Nove meses da guerra da Ucrânia: como o conflito se desenrolou e para onde caminha

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Por Vagner dos Santos Alves

A guerra na Ucrânia já passa de 250 dias. Esse conflito, que se iniciou no dia 24 de fevereiro, teve como causa principal a reação da Rússia quanto à uma possível aproximação da Ucrânia com a aliança militar OTAN. A OTAN é um tratado cujo princípio é garantir a todos os países membros que caso um dos seus componentes seja atacado por um inimigo todos os países entram em sua defesa. A Rússia não aceita esta aproximação, pois a Ucrânia faz fronteira direta com seu território e ao se associar a OTAN, dará permissão para que a Organização coloque toda sua estrutura bélica nos limites do território russo. Na visão de Vladimir Putin, isto representa uma ameaça a sua segurança territorial.

Como forma de reagir a essa possível aproximação da Ucrânia com a OTAN, a Rússia declara, em meados de fevereiro deste ano, que reconhece o pedido de independência das regiões de Luhansky e Dometski, áreas que ficam no leste da Ucrânia, que tem população de maioria russa e que querem se tornar independentes da Ucrânia e, até mesmo, serem anexadas à Rússia.

Diante desses dois impasses, Ucrânia se aproximando da OTAN e Rússia apoiando separatistas, o país de Vladimir Putin invadiu a Ucrânia e declarou guerra ao país com o objetivo de que a Ucrânia se comprometa a não se filiar a OTAN e que reconheça o pedido de independência das regiões situadas no leste do país.

Como reação imediata a invasão da Rússia na Ucrânia, os Estados Unidos, juntamente com o Reino Unido e países da União Europeia, decretam uma série de sanções comerciais contra a Rússia. Essas sanções têm como objetivo enfraquecer o comércio do país, levando, consequentemente, a um estrangulamento econômico do Rússia, o que dificultaria o financiamento da guerra. Além disso, os países do ocidente começaram a enviar armas e suprimentos para a Ucrânia a fim de que o país consiga resistir ao ataque russo. Com isso, o conflito, que aparentemente seria facilmente vencido pelos russos, não foi resolvido de imediato, tendo a guerra se arrastado até os dias atuais e sem previsão de se encerrar.

Na medida em que os russos vão ampliando seus ataques à Ucrânia, os países ocidentais aumentam as sanções contra a Rússia atingindo setores comerciais, econômicos e, até mesmo, na área do esporte e cultura.

O problema é que essas sanções estão afetando, principalmente, a União Europeia. Isso ocorre porque os europeus têm uma dependência muito grande de uma série de produtos, sobretudo combustíveis fósseis e alimentos, que são importados da Rússia e da Ucrânia; é isso que os economistas chamam de efeito boomerang.

Importante salientar que a Rússia está conseguindo um fôlego econômico pois a China tem comprado produtos russos que antes eram comercializados com a União Europeia.

A consequência direta para os países europeus é o aumento da inflação e a queda do poder aquisitivo das famílias, o que gera uma série de problemas socioeconômicos oriundos da escassez de vários produtos.

Os governos europeus encontram-se numa situação delicada, principalmente pela redução no fornecimento de gás natural. Tudo indica que a estratégia de Putin é aguardar o mês de dezembro, quando começa o inverno na Europa. Neste período a demanda por petróleo e gás natural cresce muito sobretudo para que seja feita a calefação das casas e empresas. Sem o gás natural, a calefação fica comprometida e o inverno fica rigoroso demais levando riscos, inclusive, para a vida das pessoas.

Muitos estrategistas em geopolítica afirmam que Vladimir Putin espera que com a chegada do inverno a Europa fique numa situação ainda mais complicada e resolva pressionar a Ucrânia para que seja feito um acordo com a Rússia para pôr fim à guerra e haja o restabelecimento do fornecimento de gás natural.

Ocorre que nos últimos dias, a Ucrânia tem conseguido recuperar vários territórios que estão dominados pela Rússia. Com o nível de ajuda bélica, financeira e logística que os ucranianos estão recebendo dos aliados ocidentais, parece ficar cada vez mais difícil para a Rússia conseguir dominar as áreas desejadas e definitivamente enfraquecer a Ucrânia. Com isso o desfecho da guerra que parte para o nono mês parece muito incerto

Vagner dos Santos Alves é professor do curso de História e especialista em Geopolítica e Questões Ambientais.

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