VOLTA REDONDA
O Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Federal Fluminense (NPJ-UFF), Campos Aterrado, recebeu na tarde de quinta-feira dia 27, mães da cidade e região, que aguardam a exumação dos corpos dos filhos mortos para serem sepultados nominalmente. O processo mais longo é de Lucimar Santos Souza, mãe de Pablo Santos de Souza, morto em 2018.
A dona de casa Alessandra Paulino, uma das primeiras ao iniciar o clamor em 2023, e Lucimar Santos, acompanhada do marido Oséias Correia de Souza, nos primeiros momentos do encontro relataram suas dores dos lutos continuados.
Além delas, outras mães fizeram seus desabafos entre soluços e lágrimas, que foram ouvidos durante cerca de uma hora pelos representantes do NPJ e do Movimento Pela Ética na Política (MEP), que esteve presente no evento. “Enquanto eu não enterrar meu filho, não vou ter saúde”. “Vou dormir, não consigo, fíco vendo meu filho pela casa”. “Enterraram meu filho como indigente, quero enterrá-lo com gente”. “ Os meus netos ficam me perguntando: Vó o papai vai voltar!”. “Até o ano passado os policiai entravam em minha procurando meu filho e eu falava que ele está morto, mas eles não acreditavam em mim”.
Após ouvir as falas e analisas as informações trazidas pelas mães sobre os processos, a advogada e professora da UFF, Vanessa Terrade, sistematizou os encaminhamentos. Segundo ela, os próximos passos são contatar os advogados das partes e agendar reunião conjunta com o magistrado do processo para a próxima semana; dar sequência à estruturação da cartilha orientativa para os casos de não reconhecimento imediato das pessoas mortas, organizada pelo convênio NPJ e o Instituto Médico Legal (IML; iniciar articulação para criação de uma associação das mães enlutadas em Vota redonda e, por fim, encaminhar o relatório do encontro ao Conselho Municipal dos Direitos Humanos em Volta Redonda.
No final do encontro, as participantes se demonstraram confiantes. “Saio mais animada daqui, se não fosse essa ajuda acho que o processo ia demorar muito mais. O apoio anima. Recomendo às mães que passam pelo mesmo problema corram atrás dos seus direitos. Nós temos direito”, finalizou Lucimar.