Nova gasolina é comercializada visando o desempenho de veículos

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SUL FLUMINENSE

Esta liberada para venda nos postos de combustíveis de todo o país uma nova gasolina tipo C, reformulada para evitar o desgaste do motor. Com aval da Petrobras, a gasolina de alta octanagem produzida em refinarias do Brasil ou importada para distribuição no País passou a ser disponibilizada para distribuidoras. A mudança se deve à Resolução nº 807/2020, publicada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em janeiro. São novos parâmetros para a destilação, a octanagem e a massa específica da gasolina automotiva vendida no país.

Agora, toda a gasolina comprada pelas distribuidoras precisará atender às especificações: as empresas terão 60 dias para vender os produtos adquiridos fora das exigências e os postos de gasolina têm 90 dias para vender os produtos que receberam, fora destas especificações.

A nova metodologia da elaboração da gasolina comum aproxima o combustível consumido no Brasil com o de países da União Europeia, e já adotado em alguns vizinhos latinos como Chile e Argentina, ficando ainda próxima do padrão dos Estados Unidos. Em síntese, a mudança visa reduzir na prática os problemas enfrentados pelos consumidores como danos ao motor, perda de potência, falhas de ignição ou detonação gerada por possíveis abastecimentos com gasolina de baixa qualidade.

A nova gasolina visa adequar o padrão brasileiro ao de países da Europa – Fábio Guimas

O mecânico Rogério Peixoto, de Resende, explica que o objetivo é evitar danos mecânicos e aprimorar o desempenho. “Há mudanças principalmente na contagem da octanagem da gasolina. A gasolina vendida deverá seguir um valor mínimo de densidade (massa específica) de 715 kg/m3 (a 20ºC). Isso deve ajudar na garantia de qualidade do produto e do desempenho no motor. Quanto maior a densidade, maior a capacidade de a gasolina gerar energia. A perspectiva é que esta nova gasolina, pelo que pesquisamos, reduza o consumo do veículo em até 6%. Com essa densidade mínima, será mais difícil a fraude com inclusão de solventes, por exemplo”, explica.

Segundo a ANP, com a novidade a octanagem terá mudanças: troca do método de medição do Índice Antidetonante (IAD), que era uma média aritmética entre os métodos Research Octane Number (RON) e Motor Octane Number (MON). A especificação da gasolina C comum passará para MON mínimo de 82 e RON mínimo de 93, portanto, com um IAD maior, enquanto o RON mínimo da premium passará para 97. “O aumento da octanagem vai permitir que o motor tenha mais potência e, com isso, seja mais econômico e emita menos poluentes. O percentual de etanol anidro foi mantido em 27% para as gasolinas comum e aditivada e em 25% para a gasolina premium”, explica o especialista em motores automotivos.

A novidade pode evitar problemas como o enfrentado pelo comerciário Daniel Correia, 31. “Meu carro falhava muito, tive problemas com velas, pistão e o cabeçote. O desempenho era fraco e o custo de gasolina sempre elevado. Meu mecânico orientou a trocar o posto e o tipo de gasolina. Tudo mudou pra melhor, então, com essa nova gasolina que vai ser vendida espero que tenhamos produto de boa qualidade, sem fraude, misturas erradas. Meu prejuízo foi alto na época e espero que ninguém sofra o que vivi”, conta o morador de Barra Mansa, que trocou jogo de velas, cabos, fez a limpeza e troca de filtros, e com a mão de obra desembolsou em torno de R$ 450.

Com a nova tecnologia a gasolina vai gerar mais potência e menos poluentes – Fábio Guimas

MUDANÇA NO BOLSO

A notícia da nova gasolina despertou o interesse dos motoristas no Sul Fluminense, entretanto, em virtude dos prazos estipulados pela ANP para adaptação de distribuidoras e postos, ainda não é possível abastecer com a gasolina aprimorada. Para o consumidor, a expectativa é que ela tenha valor diferenciado, justificando seus benefícios ao veículo. A Petrobras ressalta que o rendimento deve proporcionar uma compensação no seu preço final, porém, este valor é definido pela cotação internacional do petróleo, câmbio e frete, por exemplo. A empresa é responsável por 30% do preço do combustível nos postos, o restante é agregado pelas distribuidoras e revendedores como tributos e o valor do etanol adicionado.

Segundo a síntese de preços praticados nos postos das principais cidades do Sul Fluminense, no período entre 26 de julho e 1º de agosto, realizado pela ANP, o valor do litro da gasolina comum na região varia de R$ 4,419 (Resende) até R$ 5,549 (Angra dos Reis). Em 13 postos pesquisados em Barra Mansa neste período, a variação é de R$ 4,499 e R$ 4,899, o litro. Em Volta Redonda, o valor médio registrado na pesquisa em 11 postos é de R$ 4,698.

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