Mobilização de motoristas de aplicativos divide categoria

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SUL FLUMINENSE

A quarta-feira está sendo marcada pela mobilização global de motoristas de aplicativos contra os preços praticados pelas empresas. Os motoristas reclamam que os valores determinados pelas empresas estão congelados há pelo menos três anos e as perdas registradas no período como custos pelos reajustes de insumos, sobretudo o combustível, não são repassados à tarifa determinada pelo aplicativo. A maior e mais conhecida empresa de aplicativos no Brasil é a Uber. Além das condições de trabalho, projetam atos pela intenção da empresa ingressar na Bolsa de Valores indicando altos rendimentos. A meta do Uber Off entre às 7 e 16 horas (horário de pico) ou até mesmo estender durante 24 horas, tem dividido a categoria na região.

Entre as principais reivindicações dos motoristas de aplicativos constam o aumento nas tarifas pagas pelos passageiros; a redução da taxa cobrada pela Uber (de 25 e 40% das corridas atualmente) e a redução no preço do combustível. Eles pedem ainda locais regulamentados para estacionamento e o informe do destino final do passageiro antes de confirmar a corrida. No Sul Fluminense, a quarta-feira está sendo considerada ‘normal’ para a maioria dos condutores cadastrados pela Uber, os quais tiveram contato com a reportagem do A VOZ DA CIDADE. Alegando independência apesar de entender a necessidade do reajuste no valor das corridas, a grande maioria circula normalmente. “Entendo que a causa é justa, fazer o Uber Off é uma forma de alerta para nossa causa. Mas, cruzar os braços e esperar que todo esse movimento que é internacional e tem adesão no Brasil, resolva algo, não vai me ajudar a pagar boletos. Um dia a menos de trabalho rodando é prejudicial. Estou rodando, sim, e mantenho o aplicativo ligado porque somos independentes e cada um possui uma realidade financeira. Parado, sem faturar, quem vai arcar com minhas contas? E pelo que vi nas ruas, acho que ninguém vai aderir não, precisamos faturar”, comentou um motorista de Porto Real, que optou utilizar o pseudônimo ‘Alves’, temendo represália de colegas da categoria.

Por outro lado, o motorista de aplicativo que pediu para utilizar o pseudônimo ‘Bento’, alegou que parar nesta quarta-feira é um passo para garantir melhorias para todos. “Eu não concordo com quem está rodando, apesar de compreender o receio pela necessidade da maioria. Optei em desligar o aplicativo hoje. O valor praticado pela empresa está congelado há três anos, algo precisa mudar e isso deve partir de nós, motoristas”, frisa o profissional de Resende. A categoria utiliza grupos de WhatsApp onde tentam manter a coesão entre os motoristas.

Os trabalhadores das empresas que rodam por aplicativos como Uber e 99 se organizaram propondo o protesto global por melhores condições de trabalho. Em São Paulo, por exemplo, a maior metrópole do Brasil, o presidente da Associação de Motoristas de Aplicativo de São Paulo (Amasp), Eduardo de Souza, informou que as entidades vão apenas apoiar a recomendação mundial do ‘Uber Off’, frisando que a entidade não tem nenhum tipo de posicionamento contra ou a favor da manifestação. No Sul Fluminense a mobilização praticamente não alterou a rotina de quem precisou utilizar o serviço. “Chamei (o Uber) e fui atendida normalmente. Estava frio, pela manhã e fiquei com medo de chover. Ele (motorista) chegou rápido e perguntei sobre a mobilização falada nas redes sociais. Me disse que aderir ficava a critério de cada motorista”, comentou a usuária Nelma Patrícia, que pagou R$ 24 no deslocamento.

O CASO

As reclamações são relacionadas a mudanças no modo de pagamento dos serviços. A Uber repassa ao motorista uma porcentagem relativa ao pagamento do usuário. A empresa cobra por distância ou por tempo decorrido, de acordo com a cobrança da corrida. Em sua defesa, a Uber alega que já advertiu os motoristas que reajustar a tarifa pode representar maior custos aos usuários do sistema, e assim, a demanda poderia baixar.

Mundialmente, os protestos ressaltam que a Uber deve ingressar na Bolsa de Valores, chamada de IPO projetando 180 milhões de papéis em oferta, somando US$ 9 bilhões em investimentos. A 99 emitiu nota para a imprensa alegando que acredita na liberdade de expressão dos motoristas. Já a Uber, não comentou a situação narrada pelos motoristas.

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