Vivemos tempos em que a pressa, a intolerância e o individualismo têm ocupado mais espaço do que gostaríamos de admitir. Nesse cenário, cresce a urgência de falarmos sobre exemplo — não como um ideal abstrato, mas como uma ferramenta concreta de transformação social, especialmente na formação das novas gerações.
Se queremos uma sociedade mais empática, menos segregada a e mais justa, precisamos pensar no que estamos mostrando — não apenas dizendo — aos nossos jovens. Cada atitude conta. Cada gesto, cada reação diante das diferenças, cada escolha no trato com o outro ensina mais do que qualquer discurso bem elaborado.
A palavra convence, mas o exemplo arrasta!
A modelação de comportamento é um processo natural de aprendizagem por observação. Crianças e adolescentes não aprendem apenas pelo que ensinamos formalmente. Eles observam — e imitam — o que fazemos. Se veem ódio, aprendem a reagir com hostilidade. Se presenciam respeito e escuta ativa, desenvolvem empatia. O exemplo é a primeira e mais duradoura lição que oferecemos.
Por isso, falar de humanização não é falar de algo distante ou filosófico demais. É sobre reconhecer a humanidade no outro: no colega que pensa diferente, na mulher que sofre violência, no jovem da periferia, na criança com deficiência, no imigrante que chega sem saber a língua. É sobre ensinar — com o corpo e com as atitudes — que ninguém vale menos.
Quando adultos naturalizam a exclusão ou a desigualdade, os jovens aprendem a segregar. Quando valorizamos a escuta, o cuidado e a diversidade, estamos oferecendo um modelo de mundo mais possível. Mais saudável. Mais humano.
Não se trata de perfeição, mas de responsabilidade. Que tipo de exemplo estamos oferecendo aos nossos filhos, alunos e vizinhos? Que modelos de convivência estamos projetando nas redes sociais, nas escolas, nas praças e dentro de casa?
Humanizar é uma escolha diária. E o caminho começa com o exemplo.
Marcele Campos
Psicóloga Especialista em Neuropsicologia (Avaliação e Reabilitação) e Análise do Comportamento Aplicada ao Autismo, Atrasos de Desenvolvimento Intelectual e Linguagem. Trabalha há mais de 28 anos com crianças e adolescentes. Proprietária da Clínica Neurodesenvolver.