Jordão fala de importância de revisão da Esec-Tamoios visando ecoturismo sustentável

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ANGRA DOS REIS

Na última semana, o presidente da República Jair Bolsonaro (PSL) disse que pretende transformar a Baía de Angra dos Reis em uma “nova Cancún”, uma referência ao balneário mexicano conhecido internacionalmente pela beleza das praias e os grandes resorts. Mencionou que para isso pretendia revogar o decreto que criou a Estação Ecológica de Tamoios, que corresponde a 29 pontos geográficos (entre ilhas, ilhotas e lajes), dentro da Baía da Ilha Grande, de Angra dos Reis a Paraty. A afirmação gerou alguns receios de que aconteceria um desequilíbrio ambiental, já que uma unidade de conservação seria extinta. Em entrevista ao A VOZ DA CIDADE, o prefeito Fernando Jordão (MDB) e o secretário de Meio Ambiente, Mário Reis, foram incisivos em afirmar que isso não aconteceria já que não existe a possibilidade de desenvolver a Costa Verde, sem o equilíbrio ambiental.

“Nós podemos ser protagonistas em fazer com que a Baía de Angra seja uma nova Cancún. Temos um potencial enorme ali”, disse o presidente Bolsonaro. O prefeito Fernando Jordão (MDB) destacou que já não é de hoje que estão trabalhando para que os gargalos sejam destravados visando o desenvolvimento sustentável e o ecoturismo na Baía da Ilha Grande. “Angra dos Reis, Paraty e Mangaratiba já conversam há algum tempo sobre isso. O ecoturismo só vai se desenvolver em região preservada. Se perdermos nossa ecologia, perdemos tudo. Angra dos Reis é muito melhor do que Cancún ou Caribe”, afirmou.

O secretário de Meio Ambiente, Mário Reis, lembrou que derrubar o decreto já existente não é possível, mas um projeto de lei poderia flexibilizar para melhoria da qualidade ambiental.   A Estação Ecológica de Tamoios (Esec) é uma unidade de conservação federal de proteção integral. O local ocupa 5,69% da Baía da Ilha Grande  e foi criado para atender a dispositivo legal que determina que todas as usinas nucleares deverão ser localizadas em áreas delimitadas como estações ecológicas. Na área estão proibidas a pesca, o mergulho, a navegação de embarcações e a construção de qualquer tipo de estrutura como forma de preservar o ecossistema, que inclui ao menos dez espécies de peixes ameaçadas de extinção.

Mário Reis esclareceu que a Esec – Tamoios foi criada na década de 90 visando atender ao dispositivo de um decreto da década de 80, que falava sobre a localização de usinas nucleares e foi criado como forma de monitoramento para que essas áreas fossem protegidas e estudadas contra possíveis impactos que poderiam ocorrer no entorno da usina. “Foi criado então no seu plano de manejo uma área de influência de um raio de um quilômetro de espelho d’água, não apenas as ilhas. Na fase inicial era proibido o tráfego por essa área virtual, pois não tem demarcação física. Voltaram atrás porque comunidades de Paraty ficariam isoladas, sem conseguir acessar suas residências, por isso retiraram a restrição do tráfego nessa área”, explicou o secretário.

Ele exemplificou um conflito gerado com as restrições da Esec de Tamoios. O maior resort de Angra dos Reis é o Vila Gale e não pode ter um píer para embarque e desembarque, pois o espelho de água – em frente ao empreendimento – está dentro da área da influência, onde as restrições vigoram. “O ecoturismo é a única atividade que nós podemos ofertar e isso só é possível com qualidade ambiental. Precisamos direcionar nossa região para o turismo sustentável. As pessoas estão dizendo que as unidades de preservação vão diminuir e não é isso. Queremos que sejam ampliadas, só que para uma unidade de conservação que permita o ecoturismo, com atividades de baixo impacto ou impacto insignificante. Por exemplo, o mergulho recreativo não tem impacto algum, só contemplação”, esclareceu Reis.

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