Brasília/Barra mansa
O Comitê Extraordinário de Monitoramento da Associação Médica Brasileira (AMB) emitiu na última segunda-feira, dia 14, um boletim reforçando as orientações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) para evitar que o Brasil tenha uma explosão de casos de Covid-19, diante da onda em andamento, relacionada com a nova sublinhagem BQ.1 da variante de preocupação da Ômicron.
A entidade orientou que a população utilize máscaras em ambientes fechados e evite aglomerações, recomendação que deve ser seguida principalmente por idosos e imunossuprimidos.
O objetivo do alerta é evitar que o aumento de casos leve a hospitalizações, mortes e superlotação dos serviços de saúde públicos e privados. Assim como no documento assinado pelos infectologistas, a AMB cobrou a aquisição e oferta de doses para todas as crianças na faixa de seis meses a menores de cinco anos. O Ministério da Saúde iniciou a distribuição de doses para esse grupo, mas apenas para crianças com comorbidades.
Para a população com mais de 18 anos, a recomendação é manter o esquema com quatro doses atualizado.
As entidades defendem agilizar o processo de aprovação de vacinas bivalentes, caso dos imunizantes que protegem contra a cepa original e a variante ômicron do novo coronavírus, que estão em análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também cobraram a oferta de medicamentos contra a doença.
VACINAÇÃO E VARIANTES
De acordo com o pneumologista de Barra Mansa, Francis Bullus, a falta de vacinação ou o ciclo vacinal incompleto vem gerando tais variantes da Covid-19. “Quem não se vacina ou não termina o ciclo propicia o surgimento de novas variantes, são mais brandas, mas os casos têm aumentado consideravelmente. Considero essa variante mais forte pois ela vem causado um número maior de internações, que em sua maioria, é de não vacinados”, ressalta.
Em relação a volta do uso das máscaras, ele destaca que é totalmente a favor. “Sempre defendi e defendo o uso de máscaras em ambiente médico, seja um hospital, seja uma clínica. Principalmente neste momento que estamos vivendo de um novo surgimento de variante é fundamental voltar a usar em eventos de massa, em transporte público. A Copa do Mundo está chegando e com ela toda a preocupação e atenção será redobrada. A política influencia na ciência, se não há investimentos, não se combate às desigualdades sociais, se não se combate os preconceitos, não resolve o problema. Todo um comportamento das autoridades influencia no que estamos vivendo”, analisa.
Nova sublinhagem da ômicron
Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a positividade passou de 3,7% para 23,1%, na comparação entre a primeira semana de outubro e a primeira semana deste mês.
Nos últimos dias, a nova sublinhagem da ômicron foi detectada nos estados do Rio de Janeiro, Amazonas, Rio Grande do Sul e São Paulo, onde uma paciente de 72 anos diagnosticada com a BQ.1 morreu.
Desde o início de outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou a observação de novas sublinhagens da variante de preocupação ômicron, responsável pelos casos de Covid-19 no mundo. A BQ.1 tem sido apontada como causadora de uma nova onda de infecções pelo novo coronavírus nos Estados Unidos e na Europa e já circula no Brasil.
A BQ.1 e suas sublinhagens, como a BQ.1.1, são descendentes da também sublinhagem BA.5 – todas pertencentes à variante ômicron. Elas são resultado de mutações no vírus que não chegam a causar grandes modificações no material genético, de modo que continuam parecidas com a linhagem (ou variante) das quais fazem parte. É por isso que, em relatório, a OMS informou que seu Grupo Consultivo Técnico sobre a Evolução do Vírus SARS-CoV-2 acredita que, neste momento, não é necessário designar novas variantes de interesse a partir dela.
Ainda não há dados sobre a gravidade e a capacidade de escapar da proteção das vacinas da sublinhagem BQ.1. Mesmo assim, a OMS alertou para o fato de que ela tem demonstrado uma vantagem de crescimento significativa sobre outras sublinhagens ômicron circulantes em muitos locais, incluindo Europa e Estados Unidos, e que ‘merece monitoramento rigoroso’. A entidade sugere que a possibilidade de reinfecção pelo novo coronavírus seja investigada.