Morador de Volta Redonda registra imagens de polução na Cidade do Aço

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“Enquanto os políticos de nossa cidade estão preocupados apenas com o pátio de escória da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), no bairro Brasilândia, o pó preto vazado pela Usina Presidente Vargas (UPV) vem adoecendo milhares de moradores da cidade”; diz o industriário Cristiano Rodrigues Barbosa, que decidiu gravar um vídeo de um ponto do bairro Retiro em que é possível visualizar a poluição no ar. O objetivo, segundo ele, foi chamar a atenção das autoridades; mostrando que a poluição toma conta de toda a cidade e não apenas de alguns bairros. Segundo o industriário, residente há 16 anos na Avenida Almirante Adalberto de Barros Nunes, no bairro Jardim Cidade do Aço, a poluição da CSN, de um jeito ou outro atinge todo o município; não somente os bairros localizados nas proximidades do pátio de escória – montanha de resíduos químicos exposta na empresa Hasrco Metals, no Brasilândia, e a poucos metros do Rio Paraíba do Sul. Disse que a filmagem foi feita da residência de seus pais, na Rua Transmontana, no Retiro. O objetivo, de acordo com ele, é um desabafo e que chegue às autoridades competentes, como o Instituto do Meio Ambiente (Inea). A equipe de reportagem do A VOZ DA CIDADE tentou contato com representantes do órgão em Volta Redonda, mas até o fechamento desta edição não havia conseguido. “Esse pó vem dos setores de sinterização e pátio de matéria prima da CSN. Para ver, o Retiro está longe do pátio de escória e mesmo assim sofre com a poluição”, ressaltou Cristiano.

EFEITOS DA POLUIÇÃO

O morador lembrou que toda a cidade vem sentindo os efeitos da poluição, mas parece que os políticos da cidade e região estão comprometidos, pois estão focando apenas no pátio de escória para desfocar a poluição exagerada no município. Lembrou ainda que o próprio Inea garante que a pilha de escória não oferece riscos. “O problema da poluição é antigo na nossa cidade e o termo de conduta do Inea foi prorrogado por mais seis meses. Como assim prorrogado se o mínimo do termo não é cumprido?”, indagou o industriário; informando que a esposa sofre de asma brônquica por causa da poluição e hoje é dependente do uso de ‘bombinhas’ para respirar. “Esse pó preto diário está insuportável”, concluiu. Não só o industriário quer uma solução para o pó preto que acumula nos bairros da cidade, seja dentro das residências, varandas, calçadas e outros locais. Muitas outras pessoas fazem questão de juntar o pó em vasilhames para provar que as queixas são reais. É o caso da dona de casa Selma Aparecida da Cruz, 52 anos, residente no bairro Aterrado. Ela contou que todos os dias tem que passar pano, pelo menos duas vezes, na residência e percebe o acumulo de poeira preta. “É muito pó. Tem dia que a gente acaba de passar pano no chão, passa o pé que fica preto de tanto pó. Só fico pensando isso no nariz da gente, principalmente das crianças”, disse. Em outros bairros, como Belmonte, Conforto, Ponte Alta e Siderlândia a população também sofre.

CSN

Ao A VOZ DA CIDADE, a CSN informou, por meio de sua Assessoria, que nas últimas semanas não se registrou violações dos parâmetros de qualidade do ar em Volta Redonda, que permaneceu dentro dos padrões aplicáveis pelo órgão ambiental. Garantiu que na cidade, a qualidade do ar é verificada por meio de três Estações de Monitoramento Automáticas, localizadas na nos bairros Vila Santa Cecília, Retiro e no Belmonte, além de mais cinco estações convencionais. Ainda segundo respondeu a imprensa, em virtude da ausência de chuvas nesta época do ano, há uma tendência na diminuição da dispersão de poeiras de diversas fontes, sendo elas, industriais móveis (frota de veículos) e antrópicas (queimadas). Independentemente disso, a CSN salienta que adotou e vem adotando várias medidas para minimizar a emissão de material particulado em seus processos produtivos e eventuais incômodos à comunidade no seu entorno, e informa que permanece à disposição da comunidade por meio dos seguintes canais de comunicação: telefone gratuito Linha Verde 0800 282 4440 ou pelo correio eletrônico [email protected]. No caso do telefone 0800, o industriário declarou que assim que fez a filmagem, na terça-feira, 3, ligou para o número, mas sua solicitação não foi atendida.

COMISSÃO DA ALERJ

Nesta semana, os deputados estaduais Dr. Julianelli (PSB), Lucinha (PSDB) e Nivaldo Mulin (PR), que integram as comissões de Meio Ambiente, de Saneamento Ambiental e de Saúde da Assembleia Legislativo do Rio de Janeiro (Alerj), fizeram uma vistoria ao pátio de escória no Brasilândia. No final da visita, os parlamentares disseram que saíram do local sem nenhuma resposta dos fiscais do Inea para as dúvidas da Comissão em relação ao grave quadro que encontraram. Portanto, decidiram instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para conseguirem as informações concretas sobre a montanha de escória.

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