devem ser apreciados pelo Conselho Municipal de Cultura. Portanto, é competência exclusiva do conselho a anuência do Projeto”.

O presidente da Fundação de Cultura, Marcelo Bravo, ressaltou que a igreja Matriz levou 20 anos para ser construída e durante cerca de 100 anos o altar original foi mantido. “A igreja é a referência central da cidade tendo um papel impactante na formação do município e já é um cartão postal de Barra Mansa. Tudo isso fundamenta o tombamento”, contou, explicando ainda sobre a Lei 4.602. “O inventário que especifica os itens do tombamento da igreja ainda não está feito, porém a lei diz que enquanto não for feito o inventário, não poderão sofrer modificações até que sejam definitivamente tombadas” contou.


Marcelo Bravo ressaltou ainda que pediu consultoria da Procuradoria do município para saber os desdobramentos possíveis para o caso da realização de uma obra sem a aprovação do projeto. “Não é só o padre ou o fiel que devem opinar sobre mexer ou não na igreja, pois a partir do momento que um local é considerado patrimônio cultural, isso passa a ser objeto de análise das políticas culturais”, afirmou.

Uma das lideranças comunidade Nossa Senhora Aparecida, do Boa Sorte, Flávio Victor Crizio, conta que está ofendido com o início da obra, sem que antes a população fosse consultada e os fatos esclarecidos. “Tentamos conversar com o Padre Milan para debater essa questão, mas ele não aceita a opinião dos outros. Ele não deu detalhes de custo e nem de quem aprovou essa obra”, relatou.

O A VOZ DA CIDADE entrou em contato com a Diocese de Barra do Piraí/Volta Redonda, que informou inicialmente, por meio de uma nota, que acompanha o caso por meio do setor de Patrimônio Histórico e Elementos Artísticos e se reunirá com os responsáveis pelo projeto. No início da noite outra nota foi enviada com o seguinte teor: “Não há qualquer intenção de demolir o atual painel que está na parede dos fundos do altar, construído na última grande reforma entre 1956 e 1960.A decisão de adaptação do presbitério e altar do templo foi tomada com a participação da comunidade em reuniões do conselho pastoral da paróquia, ocorridas nos meses de setembro e outubro e votada com ampla e favorável aprovação na assembleia paroquial realizada em novembro, contando com a participação de representantes de todas as comunidades da paróquia. A mudança foi proposta para atender às exigências da Lei de Acessibilidade n. 10.098 de 19/12/2000 e para ampliar a comunicação do espaço litúrgico, aproximando os celebrantes do povo, de acordo com as orientações do Concílio Vaticano II. Parte da obra foi iniciada nesta semana”. Além disse informa que a segunda fase, essa sim, que prevê a colocação dos novos painéis, ainda está em estudo para ser aprovada pelas competentes instâncias do governo municipal e da Comissão de Arte litúrgica da Diocese, sempre preservando o antigo painel.

Foi realizado também, o contato com a secretaria da Igreja Matriz, para que o responsável pela igreja, padre Milan, se pronunciasse, mas que não tinha ninguém no momento para responder.

Igreja amanheceu hoje com as portas fechadas – Fábio Guimas

 

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