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‘No âmbito geológico Barra Mansa foi mais castigada pelas chuvas do que Petrópolis e São Sebastião’, diz coordenador da Defesa Civil

Por Lara Salles
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BARRA MANSA

LARA SALLES

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De novembro até o começo de abril, Barra Mansa registrou com as chuvas quase 450 pontos de deslizamentos, 35 desabamentos, 11 transbordamentos de rios e mais de duas mil famílias foram afetadas. Ao todo, a Defesa Civil contabilizou 1.850 mm de chuva acumulados, com uma média de 370 mm por mês. De acordo com o coordenador, João Vitor da Silva Ramos, técnicos da Defesa Civil Nacional informaram que no âmbito geológico Barra Mansa foi mais castigada pelas chuvas do que Petrópolis, em fevereiro de 2022, e São Sebastião (SP) neste ano. O coordenador falou também sobre como está o processo de solicitação de quase R$ 700 milhões ao governo federal para realização das 28 obras emergenciais na cidade.

Segundo João Vitor, Barra Mansa só não teve uma notoriedade tão grande quanto Petrópolis e São Sebastião, porque a Defesa Civil conseguiu através de diversas iniciativas evitar mortes. “Através do trabalho da Defesa Civil antes do período de chuva nós conseguimos evitar que isso acontecesse, mas de qualquer forma no âmbito geológico, Barra Mansa teve um número de ocorrências bem maior, também porque grande parte da cidade é área de encosta e foram muitos pontos de ocorrência”, falou.

Com chuvas quase que ininterruptas desde novembro do ano passado, Barra Mansa agora contabiliza os prejuízos e corre atrás de alternativas para minimizar os estragos e evitar novas tragédias. “Não tivemos mais que dez dias de estiagem, todas as áreas de encosta no município ficaram saturadas e sem capacidade de absorção do solo. Isso tudo gerou diversas ocorrências”, falou o coordenador.

Com os estragos, mais de 2,3 mil famílias tiveram seus imóveis afetados ou interditados. “Pelo nosso levantamento foram 223 pessoas desabrigadas e 787 desalojados. Os demais foram moradores que tiveram seus imóveis afetados por deslizamentos ou por danos que não geraram necessidade de interdição”, disse João Vitor.

VOLUME DE CHUVA DOBROU

O coordenador explicou também que o período atípico resultou em 1.850 mm de chuva acumulados. “O período de chuva normal acontece dentro do verão, que é de novembro até 20 de março. Mas em fevereiro o Instituto Nacional de Meteorologia informou que esse período iria se estender até maio. Durante esse tempo nós registramos 1.850 mm de chuva acumulados. Para se ter uma ideia a média mensal foi de 370 mm por mês, sendo que nos últimos dez anos a média era de 181 mm a cada mês”, informou.

Desde novembro o município registrou 11 ocorrências de transbordamento, sendo duas do Rio Paraíba do Sul, seis do Rio Barra Mansa e três do Rio Bananal. “A mais crítica dessas ocorrências foi o transbordo do Rio Barra Mansa, que aconteceu na noite do dia 10 de março. Foram registrados 135 mm de chuva e atrelado a isso tivemos duas trombas d’águas em Pouso Seco, distrito de Rio Claro, onde fica a nascente do Rio Barra Mansa, que contribuíram diretamente com quase três metros de água que atingiram a Rua Florianópolis, no bairro Nova Esperança”, falou, acrescentando que nesse mesmo dia uma idosa, de 73 anos, ficou ferida após uma casa desabar durante a madrugada.


João Vitor relatou ainda que alguns eventos climáticos podem ter colaborado para esse período tão atípico relacionado às chuvas em Barra Mansa. “Um dos fenômenos que colaboraram para grande parte das tempestades que tivemos foi uma massa de ar frio que veio do oceano e quando chegou aqui na região encontrou um calor excessivo e acabou condensando. Tivemos dias que choveu 80 mm em Barra Mansa e quando olhávamos os pluviômetros da cidade vizinha, Volta Redonda, tinha marcado 19 mm de chuva. Então foi algo bem atípico que atingiu diretamente o nosso município”, informou.

SOLICITAÇÃO DE VERBAS

Em março o Governo do Estado homologou a declaração de situação de emergência emitida pela Prefeitura de Barra Mansa. Agora, João Vitor explica que o município aguarda o reconhecimento da homologação pela União para que seja realizada a solicitação de aproximadamente R$ 700 milhões ao governo federal. Esse recurso será utilizado para realizar as 28 obras emergenciais.

Estamos aguardando o reconhecimento para podermos lançar a estimativa de custo dessas obras para pleitear a verba federal. Enquanto isso, a Secretaria de Planejamento Urbano está realizando o levantamento de custos para cada obra, para que isso seja encaminhado ao governo federal. Os técnicos da Defesa Civil Nacional informaram que a União tem em torno de 30 dias pra poder fazer a análise dessa solicitação. Se tudo der certo e Barra Mansa for contemplada com esse valor será realizada a contratação das empresas que realizarão essas obras”, disse João Vitor.

LOCAIS ONDE PODEM SER REALIZADAS OBRAS NA CIDADE

São 28 pontos em que serão necessárias obras, como: Rua Santa Barbara, Vista Alegre; Rua Melchior Porto Nunes, Verbo Divino; Rua Jansen de Melo, Centro; Albo Chiesse, também no Centro; Rua José de Abreu, São Sebastião; Travessa Vereador Antenor Rocha, Ano Bom; Ary Parreiras; Vila Coringa; Rua D, Getúlio Vargas; Jardim América; Abelhas, dentre outros.

PREVISÃO DE MAIS CHUVA

João Vitor alertou que até maio há previsão de chuva leve a moderada, por esse motivo a Defesa Civil se mantém em alerta. “Os plantões da Defesa Civil funcionam tanto no período de chuva quanto fora dele, para isso temos equipes que trabalham 24 horas por dia para atenderem a população”, disse.

Os números para entrar em contato com o órgão são: 199 ou (24) 30289370 e o WhatsApp: (24) 981213427.

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