ANGRA DOS REIS
O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) realiza ao longo desta terça-feira, dia 17, a operação Martelo de Thor, para cumprir 32 mandados de prisão e 68 mandados de busca e apreensão contra integrantes de associação criminosa voltada para o tráfico de drogas e a prática de outros crimes em Angra dos Reis, além de outros municípios na região Sul Fluminense. Até a publicação desta reportagem, havia confirmação de 23 mandados de prisão cumpridos, sendo que algumas das pessoas já estavam detidas.
A ação está sendo realizada por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), com apoio da CSI/MPRJ, da Subsecretaria de Inteligência (SSI/SEPM) e da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP).
Segundo apurado pelo A VOZ DA CIDADE, dos 23 mandados cumpridos, 14 já estavam presos, sete foram capturados e dois menores apreendidos. Sobre o material confiscado na operação, consta dois carregadores de pistola, seis munições de fuzil, 74 munições de calibre 40, 245 pinos de cocaína, 45 trouxinhas de maconha, 25 celulares, rádios transmissores (dois), cadernos do tráfico e R$ 63 em espécie.
INVESTIGAÇÃO
Segundo a equipe envolvida no caso, a investigação permitiu ao GAECO desmembrar os acontecimentos em cinco denúncias: duas relativas às sete lideranças soltas e outras seis presas; duas relativas aos cinco integrantes presos e dez soltos, ocupantes de posições inferiores na hierarquia; e outra contra quatro acusados pela prática do tráfico no distrito de Lídice, em Rio Claro.
Em nota, o MPRJ explicou que além do tráfico de drogas, interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça evidenciam o habitual emprego de armas de fogo, bem como a atuação violenta por parte da quadrilha, inclusive com a prática de diversos homicídios, incluindo a tentativa de homicídio qualificado da turista inglesa Eloise Dixon, que no dia 06/08/2017 foi baleada por denunciados quando por equívoco entrou em uma comunidade de Angra dos Reis e seu veículo não atendeu à ordem de parada dada pelos traficantes.
“De acordo com a denúncia, a liderança do grupo é exercida por Antonio Pinto Figueiredo Neto, vulgo ‘Dino’, bem como por um conjunto de gerentes denunciados. Também exercia liderança Divaldo Fernandes Ramos, vulgo ‘PS’, e Jacson Lima Ferreira, vulgo ‘JK’, que mesmo de dentro da prisão seguiu comandando subordinados, negociando a comercialização de entorpecentes, ordenando a morte de desafetos, entre outras práticas criminosas”, disse o MPRJ, que também descreve a atuação de integrantes de escalão inferior na associação, atuando como auxiliares e vapores – vendendo entorpecentes diretamente aos usuários.
Os investigadores explicam ainda que a denúncia narra, por exemplo, conversas interceptadas em que ‘Dino’ fornece drogas e munições aos comparsas, coopta novos criminosos para a horda, orienta seus comandados sobre como proceder na defesa e retomada de territórios, estimula a prática de homicídios por novos comparsas para que se habituem a esta prática, e pede que seja providenciada a remessa de armamentos, inclusive fuzis, rádios de comunicação, dentre outras ações ligadas ao comércio de entorpecentes.
“Ademais, as investigações demonstraram que, do interior do presídio, o denunciado Divaldo, além do controle da venda de drogas em diversas comunidades de Angra dos Reis, ordenava ou autorizava a prática de homicídios. Bem como pretendia implementar nestas localidades atividades típicas de milícia, como a cobrança de “taxa de segurança” de empreendimentos para permitir o seu funcionamento, bem como a monopolização da distribuição de serviços como fornecimento de água, TV e internet em favor de empresas que realizam pagamentos mensais à organização, impedindo a livre concorrência no mercado”, completa a nota.
A denúncia pelos crimes de tráfico, associação para o tráfico e extorsão foi recebida pelo Juízo da 1ª Vara Criminal de Angra dos Reis.