PAÍS/SUL FLUMINENSE
O Brasil registrou 44.127 Mortes Violentas Intencionais (MVI) em 2024, uma redução de 5,4% em relação ao ano anterior. Os dados são da 19ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira, dia 24. A categoria MVI inclui homicídios dolosos, latrocínios (roubos seguidos de morte), lesões corporais seguidas de morte, mortes decorrentes de intervenção policial e mortes de policiais, tanto em serviço quanto fora do horário de trabalho. Houve queda nos homicídios dolosos no Sul Fluminense em comparação entre 2023 e 2024.
Levantamento feito pelo jornal A VOZ DA CIDADE, também nesta quinta-feira, com base nos dados oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP), revelou que 279 homicídios dolosos ocorreram ao longo de 2024 nas cidades da região. Barra Mansa lidera com 60 casos em 2024, seguida por Volta Redonda e Resende, com 36 homicídios cada; Comendador Levy Gasparian com 28, Barra do Piraí e Angra dos Reis com 17, Paraty com 16, Miguel Pereira com 13, Paracambi com dez, Paraíba do Sul e Valença com nove, Rio Claro com 8, Vassouras com sete, Piraí com cinco, Sapucaia com três, Pinheiral com dois, Porto Real, Mendes e Rio das Flores com um caso cada, e Engenheiro Paulo de Frontin sem registros de homicídio doloso no período. Além disso, a região teve quatro casos de lesão corporal seguida de morte, ocorridos em Volta Redonda, Miguel Pereira, Paraty e Comendador Levy Gasparian. Também foram registrados quatro latrocínios: dois em Volta Redonda, um em Mangaratiba e um em Angra dos Reis.
Em comparação ao ano de 2023, houve uma queda em comparação a 2024 no número de homicídios dolosos. Barra Mansa em 2023 também registrou o maior número, com 75 casos, seguida por Volta Redonda com 69, Resende com 41, Angra dos Reis com 40, Paraty com 16, Comendador Levy Gasparian com 15, Barra do Piraí com 14, Miguel Pereira, Porto Real e Itatiaia com 13 cada, Valença com dez, Paracambi, Pinheiral e Paraíba do Sul com nove cada, Vassouras com oito, Rio Claro com sete, Mangaratiba com seis, Piraí com cinco, Mendes, Sapucaia e Engenheiro Paulo de Frontin com dois cada, e Rio das Flores com um homicídio doloso registrado. No total foram 379 casos.
Ao longo dos últimos anos, a segurança em todos os municípios do Sul Fluminense foram reforçadas, inclusive em Barra Mansa, onde está prevista para este ano a criação da Companhia Independente da Polícia Militar, que será segunda da região, após Paraty.
REDUÇÃO NAS MORTES
De acordo com os organizadores do anuário, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os dados apontam que a redução das mortes violentas no país é resultado da adoção de políticas públicas baseadas em evidências, programas de prevenção, mudanças demográficas e alterações nas dinâmicas do crime organizado. Ainda assim, algumas regiões permanecem com altos índices, como é o caso de cidades do Nordeste, onde disputas entre facções criminosas continuam alimentando taxas alarmantes de homicídios. O perfil das vítimas de MVI no país segue praticamente inalterado: homens (91,1%), negros (79%), jovens de até 29 anos (48,5%), mortos principalmente por armas de fogo (73,8%) e em via pública (57,6%).
CIDADES MAIS VIOLENTAS DO PAÍS
As dez cidades mais violentas do Brasil em 2024, entre aquelas com mais de 100 mil habitantes, estão todas na região Nordeste, com destaque para Maranguape (CE), que teve a maior taxa, com 79,9 mortes por 100 mil habitantes. No ranking estadual, as maiores taxas foram registradas no Amapá (45,1), Bahia (40,6) e Ceará (37,5). As menores ficaram com São Paulo (8,2), Santa Catarina (8,5) e o Distrito Federal (8,9).
RECORDE DE FEMINICÍDIOS
Embora o número geral de mortes violentas tenha caído, o país bateu novo recorde de feminicídios: foram 1.492 casos em 2024, um aumento de 0,7% em relação a 2023, mantendo a trajetória crescente desde o início da série histórica. A maioria das vítimas era negra (63,6%), tinha entre 18 e 44 anos (70,5%), foi assassinada dentro de casa (64,3%) e por parceiros ou ex-companheiros (80%). As tentativas de feminicídio aumentaram 19%, totalizando 3.870 ocorrências. Outras formas de violência contra a mulher também cresceram, como os crimes de stalking (18,2%) e violência psicológica (6,3%).
VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ESTUPROS
A violência contra crianças e adolescentes também apresentou alta em 2024. As mortes violentas intencionais entre vítimas de zero a 17 anos aumentaram 3,7%, com 2.356 vítimas registradas. Houve também aumento de crimes como produção de material de abuso sexual infantil (14,1%), abandono de incapaz (9,4%), maus-tratos (8,1%) e violência doméstica (7,8%). A violência sexual em geral também cresceu. O Brasil registrou 87.545 casos de estupro, o maior número já registrado. Desse total, 76,8% foram estupros de vulnerável. A maioria das vítimas era negra (55,6%), e 65% dos crimes ocorreram dentro de casa. Em quase metade dos casos, os agressores eram familiares (45,5%) ou parceiros íntimos (20,3%).