“O pior crime de guerra é a própria guerra”, afirma Guterres em visita a Ucrânia

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Secretário-geral das Nações Unidas esteve em três cidades fortemente atacadas pelas forças russas perto da capital ucraniana Kyiv; ele reforçou que a guerra é absurda e inaceitável; Guterres ainda fez um apelo para que investigações sigam e que os autores responsabilizados

IRPIN /NOVA IORQUE

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, chegou à Ucrânia nesta quinta-feira. Ele tem encontros separados com o presidente Volodymyr Zelenskyy e o ministro de Relações Exteriores, Dmytro Kuleba.

A visita do chefe da ONU ao país acontece após Guterres se reunir também com os chefes de Estado da Turquia, Rússia e Polônia. Todos sobre a guerra no território ucraniano e na busca de formas de acesso de ajuda humanitária, evacuação de civis e pelo fim da violência.

Visita à Ucrânia

O secretário-geral visitou três cidades perto de Kyiv fortemente afetadas, que tiveram a infraestrutura civil destruída. Ao observar os abalos causados pela violência, ele contou que imaginava como seria sua própria família vivendo nas casas alvejadas e fugindo dos ataques.

Para Guterres, a guerra no século 21 é um absurdo e inaceitável. Ao ver de perto a destruição, ele expressou pêsames às famílias das vítimas.

Reações

Ao passar pelas cidades bombardeadas de Borodyanka, Bucha e Iprin, o secretário-geral ficou chocado e lembrou que famílias inteiras e crianças tiveram que enfrentar essas imagens de horror.

Em Bucha, o líder da ONU visitou um local no qual havia uma vala comum onde centenas de pessoas foram enterradas por familiares e vizinhos. Ele afirmou que é de extrema importância abrir investigações sobre a ofensiva à Ucrânia, reforçando seu apoio ao trabalho do Tribunal Penal Internacional, TPI.

Guterres ainda fez um apelo para que a Rússia coopere com as investigações. Ao falar sobre os crimes de guerra, ele disse que “o pior crime de guerra é a própria guerra”.

Civis

Em Irpin, o chefe da ONU visitou um complexo residencial destruído e afirmou que o “cenário horrível demonstra algo que infelizmente é sempre verdade: os civis sempre pagam o preço mais alto”.

De acordo com o Centro de Satélites das Nações Unidas, 71% de Irpin foi destruída.

No início deste mês, a chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, disse que ficou “horrorizada” com imagens mostrando os corpos de civis mortos nas ruas de Bucha e em sepulturas improvisadas.

Para a alta comissária, os relatos levantam questões sérias sobre possíveis crimes de guerra, bem como graves violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos.

Investigações

Sobre o apelo feito pelo secretário-geral na busca de justiça para as vítimas na Ucrânia, o promotor do TPI, Karim Khan, falou a jornalistas, na noite de quarta-feira, do lado de fora do Conselho de Segurança na sede da ONU em Nova York.

Ele afirmou que esse é um momento de ação e que o “direito internacional não pode ser um espectador passivo”, precisando se mover para proteger e buscar responsáveis.

O promotor conduz uma investigação sobre possíveis crimes de guerra e contra a humanidade desde 2 de março, após o encaminhamento de um pedido de 43 Estados-membros.

O foco da investigação são “supostos crimes cometidos no contexto da situação na Ucrânia desde 21 de novembro de 2013”.

Segundo Khan, desde o início da investigação, uma equipe de especialistas já examinou vários locais na Ucrânia, incluindo Lviv, Kyiv e Bucha.

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