VOLTA REDONDA
Os nomes dos vereadores Nilton Alves de Faria, o Neném, presidente da câmara, e de Carlinhos Santana aparecem no termo de declaração do prefeito Samuca Silva, durante o processo envolvendo suposta extorsão do vereador Paulinho do Raio-X. A prisão em flagrante ocorreu no sábado, dia 7 e a soltura, por meio de habeas corpus, na segunda-feira, 9. Os dois vereadores negam o envolvimento, dizem que querem comparecimento do prefeito em CPI que a câmara abrirá, dizem que farão queixas na Justiça e colocam seus telefones à disposição da Justiça.
O A VOZ DA CIDADE teve acesso ao termo. O prefeito narra como tudo começou e transcorreu. Os nomes dos outros vereadores surgem após um dos encontros com Paulinho do Raio-X, onde ele teria dito que poderia conseguir apoio de outros dois vereadores em prol do prefeito sem citar nomes, mas que depois de ter deixado o local, após uma hora, recebeu um telefonema de Paulinho do Raio-X, onde foi solicitado novo encontro, no mesmo local. O prefeito teria retornado. Ao chegar, o vereador teria então dito, segundo depoimento de Samuca, que teria conseguido o apoio de Carlinhos Santana e do presidente da câmara, Nilton Alves de Faria.
O prefeito então questionou que garantias teria de que ambos o apoiariam, e o vereador deu a entender que os envolvidos estavam dispostos a minimizar eventuais repercussões políticas decorrentes do pedido de impeachment formulado por Santana. “Que Paulinho do Raio X novamente pegou um papel em branco e escreveu o valor de RS 260.000,00 (duzentos e sessenta mil reais) como sendo o valor solicitado pelos outros 02 (dois) vereadores, tendo rasurado o escrito imediatamente após o declarante ter lido seu teor”, diz o termo de depoimento, completando que conseguiu filmar o valor escrito no papel.
Pediu ainda uma comprovação de que os vereadores Carlinhos Santana e Neném estavam de fato estavam comprometidos no esquema tendo em vista que em momento algum teve a oportunidade de tratar diretamente com ambos. Nesse momento Paulinho disse que receberia provas de confiança. Falou então de outros dois pedidos de impeachment contra o prefeito de sua autoria e os mesmos não seriam apresentados. O prefeito frisou que não teve contato direto com os outros dois vereadores, a não ser uma ligação feita a ele pelo vereador Neném, na qual o vereador menciona um requerimento da câmara, que não fazia o menor sentido no momento, pois nunca tratou e nenhum assunto desse tipo com o vereador Neném. “Que o declarante acredita que a referida ligação tinha o objetivo de mandar um sinal direto de que Neném estava a par da situação proposta ao declarante por Paulinho do Raio X”, diz outro trecho do depoimento.
Paulinho do Raio-X teria então ligado no dia 3 de março, dizendo que o pedido de impeachment não foi votado e querendo marcar um encontro com os vereadores. Eles ocorreriam de forma separada e preferencialmente por meio de terceiros que representassem os vereadores envolvidos para que não houvesse exposição dos parlamentares. No dia seguinte, ligou novamente para o prefeito solicitando pagamento do valor.
No dia 5 de março em mensagem de texto enviada por Paulinho entendeu que um dos vereadores teria recusado.
No encontro do dia 7, data da prisão, foi até o vereador Paulinho do Raio-X, onde foi solicitada a propina de R$ 40 mil e parcelas mensais de R$ 25 mil pagas até dezembro. Samuca teria então questionado sobre os outros dois vereadores e ele respondeu que receberiam os valores destinados R$ 260 mil, tornando-se assim, ele mesmo, o intermediário dos outros dois parlamentares.
NEGANDO
Em comunicado à imprensa o presidente da câmara, Neném, negou qualquer tipo de envolvimento em esquemas de extorsão ou armações políticas. “Cabe à Justiça determinar onde começou extorsão e onde isso virou uma grande armação para salvar um governo arruinado diante da opinião pública”, disse.
Fala que teve acesso ao termo de declaração que o prefeito Samuca Silva prestou à Justiça. Neném disse que o vereador Paulino do Raio-X fala da tentativa de conseguir apoio de dois vereadores e depois chama novamente no mesmo dia o prefeito para conversar falando agora nomes. Ele afirma que no dia em questão e nos horários das reuniões, ele estava em seu sítio, onde não há sinal de celular. Mas coloca seu telefone celular à disposição das autoridades, para quebra de sigilo telefônico.
Quando Paulinho do Raio-X diz que seria o interlocutor de Neném, o mesmo afirma que não teve nenhuma autorização de falar seu nome. Sobre a ligação que fez ao Samuca, ele nega veementemente que tenha ligado no dia mencionado. “Tal afirmação trata-se de uma tentativa leviana de me vincular ao suposto esquema de corrupção praticado entre Paulinho do Raio X e o prefeito. Quanto a este ponto, eu coloco o meu telefone celular à disposição das autoridades competentes, inclusive com a quebra do sigilo telefônico, para demonstrar que este contato telefônico com o prefeito Samuca Silva nunca existiu”, argumenta.
CONTRA PAULINHO DO RAIO-X E PREFEITO
Hoje, o vereador disse que entrará com uma queixa crime contra Samuca Silva pelo crime de calúnia e difamação, bem com uma interpelação judicial contra Paulinho do Raio-X para que se manifeste acerca das informações contidas no depoimento do prefeito. “Além disso, estarei solicitando na justiça a quebra do meu sigilo telefônico, bem como a quebra do sigilo telefônico do vereador Paulinho do Raio X e do prefeito Samuca Silva. Da mesma maneira, lembro que como Presidente da Câmara Municipal ajudei a aprovar com rapidez a instalação de uma CPI para apurar o caso em âmbito do Poder Legislativo. Adianto agora que vou pedir aos meus pares, de situação e oposição, que aprovem a convocação imediata do Prefeito Samuca Silva para prestar esclarecimentos devidos”, apontou Neném.
CARLINHOS SANTANA
Em suas redes sociais, o vereador Carlinhos Santana disse que coloca seu telefone à disposição da Justiça. Sugere a quebra do sigilo telefônico. Ele afirmou que quem conhece sua vida de quase 60 anos em Volta Redonda sabe que nunca se envolveu em falcatrua e que jamais aceitaria participar de algum esquema. “O governo está maluco, doente, porque na realidade tentei cassar ele e ele disse que me destruiria politicamente. Só que estão tentando destruir minha moral e isso ninguém destrói. Amanhã (hoje) vou a policia e até as últimas consequência para provar que estão fazendo manobra”, afirmou o vereador, frisando que se alguém usou seu nome pagará na Justiça. “Tenho três anos de oposição e não ia jogar fora para aceitar dinheiro de vagabundo nenhum para jogar meu nome e o da minha família na lama. Nunca”, completou.
