Musculação reduz gordura no fígado e melhora controle do diabetes

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BARRA MANSA

Uma pesquisa feita na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostrou que a prática de exercício físico de força, como a musculação, é capaz de reduzir a gordura acumulada no fígado e melhorar o controle da glicemia em indivíduos obesos e diabéticos em um curto período, mesmo antes que ocorra perda de peso significativa.

Por meio de experimentos com camundongos, pesquisadores do Laboratório de Biologia Molecular do Exercício (LaBMEx) da Unicamp observaram que 15 dias de treino moderado foram suficientes para modificar a expressão gênica no tecido hepático, favorecendo a ‘queima’ dos lipídeos armazenados e contribuindo para o tratamento da doença hepática gordurosa não alcoólica.

Como consequência, houve melhora na sinalização celular feita pela insulina no tecido e redução na síntese hepática de glicose.

De acordo com a personal trainer e especialista em reabilitação e emagrecimento, Isabella Guimarães Machado, a gordura visceral é a gordura que se acumula nas camadas profundas do abdômen, envolvendo os órgãos internos como o coração, fígado, rins, pâncreas e outros. O seu acúmulo é mais prejudicial à saúde, comparado à gordura subcutânea (logo abaixo da pele). “Geralmente as pessoas vinculam a perda de gordura com atividades aeróbicas (como corrida, bike, atividades coletivas), porém a utilização da musculação como ferramenta pode ser sim uma das melhores opções. Devido à ingestão e excessiva de carboidratos e gorduras elevamos o nível de insulina entre outros problemas, o excesso de insulina promove armazenamento de gordura no abdômen e no fígado”, explica a especialista.

Isabella destaca que praticantes de musculação conseguem amenizar a situação de forma mais eficiente e rápida, pois a musculatura esquelética é rica nos receptores de insulina e, ao exercitar os músculos acabamos expressando mais dessas estruturas, fazendo com que fique mais fácil para a insulina, encontrá-las. “Além de que quanto mais massa magra (obtida através do fortalecimento) mais acelerada a taxa metabólica basal, o que acelera o gasto calórico de forma mais eficaz se tratando de gordura visceral. Ainda acredito que a melhor estratégia é combinar musculação com exercícios aeróbicos, não deixando nenhum deles como coadjuvante e sempre com uma alimentação saudável e equilibrada”, complementa.

A PESQUISA

Para investigar o efeito do exercício físico de força no fígado, experimentos foram feitos com três grupos de camundongos. O controle recebeu ração padrão (com 4% de gordura) e permaneceu magro e sedentário. O segundo grupo foi alimentado com dieta hiperlipídica (35% de gordura) durante 14 semanas – tempo suficiente para os animais ficarem obesos e diabéticos — e também permaneceu sedentário durante o experimento. Já os animais do terceiro grupo receberam a dieta hiperlipídica e, quando já estavam obesos e diabéticos, foram submetidos a um protocolo de exercício de força moderado ao longo de 15 dias.

O treino consistia em subir uma escada com uma carga presa na cauda. Diariamente, os animais foram induzidos a fazer 20 séries, com intervalo de 90 segundos entre elas.

De fato, os pesquisadores observaram que os camundongos do grupo treinado ainda estavam obesos no final do protocolo, porém, apresentavam valores normais de glicemia em jejum. Já os obesos sedentários permaneceram diabéticos até o término do experimento.

Ao analisar o tecido hepático, foi possível notar uma redução de 25% a 30% da gordura local no grupo treinado em comparação aos obesos sedentários – fenômeno acompanhado de queda na quantidade de proteínas pró-inflamatórias. Porém, o índice de gordura hepática dos animais treinados ainda era cerca de 150% maior que o do grupo controle.

Na condição de jejum, o fígado é o principal órgão responsável por manter os níveis de glicemia adequados. Mas os indivíduos com diabetes, em decorrência da resistência à insulina, perdem a capacidade de controlar a produção de glicose endógena (gliconeogênese) e tornam-se hiperglicêmicos.

 

 

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