‘Mulheres de Aço’: Projeto de defesa pessoal para mulheres completa   seis meses em Volta Redonda

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VOLTA REDONDA

O programa ‘Mulheres de Aço’, promovido pela Secretaria Municipal de
Esporte e Lazer (Smel), em parceria com o Governo Federal, completou
seis meses em Volta Redonda. O projeto, que oferece de graça aulas de
defesa pessoal, visa incentivar o protagonismo feminino através de
técnicas de artes marciais, como o jiu-jitsu e kickboxing, por
exemplo. As alunas são preparadas para saber lidar com situações de
abuso, a fim de prevenir que cheguem à violência, mas também são
estimuladas para que não se sintam inferiorizadas.

Ao todo, são 120 mulheres que além das técnicas de artes marciais, são
orientadas sobre seus direitos dentro da Lei Maria da Penha.

Uma das alunas do projeto é Janaína Oliveira Santos, 36 anos. Moradora
do bairro Coqueiros, ela está no projeto desde o seu lançamento. Ela
conta que mais jovem, passou por assédios no transporte público e até
no local de trabalho, mas que pela falta de conhecimento da gravidade
dos fatos não falava sobre o assunto com ninguém, mas se sentia
desconfortável. Hoje, integrando o time do ?Mulheres de Aço, passou a
se sentir mais segura e ajuda outras mulheres.

“Quando fiquei sabendo do projeto logo me inscrevi e pude ver as
coisas de uma outra maneira. Aprendi e entendi que qualquer tipo de
importunação sexual é crime. Fui muito bem acolhida pelas meninas do
projeto, me senti segura. Percebi também que outras mulheres tinham
passado por coisas iguais a mim e que não estávamos sozinhas. O
projeto mudou a minha vida e a vida de mulheres ao meu redor, pois
tudo o que eu aprendo lá passo para outras”, disse Janaína.

Janaína disse que depois que entrou no projeto, passou por mais uma
situação de importunação sexual dentro do ônibus, mas que por estar
preparada soube lidar.

“Um ônibus que não estava nem tão cheio. Um homem passou e parou atrás
de mim encostando as partes íntimas em mim. Na mesma hora, eu falei
alto e ele aproveitou as portas abertas e desceu. São coisas
rotineiras na vida das mulheres, mas que com projetos como esses nos
fazem ter outra visão e de quebrar esse ciclo. Tenho filhas e não
quero nunca que elas passem o que já passei, inclusive por agressão
psicológica”, disse Janaína.

A modelo, miss e empresária Marina de Sousa, de 30 anos, também é
aluna do ‘Mulheres de Aço’. Ela contou que está no projeto há
aproximadamente dois meses e como trabalha como influenciadora
digital, espera poder inspirar outras mulheres a aprenderem a se
defender.

‘O projeto tem um cunho social muito importante para todas nós, pois
ajuda as mulheres em seu empoderamento e também a se protegerem, ou
evitarem situações, que, infelizmente, ainda hoje, são muito
corriqueiras. A importância de apoiar um projeto desses foi uma das
coisas que mais me chamou atenção’, disse ela, relatando que já sofreu
com relacionamentos abusivos que a impediam de praticar artes
marciais, por exemplo.

A moradora do Volta Grande III, Michelly Tavares de Andrade, de 41
anos, é mais uma aluna do projeto. Ela faz kickboxing, jiu-jitsu e
enfrentamento à violência, mas garante que nunca foi preciso utilizar
nenhuma técnica que aprendeu em aula.

“Espero não precisar usar algum dia, mas se for necessário estarei
pronta. Acho que todas as mulheres deveriam participar do projeto. É
maravilhoso, faz bem para o corpo e para a alma”, afirmou.

Valorização do protagonismo feminino

A professora responsável pelo programa, Perla Moura, explicou que o
foco das aulas não é o enfrentamento de homens, mas sim a valorização
do protagonismo feminino.

“Ensinamos elas a serem inteligentes para sair de uma situação que
possa levar ao feminicídio. As aulas visam o esporte e, através das
lutas e artes marciais, usamos essas ferramentas como auxílio na
defesa da violência contra mulheres cis, trans e meninas a partir de
12 anos de idade. Qualquer mulher pode se inscrever, mesmo que ela
nunca tenha passado por algum tipo de violência, importunação ou
assédio, o que é quase impossível”, opinou.

Aulas e horários

Entre as modalidades aprendidas como defesa está o boxe, kickboxing,
metodologia da KMRED e jiu-jitsu. Além das lutas são trabalhadas
também com treinamento psicológico, simulando situações reais de
agressão. As aulas acontecem três vezes na semana – segunda, quarta e
sexta-feira, na Arena Esportiva do bairro Voldac, em três períodos: às
7h e 9h; às 16h e às 18h.

Inscrições

Para participar do programa as mulheres devem comparecer à sede da
Smel, que fica na Arena Esportiva da Voldac, portando cópia do RG,
CPF, comprovante de residência, uma foto 3×4 e preencher a ficha de
inscrição nos horários das aulas.

Rede de atendimento

Além das aulas de defesa pessoal, Volta Redonda conta com uma rede
completa de assistência à mulher vítima de violência, como o CEAM
(Centro Especializado de Atendimento à Mulher); a Patrulha Maria da
Penha; a Casa Abrigo para mulheres em risco de vida; e a DEAM
(Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher).

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