RIO
O candidato do partido Novo ao governo do Rio, Marcelo Trindade, afirmou hoje que o alto índice de violência é um efeito perverso do estado gigante, que leva à falta de recursos públicos para investimentos em saúde, segurança, educação, pesquisa e inovação. “Hoje o estado funciona insuportavelmente mal”, criticou, durante uma sabatina promovida pelo DCE da PUC-Rio.
Durante o evento, Trindade defendeu o que chama de estado suficiente, focado nas pessoas que precisam dele, e discordou da expressão “estado mínimo” – que, segundo ele, foi criada para desviar a atenção da grande injustiça que é a existência de um estado feito para desviar seus recursos para poucos privilegiados. “Defendo o estado necessário, somente o necessário; o extraordinário é demais”, afirmou Trindade, provocando risos dos alunos, por parafrasear uma das músicas do filme “Mogli, o Menino Lobo”.
O candidato criticou o uso de recursos públicos para fazer campanha eleitoral, prática que beneficia os partidos tanto de esquerda, como de direita. “Isso não é uma questão de ideologia, é uma questão da velha política, que vive de tirar dinheiro do estado para contratar tantos funcionários que eles nem cabem no gabinete”, disse, acrescentando que seu plano de governo prevê o corte de secretarias e a extinção de autarquias como o Departamento de Transportes Rodoviários do ERJ, o Detro, que ele chamou de câncer da corrupção no estado.
Com tantos desmandos, o combate à segurança tornou-se prioritário, em detrimento da educação. “Hoje, 40% da folha do estado vão para a segurança e 25% para a educação. Se não mudarmos essa gangorra, vamos enxugar gelo até morrer”, disse. Para o candidato do partido Novo, o cenário político vive um momento curioso. “Agora, ser radical é ser liberal, é dizer: ‘Chega de um estado que faz muita coisa mal. Que não faz saneamento, que adoece as pessoas. Chega dessa Cedae dita pública, que não cumpre seu papel público’”, completou.
Trindade afirmou que o Rio de Janeiro precisa de R$ 30 bilhões para sanear a metade do estado que não tem saneamento, e a Cedae não investe nem R$ 200 milhões por ano. Por isso, a privatização é a melhor solução para garantir que a empresa cumpra seu papel. O mesmo deve acontecer com outras empresas públicas que, aplicando mal seus recursos, mostram apenas ineficiência e gastos desnecessários. Esse tipo de sistema não tem mais razão de existir. “Por isso eu saí de casa, porque eu me cansei desse discurso vazio, ideológico e não lógico. Um discurso que defende um estado que não provê nada para a maioria da população, só para uma minoria”, afirmou.
Trindade reforçou que ninguém deve ter medo do capital privado, única fonte de recursos para desenvolver o Rio. “Quem tem medo do dinheiro privado são pessoas que se encontram com o dinheiro privado de madrugada”, citou.
O candidato foi questionado por um dos alunos sobre as isenções fiscais concedidas pelo governo do estado a inúmeras empresas. Ele respondeu que, se for eleito, fará uma auditoria para verificar o cumprimento das contrapartidas, mas sem interromper pagamento. “No governo do Partido Novo, conta devida é conta paga, a começar pelos servidores, que não ficarão sem receber seus salários”, garantiu, criticando ainda os cortes de verbas pelo governo federal em pesquisa científica, lembrando que foi bolsista da Capes e sabe o quanto as bolsas de estudos são fundamentais. Segundo ele, é preciso cortar de outros lugares, como mordomias, assessores e jatinhos.