SUL FLUMINENSE
Pesquisa feita pelo A VOZ DA CIDADE com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) esta semana aponta um aumento de recuperação de veículos nas estradas da Região Sul Fluminense, alguns deles, inclusive, de luxo ou alto padrão. Entre janeiro e 29 de outubro deste ano, foram 78 veículos; sendo, no mesmo período de 2023, 59. Ou seja, um aumento de 32,2%. No ano passado, em seu total de meses, foram 65 registros e recuperações, ou seja, em 2024, antes do ano terminar, o número já é superior ao ano anterior.
O A VOZ DA CIDADE conversou com o policial rodoviário Carlos André Nogueira, que explicou que o levantamento é referente ao trecho da 7ª Delegacia da PRF, que compreende: a Rodovia Presidente Dutra (BR-116), do km 224 ao 339, na divisa Rio x São Paulo, BR-354, do km 26 ao km 0, na divisa Rio x Minas Gerais, BR-485, do km 0 ao km 8, na Estrada do Parque Nacional de Itatiaia, BR-393, do km 296,5 ao km 300, no trecho de Barra Mansa até interseção com a Via Dutra.
Nogueira explica que arrisca dizer que mais de 90% dos veículos recuperados neste trecho, são clones. “Que foram montados, ou no jargão policial que eles ‘esquentam’. Roubam ou furtam determinado veículo e utilizam as identificações de um outro que eles tenham acesso de mesmo modelo, marca, cor, ou seja, idêntico, e eles utilizam esse número de identificação para colocarem nesse veículo do crime, fazendo que ele, que já tem registro, seja adulterado”, disse, explicando que nas abordagens, as equipes fazem as checagens necessárias no sistema e nos itens de identificação. “Ao observar esses dados, verificamos quando não estão no padrão, e fazemos inspeção, confirmando na maioria das vezes a clonagem e, sendo possível, chegar ao veículo original”, completou.
O policial diz que na maioria deles, as quadrilhas vão se especializando e fazendo uma clonagem bem próxima ao padrão de fábrica. Que não é qualquer pessoa que consegue identificar, é necessário ter treinamento para checar que existe adulteração.
USADOS PARA O CRIME
Sobre o uso desses veículos produtos de roubo ou furto, Nogueira explica que eles podem ser variados. Pode ser para repassar o veículo, muitos deles anunciados em redes sociais ou em sites de venda, onde acabam sendo aceitos por já terem tido a placa adulterada. Ou, em outros casos, esses veículos podem ser utilizados também, por exemplo, para fins criminais, como ocorreu está semana em Barra do Piraí. Seis pessoas, entre elas um menor, foram capturadas em Seropédica com armas após um assalto a uma residência. O veículo que eles utilizaram era produto de roubo/furto. “Alguns, inclusive, até são utilizados para moeda de troca, onde os criminosos levam para fronteiras para negociar por drogas. Então, podem ser para vários fins estes veículos”, completou rodoviário.
MUITO BARATO? DESCONFIE
O policial faz um alerta, pedindo que as pessoas fiquem atentas sobre as ofertas muito baixas do valor real na hora de comprar um veículo. “O valor está bem abaixo do valor do mercado, mas também há casos de que deixam no preço próximo da tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas”. O ideal é que a pessoa fique atenta aos detalhes ou que leve a uma empresa especializada para confirmar a idoneidade”, disse Nogueira, esclarecendo que às vezes, pode ser mesmo que a pessoa esteja vendendo por um valor abaixo por estar precisando, mas deve-se desconfiar quando o preço chama atenção.
ORIGINAL X CLONE
Nogueira finaliza explicando que normalmente quando os criminosos montam o veículo clone, eles fazem com identificação de outra cidade ou até de outro estado. “Eles tentam enviar esses veículos para outra capital ou para interior para que eles fiquem longes e que não seja possível identificação de estar rodando na mesma área. Correndo até o risco de estarem no mesmo local. Aqui na região, por exemplo, as cidades são bem próximas, então a possibilidade de um veículo original e um clone se encontrarem, é maior. Por isso que normalmente, os criminosos usam clonagem de veículos de outros estados para dificultar esse encontro, mas, que pode sim acontecer, como já ocorreu”, concluiu o policial Carlos André Nogueira.