BARRA MANSA
O premiado monólogo “Nasci pra ser Dercy”, estrelado por Grace Gianoukas e escrito e dirigido por Kiko Rieser, presta uma homenagem a Dercy Gonçalves, uma das maiores atrizes do século 20. Desde a estreia, há dois anos, o espetáculo é enorme sucesso de crítica e público – visto por mais de 40 mil pessoas – por todas as cidades em que passa com sua turnê nacional. E, na próxima quinta-feira, dia 13, às 19h, chega ao Teatro do Sesc Barra Mansa.
Grace Gianoukas foi vencedora dos prêmios SHELL e APCA de melhor atriz (2024), I Love PRIO do Humor, de melhor performance, e Kiko Rieser vencedor do Prêmio Bibi Ferreira (2023), na categoria Melhor Dramaturgia Original, por “Nasci pra ser Dercy”. O espetáculo, produzido pela Ventilador de Talentos, ainda foi indicado ao Prêmio Cenym de melhor monólogo, e prêmio Miguel Arcanjo, melhor direção, peça e atriz.
Dercy Gonçalves faleceu há 17 anos, aos 101 anos, sem que jamais tenha havido nos palcos brasileiros uma peça que a homenageasse. O texto busca unir o apelo popular e o carisma de Dercy através de uma profunda pesquisa, a peça mostra a importância, muitas vezes ignorada, da atriz para o teatro brasileiro e para a liberdade feminina, bem como sua inquestionável singularidade.
Desbocada e defensora da mais profunda liberdade, era muito recatada em sua vida íntima, chegando a se casar e enviuvar anos depois ainda virgem. Contestava frontalmente a censura da ditadura militar, mas se recusava terminantemente a levantar bandeiras políticas específicas que não fossem a da irrestrita liberdade e do respeito a todas as formas de existir.
A atriz se consagrou como vedete do Teatro de Revista, mas sua maior contribuição ao nosso teatro se deu ao levar essa expertise para a comédia popular, que ela revolucionou inteiramente, trazendo textos fundamentais para o Brasil e instaurando uma nova forma de interpretar, que rompia com todos os padrões e inaugurou em nossos palcos uma representação genuinamente brasileira. Amada por quase todo o país, Dercy Gonçalves é uma figura largamente reconhecida, mas pouco conhecida de fato.
“Dercy Gonçalves é retratada quase sempre como apenas uma velha louca que falava palavrão”, fala Kiko Rieser, que no texto procura revelar ao público a mulher grandiosa e complexa que ela foi. “Uma atriz vinda do teatro de revista que recriou a comédia brasileira. Uma mulher que era chamada de ‘puta’, mas que casou e enviuvou virgem, iconoclasta e devota, libertária, mas avessa a qualquer bandeira, inclassificável e singular”, completa o autor.