VOLTA REDONDA
Na marca dos 60 anos da Ditadura Militar e Civil no Brasil, membros do Conselho do Movimento Ética na Política (MEP), fazem referência à luta de Edir Alves de Souza, 77, aposentado da CSN. Um dos co-fundadores do MEP em 1997, o jovem metalúrgico Edir, em 1970 foi preso e torturado no 1º Batalhão de Infantaria Blindada (BIB), motivo, militava na Juventude Operária Católica (JOC). Mais tarde libertado, não parou, ingressou na Acão Católica Operária (ACO), depois, em 1997 passou a atuar somente no MEP. Conselheiro do Movimento, por vários mandatos, deixou sua marca fruto das experiências das lutas operárias e populares. Atualmente, acompanha o Movimento de longe por questões de saúde.
Edir sempre que tinha oportunidade provocava debates sobre Direitos Humanos e a Ditadura, na última vez que esteve no MEP, apoiando em uma bengala, em 2019 durante uma aula de redação no Pré Vestibular Cidadão, falou sobre a Ditadura e deixou um recado. “Vocês acabaram de ouvir um testemunho vivo do sofrimento que a ditadura provocou. Espero que acreditem. Saibam, Dom Waldyr Calheiros foi o pastor que teve coragem profética de denunciar, colocar-se no nosso lugar e proteger nossas famílias. Ele nos salvou da morte”, falou Edir, na sala que leva o nome do bispo Dom Waldyr.
HOMENAGEADOS DO ATO ‘SEMEAR A MEMÓRIA’
No próximo dia 5, às 10 horas, representantes do MEP participam da atividade “Semear a memória” ligado ao Centro de Memória Genival Luiz da Silva-UFF, como parte da agenda dos 60 anos do Golpe de 1964. Na ocasião, haverá um ato simbólico em homenagem às vítimas da Ditadura, e em especial aos que tiveram passagem pelo espaço de repressão do antigo 1° Batalhão de Infantaria Blindada (BIB), localizado dentro do atual Parque da Cidade de Barra Mansa.
O MEP encaminhou o nome do Edir Alves. “Penso no Edir como uma flor de lótus, que nasce e vive em local inóspito, lamiado e mesmo assim tem o objetivo de nos trazer clareza, objetividade e compaixão. Edir, o meu muito obrigado e seguirei com o meu estandarte pela luta social”, refletiu Érique Barcellos. “Logo que entrei no MEP, no meu primeiro ano deparei-me com o Edir, foi extremamente gratificante e chocante ao mesmo tempo ver e ouvir o seu relato de vida e de sua história”, lembrou Robson Oliveira. “É muito importe lembra, em especial com os jovens. A Ditadura não foi invenção”, alertou Saulo Karol. “A Ditadura militar deixou marcas profundas em nossa sociedade. O Sr. Edir é uma prova viva dessa tragédia que atualmente muitos tentam minimizar ou negar. É necessário manter a memória desses fatos, para que todas as gerações tenham conhecimento do que ocorreu”, concluiu Irineia Pereira.