Médicos do Pronto Socorro do Hospital do Retiro divulgam carta aberta à população

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Prefeitura de Volta Redonda informa que municipalizou os hospitais da cidade

VOLTA REDONDA

Por meio de uma carta aberta, médicos do Pronto Socorro adulto, rotina clínica e pediatras do Hospital Municipal Munir Rafful (HMMR), no Retiro, em Volta Redonda, prestam informação à população, Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) e demais órgãos responsáveis sobre o que está acontecendo na unidade hospitalar. Vale lembrar que desde a semana passada a maioria dos profissionais deixou de atender no Pronto Socorro.

No último sábado, dia 5, o HMMR seguia sem atendimento de urgência e emergência no Pronto Socorro. O serviço foi interrompido na última semana, após o fim da gestão da Organização Social (OS) Mahatma Gandhi, encerrada no último dia 30. Desde então, a administração do hospital voltou para o Poder Público Municipal, que segue solucionar o problema com a contratação de médicos e outros profissionais que, até então, eram vinculados à OS.

Os médicos justificam na carta aberta que estão sem receber os salários de outubro. Disseram ainda que, com o repasse feito pela prefeitura no mês passado, foram quitados os salários e as rescisões contratuais de funcionários de apoio, como enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros. Coma paralisação do atendimento, na última quarta-feira, dia 2, a Secretaria Municipal de Saúde de Volta Redonda (SMS) informou que está tentando normalizar a escala de plantão e buscando uma forma de o município pagar os salários dos médicos.

A CARTA ABERTA DOS MÉDICOS

“À População de Volta Redonda, CREMERJ e Demais órgãos responsáveis,

Nós Médicos do Hospital Municipal Dr. Munir Rafful, por meio desta carta aberta, gostaríamos de expor os últimos acontecimentos que viemos enfrentando, a fim de deixar a população e os órgãos responsáveis a par da triste situação que sem instalou na referida instituição e no que concerne à saúde da população de Volta Redonda.

Há cerca de três meses nos vem sendo sinalizado que a Associação Mahatma Gandi, responsável pela administração do Hospital Municipal Dr. Munir Rafful teria o seu contrato suspenso e suas atividades seriam finalizadas, como divulgado em diversos canais de comunicação. Tal decisão foi sendo prorrogada até o fatídico mês de novembro quando recebemos um e-mail no dia 03/11/2020 informando que o fim da parceria entre a Associação e a Prefeitura de Volta Redonda ocorreria no dia 30/11/2020 e que no dia 01/12/2020 estaríamos sob gestão da Prefeitura de Volta Redonda.

Desde o mês de Agosto, quando surgiu a informação da saída da Associação, até o dia 29/11/2020 nenhum dos profissionais foi procurado para uma possível recontratação por parte da prefeitura, visto que todos tínhamos contrato com a Associação citada, e logo com a sua saída sairíamos juntos, já que os contratos se encerrariam e perderiam o seu valor”.

Os profissionais seguem informando. “No dia 30/11 após muita pressão dos funcionários, a prefeitura se manifestou e enviou uma equipe de transição de gestão, contudo nos foi informado em mesma data que não receberíamos o salário referente a Outubro, devido a problemas internos entre Prefeitura e Associação, e que o mesmo só nos seria fornecido após judicialização do caso, situação que pode demorar meses ou até mesmo anos. Após muita conversa foi tentado uma recontratação por parte da prefeitura. Recontratação essa que ocorreria sem a quitação dos devidos salários atrasados, algo que não é de interesse dos profissionais, uma vez que, tomados pela insegurança por não termos recebido o que já foi trabalhado durante dois meses, não podemos ficar a mercê da incerteza de não receber também o que viríamos a trabalhar. Somos seres humanos como quaisquer outras pessoas, amamos a nossa profissão, amamos o fato de ajudar o próximo, mas também temos famílias que dependem de nós e contas para pagar”.

“Por fim, é com pesar que expomos a vocês tudo o que vem se sucedendo, mas é necessário que todos tenha ciência da situação. Por meses fizemos o que estava ao nosso alcance para que as coisas não chegassem a tal ponto, mas devido uma gestão ineficaz, a população da cidade hoje se encontra em déficit no que diz respeito à assistência em saúde. Esperamos que, visando reverter a situação de caos que deixaram se instalar na cidade, os responsáveis efetuem os pagamentos atrasados para que a população volte a ter acesso à saúde de qualidade que lhes é de direito”.

O documento é assinado pelos médicos do Pronto Socorro Adulto, Médicos da Rotina Clínica e Médicos Pediatras do Hospital Municipal Dr. Munir Rafful.

PREFEITURA INFORMA QUE MUNICIPALIZOU OS HOSPITAIS

A Prefeitura de Volta Redonda informou que municipalizou os hospitais da cidade, rescindindo os contratos e que não há falta de atendimento na rede pública municipal. Isso, de acordo com a prefeitura, mesmo com 40% do atendimento do Cais Conforto sendo, de moradores da Região Leste de Barra Mansa, que não possui a UPA aberta para sua população. “Informamos ainda que a UPA Santo Agostinho está atendendo normalmente, já que foi municipalizada pela Prefeitura de Volta Redonda”, destacou a nota.

Ainda de acordo com a nota, diferente de outros municípios, Volta Redonda conta com uma ampla rede de atendimento a saúde e não apenas uma unidade de atendimento. Há ainda outras quatro unidades que fazem atendimento de urgência e emergênciano, o Hospital São João Batista (HSJB), Hospital do Aterrado, UPA Santo Agostinho e Cais Conforto.

Na nota, a prefeitura garante que não foi apresentado qualquer dado ou comprovação de sobrecarga no atendimento por conta de pacientes de Sobre os centros de triagens de Covid-19, a informação é de que Volta Redonda tem quatro unidades que funcionam das 7 às 22 horas para atender a população, a do 249, Volta Grande, Vila Mury e São João. “Alertamos ainda que, em contato com o Hospital Regional, foi informado à Secretaria Municipal de Saúde que a regulação de pacientes segue normalmente”.

O prefeito Samuca resume sobre o caso. “Eu nunca vou mentir para a nossa população. A decisão de municipalizar a gestão dos hospitais foi acertada. O problema ocorreu no Retiro por conta de calote da OS. Neste momento de Covid-19, nossa taxa de mortalidade baixa e estamos conseguindo controlar vírus. O próximo presidente da Câmara, que tudo indica que assumirá a prefeitura, encontrará uma saúde organizada, sem a farra dos RPAs, e com um Centro Municipal de Saúde pronto para atender. A eleição passou peço para me esquecerem e trabalharem”, concluiu Samuca.

 

 

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