SUL FLUMINENSE
Uma das maiores obras de infraestrutura em execução no Brasil, a construção da Nova Serra das Araras, na Rodovia Presidente Dutra (BR-116), entrou em uma fase decisiva e já ultrapassa 56% de execução física. Com investimento de quase R$ 1,5 bilhão, o projeto promete transformar definitivamente um dos trechos mais críticos do principal corredor logístico do país, responsável por concentrar cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
Executada pela RioSP, empresa Motiva, a obra está localizada entre os quilômetros 225 e 233, na divisa entre Piraí e Paracambi, no Sul Fluminense. O empreendimento prevê a construção de duas pistas de oito quilômetros cada, com quatro faixas de rolamento por sentido, além de uma faixa de segurança e acostamento e velocidade máxima de 80 km/h, reduzindo em até 50% o tempo de deslocamento no trecho. “O trecho da Dutra é o mais importante do país, ligando Rio de Janeiro e São Paulo. Metade do PIB passa por aqui. Essa obra vai trazer desenvolvimento, mais segurança e fluidez não só para Piraí e Paracambi, mas para todo o Sudeste e para o Brasil”, destaca o gerente de implantação da Nova Serra das Araras, Virgilius Morais.
Engenharia de grande porte
O novo traçado contará com 24 viadutos, três passarelas, duas rampas de escape e um conjunto de obras de arte especiais que alteram completamente a geometria da serra. Segundo a concessionária, a elevada quantidade de viadutos é estratégica para eliminar curvas acentuadas, aumentar a segurança e permitir a integração ambiental da obra. “O grande motivo para tantas obras de arte é retirar as principais curvas da serra. Isso melhora a fluidez do tráfego e também permite a passagem de fauna, sem bloquear os talvegues naturais”, explica o coordenador de engenharia da RioSP, Tiago Pinho Batista.
As obras tiveram início em abril de 2024, após três anos de desenvolvimento do projeto executivo, e hoje operam com 34 frentes de trabalho, envolvendo cerca de cinco mil empregos diretos e indiretos. Até o momento, mais de 100 detonações controladas foram realizadas, com movimentação de aproximadamente 160 mil metros cúbicos de rocha, volume equivalente a 10 mil caminhões-caçamba.
Tráfego mantido durante as obras
Mesmo com a complexidade do projeto, a rodovia segue em operação, recebendo cerca de 390 mil veículos por mês, o que exige planejamento rigoroso e protocolos de segurança reforçados. “O principal desafio é executar uma obra dessa magnitude em um trecho de serra, mantendo a rodovia funcionando. Precisamos garantir segurança tanto para quem trabalha quanto para quem trafega”, ressalta Tiago Pinho, coordenador de engenharia da obra da Nova Serra das Araras.
Cronograma adiantado
A obra apresenta avanço acima do previsto. Atualmente, cerca de 70% da terraplenagem e 70% das estacas já foram executadas. A previsão é de que aproximadamente quatro quilômetros do novo traçado sejam liberados ao tráfego no primeiro semestre de 2026.
Segundo Pollyana Ferraz, supervisora de engenharia da obra, a antecipação do cronograma foi possível graças a soluções técnicas e reforço operacional. “Foi viabilizado um conjunto de estudos de engenharia, ampliação do parque de equipamentos e adoção de dois turnos de trabalho, o que permitiu acelerar significativamente o andamento da obra”, explica.
Impacto nacional e investimentos
A obra da nova Serra das Araras integra o plano de investimentos da RioSP dentro da nova concessão da Via Dutra e da Rio-Santos, que prevê R$ 26 bilhões em aportes ao longo de 30 anos, sendo R$ 15 bilhões destinados a obras de ampliação e modernização.
Além da Serra das Araras, a concessionária já realizou grandes transformações na Via Dutra. Entre Guarulhos e São Paulo, uma das regiões mais movimentadas do país, o investimento foi de cerca de R$ 1,4 bilhão. Entre as principais novidades, está a ampliação da pista expressa, entre a Rodovia Hélio Smidt e a capital paulista. A acessibilidade ao Aeroporto de Guarulhos foi aprimorada com a construção de um novo viaduto. Além disso, foi construída uma nova ligação com o viaduto do Tatuapé, facilitando o acesso à zona leste de São Paulo, e implantados três novos viadutos de conexão entre a Dutra e a Fernão Dias; e um dispositivo de retorno na Jacu Pêssego. Já em São José dos Campos, a RioSP entregou novas pistas marginais, adequou passarelas e reformulou o trevo de Jacareí. “Cuidar de um país gigante como o Brasil exige empresas gigantes. Temos orgulho do tamanho da responsabilidade que assumimos”, finaliza Virgilius Morais.



